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Reserva financeira, classe subvalorizada no asset allocation

Saiba como a reserva financeira pode ajudar em momentos de crise

Quando é melhor montar uma reserva de oportunidade? (Nora Carol Photography/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2021 às 11h25.

O mercado financeiro é composto por diversas visões e estratégias, e isso é o que o torna dinâmico para o profissional na área.

Mas um dos temas mais controversos do mercado financeiro é a reserva de emergência. Geralmente, em períodos de alta e ou euforia ninguém lembra dela e, inclusive, uma influencer chegou a indicar fundos imobiliários para compor a reserva de emergência. Sim, isso aconteceu no final de 2019. Mas, em momento de queda da bolsa ou a própria perda do emprego do investidor, a classe “reserva de emergência” volta a ser lembrada. Para os que fizeram, um alívio. Para os que não fizeram, bate o arrependimento e muitas vezes aprendizado.

Como dizem, “Brasil não é para amadores”. Não precisamos nem mencionar a década de 80 com seus diversos planos econômicos e inflação galopante, que por sinal, fazia muito tempo que alguém não ganhava dinheiro com a compra de um carro no Brasil, mas isso é assunto para uma próxima conversa.

Vamos focar, hoje, nos últimos anos onde os mais de 1 milhão de novos investidores começaram: “Joesley Day”, “Greve dos Caminhoneiros”, “Impeachment”, “Eleições” e, recentemente, “Covid19” e “Reforma Tributária”. Todos os eventos acima trouxeram volatilidade ao mercado e para o investidor, que teve de migrar para a Renda Variável pela pífia rentabilidade da renda fixa – ele sentiu na pele o que são quedas de 10-30-e até 50% do patrimônio em pouco tempo.

Mas como a reserva financeira ajuda nesses casos? Vamos focar em três pontos.:

Primeiro: a rentabilidade pode ser baixa, mas a segurança e liquidez é alta. Quando você perde o emprego, por exemplo, a última coisa que quer pensar é como vai pagar as contas do próximo mês. Essa reserva traz paz de espírito para tomar decisões melhores em um momento horrível de vida.

Segundo: ter uma reserva financeira diminui a volatilidade da carteira como um todo, e uma das principais métricas de risco do mercado é, justamente, a volatilidade. Apesar de muitos acharem que o dinheiro que você deixou de ganhar porque o ativo “A ou Z” que você não tem na carteira valorizou, não é uma métrica de risco. Para ganhar, antes você precisa sobreviver ao mercado.

E o terceiro: a reserva passa a valer muito mais em períodos de crise. Aqueles seus R$50mil em reserva compravam 1.000 ações da Vale do Rio Doce em janeiro de 2020. Em março do mesmo ano, os mesmos R$ 50mil compravam 1.500 ações. E hoje, um ano e meio depois, por causa da grande demanda por minério do ferro a Vale se valorizou, os R$ 50mil compram apenas 440 ações. O melhor momento de comprar ações é, justamente, nas grandes quedas. É aí que a sua reserva financeira mais vale.

Não estou incentivando você a torrar sua reserva de emergência para comprar ações em momento de crise, mas gostaria de trazer um racional para essa categoria de ativo subvalorizada.

Podemos pensar na reserva em duas fases. A primeira é a intocável, o famoso “x meses de gastos mensais”. Tem gente que se sente confortável com seis meses, tem gente que se sente confortável com 12 meses. Aqui não tem certo ou errado, o tamanho dessa reserva é pessoal e psicológico, mas necessário existir no asset allocation. A segunda fase é a reserva para oportunidade. Eu gosto da métrica dos 10-20% da carteira para essa parte.

Mas, quando é melhor montar uma reserva de oportunidade?

A melhor hora para montar essa reserva de oportunidade é quando estamos felizes com o retorno da carteira. Geralmente, é nessa hora que os ativos estão sobrevalorizados e um novo aporte, ou reinvestimento dos dividendos, pode fazer mais sentido em Renda Fixa do que Renda Variável. Não precisa chegar nos 10-20% da carteira para essa reserva, justamente, porque ela é para oportunidades, se a oportunidade já existe, não tem por que aportar na reserva. Uma vez que a oportunidade não existe, começamos a fazer caixa e aumentamos a reserva para quando o mercado cair, termos dinheiro para fazer compras melhores.

Mladen Dragosavac, CFP®, é CGA e formado em Economia pela Facamp. Possui MBA em vendas e Marketing pela Inova Business School. Tem mais de 15 anos de mercado, e é fundador e CIO da Enso Gestão de patrimônio, Multi Family Office sediado em Campinas.

 

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O mercado financeiro é composto por diversas visões e estratégias, e isso é o que o torna dinâmico para o profissional na área.

Mas um dos temas mais controversos do mercado financeiro é a reserva de emergência. Geralmente, em períodos de alta e ou euforia ninguém lembra dela e, inclusive, uma influencer chegou a indicar fundos imobiliários para compor a reserva de emergência. Sim, isso aconteceu no final de 2019. Mas, em momento de queda da bolsa ou a própria perda do emprego do investidor, a classe “reserva de emergência” volta a ser lembrada. Para os que fizeram, um alívio. Para os que não fizeram, bate o arrependimento e muitas vezes aprendizado.

Como dizem, “Brasil não é para amadores”. Não precisamos nem mencionar a década de 80 com seus diversos planos econômicos e inflação galopante, que por sinal, fazia muito tempo que alguém não ganhava dinheiro com a compra de um carro no Brasil, mas isso é assunto para uma próxima conversa.

Vamos focar, hoje, nos últimos anos onde os mais de 1 milhão de novos investidores começaram: “Joesley Day”, “Greve dos Caminhoneiros”, “Impeachment”, “Eleições” e, recentemente, “Covid19” e “Reforma Tributária”. Todos os eventos acima trouxeram volatilidade ao mercado e para o investidor, que teve de migrar para a Renda Variável pela pífia rentabilidade da renda fixa – ele sentiu na pele o que são quedas de 10-30-e até 50% do patrimônio em pouco tempo.

Mas como a reserva financeira ajuda nesses casos? Vamos focar em três pontos.:

Primeiro: a rentabilidade pode ser baixa, mas a segurança e liquidez é alta. Quando você perde o emprego, por exemplo, a última coisa que quer pensar é como vai pagar as contas do próximo mês. Essa reserva traz paz de espírito para tomar decisões melhores em um momento horrível de vida.

Segundo: ter uma reserva financeira diminui a volatilidade da carteira como um todo, e uma das principais métricas de risco do mercado é, justamente, a volatilidade. Apesar de muitos acharem que o dinheiro que você deixou de ganhar porque o ativo “A ou Z” que você não tem na carteira valorizou, não é uma métrica de risco. Para ganhar, antes você precisa sobreviver ao mercado.

E o terceiro: a reserva passa a valer muito mais em períodos de crise. Aqueles seus R$50mil em reserva compravam 1.000 ações da Vale do Rio Doce em janeiro de 2020. Em março do mesmo ano, os mesmos R$ 50mil compravam 1.500 ações. E hoje, um ano e meio depois, por causa da grande demanda por minério do ferro a Vale se valorizou, os R$ 50mil compram apenas 440 ações. O melhor momento de comprar ações é, justamente, nas grandes quedas. É aí que a sua reserva financeira mais vale.

Não estou incentivando você a torrar sua reserva de emergência para comprar ações em momento de crise, mas gostaria de trazer um racional para essa categoria de ativo subvalorizada.

Podemos pensar na reserva em duas fases. A primeira é a intocável, o famoso “x meses de gastos mensais”. Tem gente que se sente confortável com seis meses, tem gente que se sente confortável com 12 meses. Aqui não tem certo ou errado, o tamanho dessa reserva é pessoal e psicológico, mas necessário existir no asset allocation. A segunda fase é a reserva para oportunidade. Eu gosto da métrica dos 10-20% da carteira para essa parte.

Mas, quando é melhor montar uma reserva de oportunidade?

A melhor hora para montar essa reserva de oportunidade é quando estamos felizes com o retorno da carteira. Geralmente, é nessa hora que os ativos estão sobrevalorizados e um novo aporte, ou reinvestimento dos dividendos, pode fazer mais sentido em Renda Fixa do que Renda Variável. Não precisa chegar nos 10-20% da carteira para essa reserva, justamente, porque ela é para oportunidades, se a oportunidade já existe, não tem por que aportar na reserva. Uma vez que a oportunidade não existe, começamos a fazer caixa e aumentamos a reserva para quando o mercado cair, termos dinheiro para fazer compras melhores.

Mladen Dragosavac, CFP®, é CGA e formado em Economia pela Facamp. Possui MBA em vendas e Marketing pela Inova Business School. Tem mais de 15 anos de mercado, e é fundador e CIO da Enso Gestão de patrimônio, Multi Family Office sediado em Campinas.

 

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