Antes do IPO, Stone precisa arrumar a casa
A empresa é descrita por funcionários e ex-funcionários como “uma verdadeira bagunça”
Publicado em 19 de janeiro de 2018 às, 17h43.
Última atualização em 26 de outubro de 2018 às, 11h47.
Como se tornou público nesta sexta-feira, a processadora de pagamentos com cartões Stone se prepara para uma oferta inicial de ações (IPO) em Nova York ainda este ano. Para chegar lá, entretanto, precisa resolver problemas de gestão e organização. Com um crescimento acelerado nos últimos anos, a empresa é descrita por funcionários e ex-funcionários como “uma verdadeira bagunça”. O faturamento da controladora foi de 55,52 milhões de reais em 2016, quase cinco vezes maior que o do ano anterior. O prejuízo em 2016 foi de 6,54 milhões de reais.
Segundo funcionários, é comum a empresa ter de lidar com transações feitas para contas erradas, já que o processo de transferência para a conta de clientes é manual. Entre os problemas mais recentes, em outubro uma falha deixou o sistema da empresa fora do ar por algumas horas. Como resultado, a empresa demitiu cerca de 50 funcionários da área de tecnologia no começo de novembro. “Fui demitido sem nunca ter recebido um feedback de que meu trabalho não estava bom”, diz um ex-funcionário. Ex-funcionários reclamam ainda da carga de trabalho, da pressão e dos baixos salários em comparação a outras empresas do mesmo segmento.
Procurada, a empresa afirma que "todo o mercado de adquirência passou por uma mudança para se adequar as novas normas do Banco Central, que envolviam fazer pagamentos através da CIP - Câmara interbancária de pagamentos. Todos os players de adquirência e todos os bancos tiveram que se adequar, e isto promoveu algumas falhas de operação de todos os lados que acabaram prejudicando os lojistas". A Stone afirma que os desligamentos aconteceram, mas não tiveram a ver com falhas de pagamentos e sim com uma área que foi reestruturada. Quanto aos pagamentos manuais, a companhia afirma que são feitos em última instância, quando é preciso fazer ajustes por falhas no processamento dos bancos. Quanto a reclamação de trabalhadores a empresa afirma que cumpre “toda a legislação trabalhista e temos diversos canais internos para as pessoas se expressarem e denunciarem qualquer problema interno.”