O déficit zero importa
Não se trata de ganância do mercado, o problema é muito maior do que parece
Redação Exame
Publicado em 16 de novembro de 2023 às 14h33.
Última atualização em 24 de novembro de 2023 às 16h31.
Por Gustavo Machado*
A política fiscal refere-se aos gastos do governo e as receitas recebidas através dos impostos. Quando o governo gasta mais do que arrecada, temos um déficit fiscal. Assim como 70% das famílias brasileiras, que gastam mais do que ganham (Febraban), quando o governo gasta mais do que arrecada, precisa recorrer ao endividamento. O aumento da dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), que alcançou 73,5% em 2022 (TCU), provoca incerteza em relação à solvência do governo, comprometendo a confiança dos agentes econômicos na estabilidade do país.
Antes de prosseguir, é importante explicar como o mercado avalia um investimento. A taxa de retorno requerida é composta pela inflação esperada e por um prêmio de risco. A incerteza com estabilidade do país faz os investidores – especialmente estrangeiros – exigirem um prêmio de risco maior, ou seja, uma taxa de retorno maior para investir nos títulos públicos brasileiros, elevando as taxas de juros desses ativos. Este é o cerne do problema fiscal.
A pressão sobre os juros futuros – que precifica os títulos públicos e privados – aumenta o custo de capital das empresas que captam recursos através do mercado financeiro com a emissão títulos, como as debêntures. A consequência disso é uma queda nos investimentos das empresas, ou seja, menor consumo de bens de capital, matéria prima e mão de obra, que reflete em menor crescimento econômico e maior desemprego.
Outro impacto relevante de uma política fiscal malconduzida é a inibição do investimento estrangeiro direto, o Brasil deixa de atrair capital de outros países. Houve uma queda de 36% no Investimento Estrangeiro Direto no país de janeiro a agosto do corrente ano (Banco Central).
Aqui temos mais um fator relevante no cenário atual: o problema fiscal não se limita ao nosso país, os EUA passam pela mesma situação, que quase levou o governo americano a literalmente fechar as portas no último trimestre do ano. Mas o que a política fiscal americana tem a ver com o Brasil? Tudo.
Assim como no Brasil, a política fiscal americana afeta as taxas de juros naquele país, que por sua posição dominante no mercado financeiro mundial, determina o retorno exigido para praticamente todos os ativos – prêmio de risco. Logo, o problema fiscal não se limita ao mercado interno, e sim ao mercado mundial.
O déficit fiscal e a dívida pública não são apenas números nas contas do governo, eles desencadeiam más expectativas dos agentes econômicos, taxas de juros elevadas, aumento de impostos, queda dos investimentos, do emprego, da renda e do crescimento econômico. Por isso, uma política que busca a estabilidade do país deve priorizar a responsabilidade fiscal, o déficit zero importa.
Nesse cenário de incerteza sobre a questão fiscal e risco no mundo inteiro, cresce a importância de investir com sabedoria, seguindo uma estratégia de investimentos sólida, bem diversificada e estatisticamente testada. A Musa Capital desenvolveu uma estratégia através de testes com diferentes classes de ativos e elabora portfólios personalizados levando em consideração o perfil de risco e os objetivos de cada família.
*Gustavo Machado é sócio fundador da Musa Capital, bacharel em economia e associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
Por Gustavo Machado*
A política fiscal refere-se aos gastos do governo e as receitas recebidas através dos impostos. Quando o governo gasta mais do que arrecada, temos um déficit fiscal. Assim como 70% das famílias brasileiras, que gastam mais do que ganham (Febraban), quando o governo gasta mais do que arrecada, precisa recorrer ao endividamento. O aumento da dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), que alcançou 73,5% em 2022 (TCU), provoca incerteza em relação à solvência do governo, comprometendo a confiança dos agentes econômicos na estabilidade do país.
Antes de prosseguir, é importante explicar como o mercado avalia um investimento. A taxa de retorno requerida é composta pela inflação esperada e por um prêmio de risco. A incerteza com estabilidade do país faz os investidores – especialmente estrangeiros – exigirem um prêmio de risco maior, ou seja, uma taxa de retorno maior para investir nos títulos públicos brasileiros, elevando as taxas de juros desses ativos. Este é o cerne do problema fiscal.
A pressão sobre os juros futuros – que precifica os títulos públicos e privados – aumenta o custo de capital das empresas que captam recursos através do mercado financeiro com a emissão títulos, como as debêntures. A consequência disso é uma queda nos investimentos das empresas, ou seja, menor consumo de bens de capital, matéria prima e mão de obra, que reflete em menor crescimento econômico e maior desemprego.
Outro impacto relevante de uma política fiscal malconduzida é a inibição do investimento estrangeiro direto, o Brasil deixa de atrair capital de outros países. Houve uma queda de 36% no Investimento Estrangeiro Direto no país de janeiro a agosto do corrente ano (Banco Central).
Aqui temos mais um fator relevante no cenário atual: o problema fiscal não se limita ao nosso país, os EUA passam pela mesma situação, que quase levou o governo americano a literalmente fechar as portas no último trimestre do ano. Mas o que a política fiscal americana tem a ver com o Brasil? Tudo.
Assim como no Brasil, a política fiscal americana afeta as taxas de juros naquele país, que por sua posição dominante no mercado financeiro mundial, determina o retorno exigido para praticamente todos os ativos – prêmio de risco. Logo, o problema fiscal não se limita ao mercado interno, e sim ao mercado mundial.
O déficit fiscal e a dívida pública não são apenas números nas contas do governo, eles desencadeiam más expectativas dos agentes econômicos, taxas de juros elevadas, aumento de impostos, queda dos investimentos, do emprego, da renda e do crescimento econômico. Por isso, uma política que busca a estabilidade do país deve priorizar a responsabilidade fiscal, o déficit zero importa.
Nesse cenário de incerteza sobre a questão fiscal e risco no mundo inteiro, cresce a importância de investir com sabedoria, seguindo uma estratégia de investimentos sólida, bem diversificada e estatisticamente testada. A Musa Capital desenvolveu uma estratégia através de testes com diferentes classes de ativos e elabora portfólios personalizados levando em consideração o perfil de risco e os objetivos de cada família.
*Gustavo Machado é sócio fundador da Musa Capital, bacharel em economia e associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)