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Você sabe o porquê investe?

Sócio-diretor da Andaluz Investimentos, Victor Gaioso, fala sobre aspectos importantes sobre investir e se planejar

Investimentos: entenda a importância de investir e se planejar (Olga Kriukova/Getty Images)
PE
Panorama Econômico

Panorama Econômico

Publicado em 25 de setembro de 2023 às 14h13.

Nos últimos anos, temos observado um crescente interesse por parte das pessoas em conhecer o mercado financeiro e aprender a investir. Esse fenômeno tem se disseminado amplamente entre os brasileiros à medida que a conscientização sobre a importância de cuidar das finanças pessoais e buscar alternativas de investimento aumenta. Mais indivíduos estão buscando conhecimento e habilidades para participar ativamente do mercado financeiro. “Qual o melhor investimento?” está entre as principais buscas realizadas no Google mas, em minha humilde opinião, a pesquisa correta seria “Qual o melhor investimento para mim?”

Essa questão reveste-se de significativa relevância, uma vez que, no meio da miríade de carteiras recomendadas e milhares de ativos disponíveis para alocação, é fácil negligenciar o fato de que os investimentos são ferramentas de multiplicação, cada qual com um papel específico em um portfólio. Quando não estabelecemos a conexão entre o ato de investir e o porquê de investir, corremos o risco de construir carteiras desalinhadas com nossas necessidades. Portanto, isso ressalta a importância crucial de elaborar um planejamento financeiro antes de adentrar no mundo dos investimentos. Afinal, como vamos traçar estratégias se não entendemos a fundo nossos objetivos? Como escolher o melhor caminho sem entender aonde se quer chegar? Alguns aspectos importantes que devem ser contemplados por um planejamento financeiro são:

Cada indivíduo tem vontades diferentes e por isso o planejamento deve provocar uma reflexão individual quanto aos objetivos de curto, médio e longo prazo de uma pessoa. Ao traduzirmos isso para termos financeiros, a soma de todos esses pontos irá gerar um valor a ser alcançado e, a partir daí, é possível começar a traçar estratégias para o caminho a ser seguido.

Esse número deve abranger nossas aspirações de qualidade de vida e a busca pela independência financeira - tema que sempre foi importante e tem se tornado cada vez mais relevante dada a pressão previdenciária em que o Brasil se encontra atualmente.

A distinção fundamental entre aposentadoria e independência financeira reside no fato de que o primeiro diz respeito ao fim das atividades profissionais, enquanto o segundo se refere à capacidade de escolher continuar trabalhando ou não, uma vez que seus custos e padrão de vida podem ser sustentados pelos investimentos.

Existe uma relação direta entre o valor das economias mensais e o tempo disponível para alcançar um valor, ou seja, o tempo pode ser seu maior aliado ou seu maior inimigo. Imagine que se deseja alcançar o valor de 1 milhão de reais em um cenário de juros constantes de 1% a.m., os esforços mensais necessários para períodos diferentes seriam:

- 5 anos: R$ 12.244,45

- 10 anos: R$ 4.347,09

- 20 anos: R$ 1.010,86

É essencial considerar o esforço necessário, uma vez que o tempo disponível para alcançar um valor desejado é diretamente proporcional ao montante a ser economizado.

Ao longo de nossa trajetória, inevitavelmente, nos deparamos com eventos de alto risco completamente alheios ao nosso controle. Basta analisar os últimos três anos para constatar a ocorrência de situações como a pandemia, conflitos armados e crises na distribuição de componentes essenciais para as indústrias globais. Além disso, eventos de menor magnitude também se fazem presentes, mas não devem ser subestimados, pois têm o potencial de impactar adversamente a vida de um indivíduo específico. Diante dessas circunstâncias, surge a necessidade de uma profunda reflexão, levando-nos a considerar:

- Quais ativos atuam como controladores de risco em meio a cenários de alto estresse?

- O que me protege de uma possível invalidez ou doença grave?

- Quais dispositivos protegem meu patrimônio de catástrofes naturais e outros eventos extremos?

- Como assegurar a dignidade de uma família após a falta repentina de um ou dois provedores sem que haja destruição do patrimônio conquistado?

- O que me protege de um investimento ou sociedade malfeitos?

Agora que compreendemos como acumular e resguardar nosso patrimônio de modo congruente com nossos objetivos, torna-se viável estimar os retornos que o mercado financeiro deve proporcionar para que esse processo se efetue de maneira otimizada. Com base nessa avaliação, podemos então conceber uma estratégia de investimento que esteja integralmente sintonizada com as necessidades individuais de uma família, bem como com sua capacidade e disposição para assumir riscos.

Diferentemente da consultoria de investimentos, não existe uma certificação obrigatória para se tornar um planejador financeiro, o que pode resultar em uma considerável disparidade na qualidade dos serviços oferecidos por diferentes profissionais. Portanto, é fundamental avaliar o histórico de experiência do candidato, verificar se ele está registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e se possui certificações pertinentes ao campo financeiro. Essas medidas auxiliarão na identificação de um planejador financeiro com sólida competência técnica e expertise, capaz de guiar o investidor ao longo de sua jornada com confiabilidade e eficácia.

A correlação entre "Consultoria de investimentos" e "Planejamento financeiro" é essencial na vida das famílias brasileiras. Uma consultoria eficiente apoia-se em um planejamento sólido, alinhando investimentos às metas de longo prazo e à proteção patrimonial. Essa integração otimiza o crescimento financeiro e a segurança econômica de cada família, tornando-se fundamental para alcançar estabilidade e sucesso financeiro.

* Victor Gaioso, Certified Financial Planner®, é consultor de valores mobiliários registrado na CVM e membro fundador da Associação Brasileira de Consultores de Valores Mobiliários. Atua na área de consultoria de investimentos, avaliação de empresas e planejamento financeiro para pessoas físicas e jurídicas.

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Nos últimos anos, temos observado um crescente interesse por parte das pessoas em conhecer o mercado financeiro e aprender a investir. Esse fenômeno tem se disseminado amplamente entre os brasileiros à medida que a conscientização sobre a importância de cuidar das finanças pessoais e buscar alternativas de investimento aumenta. Mais indivíduos estão buscando conhecimento e habilidades para participar ativamente do mercado financeiro. “Qual o melhor investimento?” está entre as principais buscas realizadas no Google mas, em minha humilde opinião, a pesquisa correta seria “Qual o melhor investimento para mim?”

Essa questão reveste-se de significativa relevância, uma vez que, no meio da miríade de carteiras recomendadas e milhares de ativos disponíveis para alocação, é fácil negligenciar o fato de que os investimentos são ferramentas de multiplicação, cada qual com um papel específico em um portfólio. Quando não estabelecemos a conexão entre o ato de investir e o porquê de investir, corremos o risco de construir carteiras desalinhadas com nossas necessidades. Portanto, isso ressalta a importância crucial de elaborar um planejamento financeiro antes de adentrar no mundo dos investimentos. Afinal, como vamos traçar estratégias se não entendemos a fundo nossos objetivos? Como escolher o melhor caminho sem entender aonde se quer chegar? Alguns aspectos importantes que devem ser contemplados por um planejamento financeiro são:

Cada indivíduo tem vontades diferentes e por isso o planejamento deve provocar uma reflexão individual quanto aos objetivos de curto, médio e longo prazo de uma pessoa. Ao traduzirmos isso para termos financeiros, a soma de todos esses pontos irá gerar um valor a ser alcançado e, a partir daí, é possível começar a traçar estratégias para o caminho a ser seguido.

Esse número deve abranger nossas aspirações de qualidade de vida e a busca pela independência financeira - tema que sempre foi importante e tem se tornado cada vez mais relevante dada a pressão previdenciária em que o Brasil se encontra atualmente.

A distinção fundamental entre aposentadoria e independência financeira reside no fato de que o primeiro diz respeito ao fim das atividades profissionais, enquanto o segundo se refere à capacidade de escolher continuar trabalhando ou não, uma vez que seus custos e padrão de vida podem ser sustentados pelos investimentos.

Existe uma relação direta entre o valor das economias mensais e o tempo disponível para alcançar um valor, ou seja, o tempo pode ser seu maior aliado ou seu maior inimigo. Imagine que se deseja alcançar o valor de 1 milhão de reais em um cenário de juros constantes de 1% a.m., os esforços mensais necessários para períodos diferentes seriam:

- 5 anos: R$ 12.244,45

- 10 anos: R$ 4.347,09

- 20 anos: R$ 1.010,86

É essencial considerar o esforço necessário, uma vez que o tempo disponível para alcançar um valor desejado é diretamente proporcional ao montante a ser economizado.

Ao longo de nossa trajetória, inevitavelmente, nos deparamos com eventos de alto risco completamente alheios ao nosso controle. Basta analisar os últimos três anos para constatar a ocorrência de situações como a pandemia, conflitos armados e crises na distribuição de componentes essenciais para as indústrias globais. Além disso, eventos de menor magnitude também se fazem presentes, mas não devem ser subestimados, pois têm o potencial de impactar adversamente a vida de um indivíduo específico. Diante dessas circunstâncias, surge a necessidade de uma profunda reflexão, levando-nos a considerar:

- Quais ativos atuam como controladores de risco em meio a cenários de alto estresse?

- O que me protege de uma possível invalidez ou doença grave?

- Quais dispositivos protegem meu patrimônio de catástrofes naturais e outros eventos extremos?

- Como assegurar a dignidade de uma família após a falta repentina de um ou dois provedores sem que haja destruição do patrimônio conquistado?

- O que me protege de um investimento ou sociedade malfeitos?

Agora que compreendemos como acumular e resguardar nosso patrimônio de modo congruente com nossos objetivos, torna-se viável estimar os retornos que o mercado financeiro deve proporcionar para que esse processo se efetue de maneira otimizada. Com base nessa avaliação, podemos então conceber uma estratégia de investimento que esteja integralmente sintonizada com as necessidades individuais de uma família, bem como com sua capacidade e disposição para assumir riscos.

Diferentemente da consultoria de investimentos, não existe uma certificação obrigatória para se tornar um planejador financeiro, o que pode resultar em uma considerável disparidade na qualidade dos serviços oferecidos por diferentes profissionais. Portanto, é fundamental avaliar o histórico de experiência do candidato, verificar se ele está registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e se possui certificações pertinentes ao campo financeiro. Essas medidas auxiliarão na identificação de um planejador financeiro com sólida competência técnica e expertise, capaz de guiar o investidor ao longo de sua jornada com confiabilidade e eficácia.

A correlação entre "Consultoria de investimentos" e "Planejamento financeiro" é essencial na vida das famílias brasileiras. Uma consultoria eficiente apoia-se em um planejamento sólido, alinhando investimentos às metas de longo prazo e à proteção patrimonial. Essa integração otimiza o crescimento financeiro e a segurança econômica de cada família, tornando-se fundamental para alcançar estabilidade e sucesso financeiro.

* Victor Gaioso, Certified Financial Planner®, é consultor de valores mobiliários registrado na CVM e membro fundador da Associação Brasileira de Consultores de Valores Mobiliários. Atua na área de consultoria de investimentos, avaliação de empresas e planejamento financeiro para pessoas físicas e jurídicas.

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