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A nova onda de IPOs de martechs e mídia já começou no Brasil

"As martechs são hoje um bicho com tentáculos que se estendem do marketing propriamente dito ao varejo digital, sem escala e de forma direta"

IPO da Locaweb: fundada há 22 anos, empresa tem ascensão meteórica na bolsa e valor quintuplica em um ano (Cauê Diniz/B3/Divulgação)
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marianamartucci

Publicado em 9 de março de 2021 às 16h31.

Se você perguntar à maior parte dos fundos de investimento hoje no Brasil se eles desejam ou têm tese de investimento em empresas de martech, mídia e comunicação eles dirão o seguinte: blaaargh!!!

Isso ocorre por dois motivos:

1) eles, de fato, tem razões para acreditar que esse ambiente, dada a inevitável constatação mercadológica de que empresas de marketing, comunicação e mídia estarem dissolvendo, constituem-se em um destino nada atraente para suas apostas financeiras e aportes de capital;

2) eles estão comendo um bola enorme, porque não está sendo capazes de perceber que esse movimento, de resto relevante e determinante, está sendo superado no tempo e está dando lugar a outro, maior, mais relevante e mais sustentável, que é o desse setor estar superando esse seu downturn e entrando, de vez e aceleradamente, no âmbito dos segmentos de negócio que resolveu fazer sua transformação digital de forma profunda e sem volta; e que isso o torna a próxima onda dos investimentos promissores, porque está no coração da vida das pessoas e nos planos futuros das maiores empresas globais. No Brasil também.

Explico tudinho.Mas antes, duas constatações.

Locaweb fez seu IPO e é uma empresa de martech. Veja, martech é hoje um bicho com tentáculos que se estendem do marketing propriamente dito ao varejo digital, sem escala e de forma direta. Uma parte das plataformas e soluções da Locaweb é de infra-estrutura para o varejo e a indústria, outra parte é de comunicação, como soluções de email marketing.

A outra evidência, mais recente, foi o IPO da Eletromidia, o primeiro da indústria de comunicação propriamente dita. Só que a Eletromidia é uma empresa de martech e comunicação. Usa infraestruturas digitais para a distribuição de comunicação comercial e hoje integra o mundo Out Of Home com o mundo físico, através da interligação com o ambiente mobile e geolocalizado. A Eletromídia, se fizer seu trabalho direitinho e não dormir no ponto, pode se transformar num dos pólos de desenvolvimento das cidades conectadas e inteligentes, surfando a onda do 5G, que bate já na nossa praia.

Uma empresa assim quebra paradigmas antiquados de que mídia e comunicação são setores em fase de declínio, apontando exatamente para o sentido e vetor contrário: será exatamente esse um dos setores que mais irão alavancar os negócios de boa parte das empresas globais de agora em diante.

Toda a indústria telecom está já se transformando em uma indústria de comunicação e mídia. Todo o varejo se volta para a incorporação de plataformas de conteúdos e comunicação, porque sabe que eles são hubs de geração de tráfego, retenção e conversão de vendas. O mercado financeiro virou notório comprador e investidor de empresas de conteúdo, tornando-se, ele também, num setor de marketing, comunicação e mídia.

Os mais recentes IPOs de empresas de marketplaces é outro exemplo disso, todos também buscando hoje assets de comunicação para embedar a seu portfolio de serviços, porque se você tem um público cativo com quem possa conversar diretamente em um ambiente controlado e proprietário de ativação e dados, você vira o rei do pedaço junto a seu público consumidor e comprador.

Até mesmo a indústria automotiva se prepara para o momento em que deixará de apenas vender carros para tornar-se, adicionalmente, em um setor de mídia e comunicação, já que automóveis serão centros de entretenimento também. A remanescente indústria da mídia está, ela mesma, digitalizando-se e deixando para trás seus legados estritamente offline para se transformar em um conjunto mais updated de plataformas de conteúdo, comunicação, mídia e marketing digital. Caso da Eletromidia, por exemplo.

Outros IPOs nessa mesma linha virão, aposto, pelos motivos que citei acima.

Talvez o mercado de investimentos não tenha ainda percebido que não existem mais caixinhas e que verticais aparentemente isoladas estão hoje se misturando e se integrando a outras áreas de negócio que lhe são essenciais e complementares, sendo toda essa área de comunicação, marketing e mídia uma cola que pode grudar os mais variados setores da economia, porque é ela que conversa com as audiências, que, de resto, são a base de todos os negócios que conhecemos. Ou você conhece algum que não dependa de gente para sobreviver. Me mostre um, fico bem curioso de conhecer.

Uma hora ou outra, fundos e investidores em geral perceberão que a nova onda de IPOs será essa, desse setor coringa, que agora suportado por tecnologias como AR/VR, Inteligência Artificial, 5G, como já disse, Internet das Coisas, entre tantas outras, irá então integrar todas elas numa rede interconectada de conteúdos, comunicação, serviços, marketing e vendas.

Blaaargh? Think again.

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Se você perguntar à maior parte dos fundos de investimento hoje no Brasil se eles desejam ou têm tese de investimento em empresas de martech, mídia e comunicação eles dirão o seguinte: blaaargh!!!

Isso ocorre por dois motivos:

1) eles, de fato, tem razões para acreditar que esse ambiente, dada a inevitável constatação mercadológica de que empresas de marketing, comunicação e mídia estarem dissolvendo, constituem-se em um destino nada atraente para suas apostas financeiras e aportes de capital;

2) eles estão comendo um bola enorme, porque não está sendo capazes de perceber que esse movimento, de resto relevante e determinante, está sendo superado no tempo e está dando lugar a outro, maior, mais relevante e mais sustentável, que é o desse setor estar superando esse seu downturn e entrando, de vez e aceleradamente, no âmbito dos segmentos de negócio que resolveu fazer sua transformação digital de forma profunda e sem volta; e que isso o torna a próxima onda dos investimentos promissores, porque está no coração da vida das pessoas e nos planos futuros das maiores empresas globais. No Brasil também.

Explico tudinho.Mas antes, duas constatações.

Locaweb fez seu IPO e é uma empresa de martech. Veja, martech é hoje um bicho com tentáculos que se estendem do marketing propriamente dito ao varejo digital, sem escala e de forma direta. Uma parte das plataformas e soluções da Locaweb é de infra-estrutura para o varejo e a indústria, outra parte é de comunicação, como soluções de email marketing.

A outra evidência, mais recente, foi o IPO da Eletromidia, o primeiro da indústria de comunicação propriamente dita. Só que a Eletromidia é uma empresa de martech e comunicação. Usa infraestruturas digitais para a distribuição de comunicação comercial e hoje integra o mundo Out Of Home com o mundo físico, através da interligação com o ambiente mobile e geolocalizado. A Eletromídia, se fizer seu trabalho direitinho e não dormir no ponto, pode se transformar num dos pólos de desenvolvimento das cidades conectadas e inteligentes, surfando a onda do 5G, que bate já na nossa praia.

Uma empresa assim quebra paradigmas antiquados de que mídia e comunicação são setores em fase de declínio, apontando exatamente para o sentido e vetor contrário: será exatamente esse um dos setores que mais irão alavancar os negócios de boa parte das empresas globais de agora em diante.

Toda a indústria telecom está já se transformando em uma indústria de comunicação e mídia. Todo o varejo se volta para a incorporação de plataformas de conteúdos e comunicação, porque sabe que eles são hubs de geração de tráfego, retenção e conversão de vendas. O mercado financeiro virou notório comprador e investidor de empresas de conteúdo, tornando-se, ele também, num setor de marketing, comunicação e mídia.

Os mais recentes IPOs de empresas de marketplaces é outro exemplo disso, todos também buscando hoje assets de comunicação para embedar a seu portfolio de serviços, porque se você tem um público cativo com quem possa conversar diretamente em um ambiente controlado e proprietário de ativação e dados, você vira o rei do pedaço junto a seu público consumidor e comprador.

Até mesmo a indústria automotiva se prepara para o momento em que deixará de apenas vender carros para tornar-se, adicionalmente, em um setor de mídia e comunicação, já que automóveis serão centros de entretenimento também. A remanescente indústria da mídia está, ela mesma, digitalizando-se e deixando para trás seus legados estritamente offline para se transformar em um conjunto mais updated de plataformas de conteúdo, comunicação, mídia e marketing digital. Caso da Eletromidia, por exemplo.

Outros IPOs nessa mesma linha virão, aposto, pelos motivos que citei acima.

Talvez o mercado de investimentos não tenha ainda percebido que não existem mais caixinhas e que verticais aparentemente isoladas estão hoje se misturando e se integrando a outras áreas de negócio que lhe são essenciais e complementares, sendo toda essa área de comunicação, marketing e mídia uma cola que pode grudar os mais variados setores da economia, porque é ela que conversa com as audiências, que, de resto, são a base de todos os negócios que conhecemos. Ou você conhece algum que não dependa de gente para sobreviver. Me mostre um, fico bem curioso de conhecer.

Uma hora ou outra, fundos e investidores em geral perceberão que a nova onda de IPOs será essa, desse setor coringa, que agora suportado por tecnologias como AR/VR, Inteligência Artificial, 5G, como já disse, Internet das Coisas, entre tantas outras, irá então integrar todas elas numa rede interconectada de conteúdos, comunicação, serviços, marketing e vendas.

Blaaargh? Think again.

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