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O novo tabuleiro global: desafios e oportunidades para os investidores 

Como as transformações geopolíticas e econômicas impactam os investimentos 

 (Divulgação)

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Panorama Econômico

Panorama Econômico

Publicado em 1 de abril de 2025 às 14h10.

Última atualização em 2 de abril de 2025 às 13h37.

Por Ronaldo Delevati*

 

O cenário global está sendo fortemente moldado por uma série de mudanças geopolíticas, comerciais e econômicas, que criam tanto desafios quanto oportunidades para os investidores. Desde a implementação de tarifas comerciais pelos Estados Unidos até o crescente poderio econômico e militar da China, além de transformações tecnológicas e instabilidade política, diversos fatores estão remodelando as dinâmicas globais. O contexto de uma possível recessão econômica e o enfraquecimento das alianças tradicionais exige que os investidores se ajustem, compreendendo as complexidades do novo tabuleiro global para minimizar riscos e aproveitar as oportunidades que surgem. 

Tarifas comerciais e seus impactos no mercado global 

A administração de Donald Trump impôs tarifas significativas sobre produtos como aço, alumínio e cobre, com o objetivo de reduzir a dependência dos fornecedores internacionais e proteger as indústrias domésticas dos EUA. A taxa média de tarifas impostas pelos EUA aumentou consideravelmente, especialmente sobre as importações da China, passando de aproximadamente 14% para 34%, conforme estimado pelo Departamento de Comércio dos EUA. 

O impacto dessas tarifas dependerá da duração dessas medidas, podendo gerar consequências negativas para o crescimento econômico e o aumento da inflação global, uma vez que os custos mais altos são repassados aos consumidores. 

O crescimento da china e a disputa por recursos estratégicos 

O crescimento militar e econômico da China está alterando as relações globais, especialmente no mercado de recursos críticos, incluindo o cobre, essencial para setores como eletrônica, construção e tecnologias verdes (como os carros elétricos). O país domina quase metade da produção mundial desse metal, posicionando-se estrategicamente como uma potência econômica. 

Essa dominância gera preocupações geopolíticas, afetando o equilíbrio global e as relações comerciais internacionais. A busca da China por controlar a produção de cobre e outros recursos essenciais levanta questões sobre o futuro das dinâmicas comerciais globais, especialmente nos países produtores e consumidores desses materiais. 

Para os investidores, compreender como essas transformações impactam os mercados financeiros é fundamental, pois a China continua a consolidar seu papel como superpotência, influenciando diretamente setores-chave da economia global. 

Tensões geopolíticas e o papel da tecnologia na guerra moderna 

O mundo vive um período de intensos conflitos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, os embates no Oriente Médio e os ataques entre Irã, Hezbollah, Hamas e Israel. Esses eventos demonstram o uso crescente de drones e inteligência artificial (IA) nas estratégias de guerra. 

Países como Rússia, Ucrânia, EUA e China estão investindo fortemente nessa tecnologia, que se tornou um elemento central nas batalhas modernas. O domínio dos drones com IA pode, de fato, se tornar um fator determinante em uma possível Terceira Guerra Mundial, definindo quem terá a vantagem estratégica. 

Esse novo modelo de guerra também abre oportunidades de investimento nos setores de defesa e segurança cibernética, uma vez que as tensões geopolíticas impactam profundamente a segurança global, tornando-a um fator crítico nas decisões de investimento. 

Política monetária e seus efeitos nos investimentos 

Em termos de política monetária, o ambiente econômico global está sendo afetado pela abordagem cautelosa do Federal Reserve (FED), que mantém as taxas de juros altas devido à incerteza econômica e aos potenciais efeitos das tarifas comerciais sobre a inflação. 

No Brasil, o Banco Central adota uma estratégia semelhante, o que eleva o custo do crédito e impacta o crescimento da economia. Para os investidores brasileiros, é importante ter um portfólio diversificado, incluindo títulos de renda fixa pós-fixados e atrelados à inflação, para proteger seus investimentos durante esse período de incertezas e volatilidade. 

Oportunidades de investimento no novo cenário global 

O cenário global continua em constante evolução, com transformações nas tarifas comerciais, o crescimento da China e o aumento dos gastos com defesa criando oportunidades de investimento. 

A adaptação a essas mudanças é crucial para os investidores, que devem buscar não apenas maximizar seus retornos, mas também proteger seus portfólios. Para aproveitar essas tendências, a diversificação geográfica e a atenção a setores emergentes, como tecnologia de defesa, segurança digital e IA, são estratégias essenciais para mitigar riscos e capturar crescimento. 

Investir em Exchange Traded Funds (ETFs) pode ser uma maneira eficiente de acessar setores específicos do mercado. ETFs são fundos de investimento que negociam na bolsa de valores, assim como as ações, mas, em vez de comprar uma única ação, o investidor adquire uma cesta de ações de diferentes empresas que pertencem a um determinado setor, como defesa, segurança cibernética ou outros segmentos emergentes. 

Isso permite que o investidor se exponha a uma variedade de empresas com um único investimento, diversificando seu portfólio de forma prática e com custos mais baixos. 

Além disso, investimentos em renda fixa e ouro podem atuar como amortecedores durante períodos de incerteza, oferecendo estabilidade e proteção ao portfólio. Ao adotar uma estratégia bem-informada e diversificada, os investidores estarão melhor preparados para os desafios do presente e mais bem posicionados para capturar oportunidades e alcançar seus objetivos financeiros de longo prazo. 

*Ronaldo Delevati é M.Sc. em Mercados Financeiros Internacionais pela University of Southampton. Também é consultor de investimentos registrado na CVM, planejador financeiro certificado CFP® com mais de 20 anos de experiência em grandes instituições financeiras e multinacionais. É Fundador da MoMA Family Office, empresa focada em Gestão Patrimonial e Consultoria de Investimentos e especialista em soluções estratégicas personalizadas para cada cliente.  

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