Abertura do mercado coloca fabricantes de arma em pé de guerra
A Glock ofereceu seu armamento por 395 dólares a unidade, o que levou concorrentes a questionarem os preços baixos
Publicado em 16 de janeiro de 2019 às, 15h06.
Última atualização em 16 de janeiro de 2019 às, 15h14.
Com a possível abertura do mercado de armas brasileiro, como prometido pelo presidente Jair Bolsonaro, a disputa entre as grandes fabricantes globais já esquentou no país. A austríaca Glock venceu no fim de 2018 um edital do Gabinete de Intervenção Federal e vai fornecer 27.424 pistolas .40 às forças de segurança do Rio de Janeiro, num contrato de 40 milhões de reais.
A Glock ofereceu seu armamento por 395 dólares a unidade, 29 dólares a menos que a segunda melhor proposta, da americana Sig Sauer. Depois da divulgação do resultado, tanto a Sig Sauer quanto a terceira participante, a também americana CTU, entraram com recursos questionando o preço baixo oferecido pela Glock.
Em sua defesa, a Glock afirma que vendeu as armas no Rio a um preço competitivo dada a importância do edital, uma prática usada mundo afora nesse mercado. O contrato do Rio de Janeiro ganha importância por causa de um dispositivo da lei de licitações que incentiva a padronização dos produtos adquiridos pelo Poder Público. Isso abre a possibilidade de a Glock se tornar a pistola-padrão no estado. O Gabinete de Intervenção Federal aceitou os argumentos da fabricante austríaca e encerrou o caso, ratificando o resultado.
Mas a história não acabou. A Glock entrou com uma representação criminal contra a Sig Sauer em que questiona as acusações e o caso pode evoluir para um processo por difamação. A Sig Sauer, por sua vez, entrou com um processo contra o Gabinete de Intervenção Federal para parar o processo de compra. A Glock já vendeu cerca de 70 000 armas para órgãos públicos brasileiros, entre eles a Polícia Federal. Procuradas, as empresas não comentaram.