Porque investir no exterior em 2022
A volatilidade seguirá presente, e o cenário político-eleitoral será mais um componente a afetar os mercados, além da inflação, política monetária e do PIB
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2022 às 08h00.
Por Humberto Cárcamo*
Estamos entrando em 2022, ano eleitoral, e tal como em eleições passadas, a deste ano promete mexer com os mercados, e certamente afetará os investimentos da maioria dos brasileiros. A volatilidade seguirá presente, e o cenário político-eleitoral será mais um componente importante a afetar os mercados, além da inflação, política monetária e crescimento econômico.
Analisando o perfil dos investidores, vemos que a maioria esmagadora investe somente de forma doméstica. Os assessores e consultores de investimentos que propõem a seus clientes a diversificação de ativos, muitas vezes falham ao não considerar a componente moeda/geografia como mais uma possibilidade de diversificação e redução de exposição ao risco da carteira dos seus clientes. No máximo indicam um fundo cambial, e com pequena exposição, o que se mostra insuficiente para criar uma proteção real para a carteira.
Felizmente, para o pequeno e médio investidor, surgiram nos últimos 3 anos várias alternativas para investir no exterior em diferentes classes de ativos, mesmo que o investidor tenha apenas reais. Inicialmente, várias corretoras e plataformas de investimentos, começaram a oferecer fundos de gestores internacionais. Alguns gestores locais, de diferentes tamanhos, também passaram a incluir ativos estrangeiros em seus fundos multimercados, e criaram alguns fundos específicos para investimentos em BDRs (Brazilian Depositary Receipts) ou ações no exterior. Por último, a B3 iniciou seu bem-sucedido lançamento de BDRs, e conseguiu persuadir a CVM a aliviar as restrições na regulamentação, permitindo compras em pequenas quantidades desses recibos de ações de empresas estrangeiras, o que provocou um grande crescimento na negociação e liquidez dos principais BDRs. Os ETFs (Exchange Traded Funds, fundos que agrupam diferentes ativos) de mercados internacionais, e de moedas cripto contribuíram ainda mais para aumentar as opções de investimentos.
No entanto, a diversificação de moeda/mercados só se efetiva realmente quando o investidor migra parte de seus recursos para o exterior, e os mantém lá. Investir diretamente no exterior é totalmente legal, desde que devidamente declarado à Receita Federal, e pode ser feito diretamente com bancos locais e internacionais, enviando os recursos via Banco Central.
Se formos analisar para períodos longos a performance do índice Bovespa contra o índice acionário mais importante do mundo, o S&P500, vemos que quase sempre o S&P500 traz melhores retornos. A razão, como muitos sabem, é o fato de a economia americana ser mais dinâmica e aberta ao risco do que a brasileira. Como exemplo, basta ver as mudanças no ranking das principais empresas dos EUA, por capitalização, e compará-las com o Brasil.
No ano 2000, as cinco maiores empresas dos EUA eram basicamente industriais, e da velha economia. A única tecnológica que aparecia era a Microsoft, que continua lá até hoje. A empresa mais valiosa do mundo nos últimos 3 anos é a Apple, que recentemente alcançou o valor de mercado de US$3 Trilhões, quase o dobro do PIB do Brasil. E a Tesla, voltada para baterias e carros elétricos, saiu de uma startup para um valor de mais de US$1 Trilhão, em menos de 10 anos. Hoje todas as 5 maiores empresas do S&P500 são do ramo de tecnologia.
Já no Brasil, no ano 2000 a maioria das principais empresas era formada por estatais (Petrobras, Eletrobras), privatizadas como a Vale, e bancos como Banco do Brasil (também estatal), Itaú e Bradesco, e hoje seguem sendo as mesmas. A única novidade é o grande crescimento das empresas de proteína animal (JBS à frente) e de commodities (Suzano, Klabin e outras), por conta do sucesso do agronegócio brasileiro.
Outros mercados, como Europa, China e Mercados Emergentes, oferecem oportunidades específicas, mas carecem do apelo de um índice tão pujante e dinâmico como o S&P500. Taiwan, Coreia do Sul e o Sudeste Asiático podem ser alternativas para uma diversificação maior, mas utilizar como veículo um fundo de boa reputação dedicado a esses mercados é mais seguro do que tentar fazer o investimento diretamente neles. O mercado americano oferece fundos de investimentos dedicados a todos os mercados e setores econômicos, e buscar gestores com performance superior é recomendável.
Portanto, dado o momento político, social e econômico do Brasil, se torna mais importante do que nunca que o investidor reflita sobre os riscos que corre mantendo todos os seus ativos em apenas uma moeda, o real. Diversificar geograficamente nunca foi tão importante como hoje, e para isso é necessário que o investidor seja bem assessorado, que o seu consultor entenda o perfil de risco do cliente, buscando as melhores alternativas, e com alocações prudentes. Sem dúvida, a relação risco x retorno dos seus investimentos poderá se tornar mais positiva no médio-longo prazo.
*Humberto Cárcamo, CFP®, é sócio-fundador da Savvy Investimentos e consultor de valores mobiliários credenciado na CVM.
Por Humberto Cárcamo*
Estamos entrando em 2022, ano eleitoral, e tal como em eleições passadas, a deste ano promete mexer com os mercados, e certamente afetará os investimentos da maioria dos brasileiros. A volatilidade seguirá presente, e o cenário político-eleitoral será mais um componente importante a afetar os mercados, além da inflação, política monetária e crescimento econômico.
Analisando o perfil dos investidores, vemos que a maioria esmagadora investe somente de forma doméstica. Os assessores e consultores de investimentos que propõem a seus clientes a diversificação de ativos, muitas vezes falham ao não considerar a componente moeda/geografia como mais uma possibilidade de diversificação e redução de exposição ao risco da carteira dos seus clientes. No máximo indicam um fundo cambial, e com pequena exposição, o que se mostra insuficiente para criar uma proteção real para a carteira.
Felizmente, para o pequeno e médio investidor, surgiram nos últimos 3 anos várias alternativas para investir no exterior em diferentes classes de ativos, mesmo que o investidor tenha apenas reais. Inicialmente, várias corretoras e plataformas de investimentos, começaram a oferecer fundos de gestores internacionais. Alguns gestores locais, de diferentes tamanhos, também passaram a incluir ativos estrangeiros em seus fundos multimercados, e criaram alguns fundos específicos para investimentos em BDRs (Brazilian Depositary Receipts) ou ações no exterior. Por último, a B3 iniciou seu bem-sucedido lançamento de BDRs, e conseguiu persuadir a CVM a aliviar as restrições na regulamentação, permitindo compras em pequenas quantidades desses recibos de ações de empresas estrangeiras, o que provocou um grande crescimento na negociação e liquidez dos principais BDRs. Os ETFs (Exchange Traded Funds, fundos que agrupam diferentes ativos) de mercados internacionais, e de moedas cripto contribuíram ainda mais para aumentar as opções de investimentos.
No entanto, a diversificação de moeda/mercados só se efetiva realmente quando o investidor migra parte de seus recursos para o exterior, e os mantém lá. Investir diretamente no exterior é totalmente legal, desde que devidamente declarado à Receita Federal, e pode ser feito diretamente com bancos locais e internacionais, enviando os recursos via Banco Central.
Se formos analisar para períodos longos a performance do índice Bovespa contra o índice acionário mais importante do mundo, o S&P500, vemos que quase sempre o S&P500 traz melhores retornos. A razão, como muitos sabem, é o fato de a economia americana ser mais dinâmica e aberta ao risco do que a brasileira. Como exemplo, basta ver as mudanças no ranking das principais empresas dos EUA, por capitalização, e compará-las com o Brasil.
No ano 2000, as cinco maiores empresas dos EUA eram basicamente industriais, e da velha economia. A única tecnológica que aparecia era a Microsoft, que continua lá até hoje. A empresa mais valiosa do mundo nos últimos 3 anos é a Apple, que recentemente alcançou o valor de mercado de US$3 Trilhões, quase o dobro do PIB do Brasil. E a Tesla, voltada para baterias e carros elétricos, saiu de uma startup para um valor de mais de US$1 Trilhão, em menos de 10 anos. Hoje todas as 5 maiores empresas do S&P500 são do ramo de tecnologia.
Já no Brasil, no ano 2000 a maioria das principais empresas era formada por estatais (Petrobras, Eletrobras), privatizadas como a Vale, e bancos como Banco do Brasil (também estatal), Itaú e Bradesco, e hoje seguem sendo as mesmas. A única novidade é o grande crescimento das empresas de proteína animal (JBS à frente) e de commodities (Suzano, Klabin e outras), por conta do sucesso do agronegócio brasileiro.
Outros mercados, como Europa, China e Mercados Emergentes, oferecem oportunidades específicas, mas carecem do apelo de um índice tão pujante e dinâmico como o S&P500. Taiwan, Coreia do Sul e o Sudeste Asiático podem ser alternativas para uma diversificação maior, mas utilizar como veículo um fundo de boa reputação dedicado a esses mercados é mais seguro do que tentar fazer o investimento diretamente neles. O mercado americano oferece fundos de investimentos dedicados a todos os mercados e setores econômicos, e buscar gestores com performance superior é recomendável.
Portanto, dado o momento político, social e econômico do Brasil, se torna mais importante do que nunca que o investidor reflita sobre os riscos que corre mantendo todos os seus ativos em apenas uma moeda, o real. Diversificar geograficamente nunca foi tão importante como hoje, e para isso é necessário que o investidor seja bem assessorado, que o seu consultor entenda o perfil de risco do cliente, buscando as melhores alternativas, e com alocações prudentes. Sem dúvida, a relação risco x retorno dos seus investimentos poderá se tornar mais positiva no médio-longo prazo.
*Humberto Cárcamo, CFP®, é sócio-fundador da Savvy Investimentos e consultor de valores mobiliários credenciado na CVM.