Monitoramento de investimentos: saiba como proteger sua carteira diversificada. (Reprodução/Getty Images)
Panorama Econômico
Publicado em 1 de julho de 2025 às 23h09.
Por Marcelo Abud*
Como devo investir no atual cenário de incertezas geopolíticas e macroeconômicas? É normal que os investidores se perguntem: em quais ativos, diferentes dos que já tenho em carteira, devo me expor? Quais ativos devo reduzir, aumentar ou zerar minha exposição?
As famosas perguntas de “1 bilhão de dólares”, feitas diariamente por investidores. Essas perguntas fazem parte da abordagem de investimentos chamada Market Timing, que, apesar de super sedutora, é extremamente difícil de ser executada com maestria na prática.
Ao longo deste artigo, vamos mostrar qual a melhor estratégia a ser adotada e também o real motivo pelo qual os investidores, em geral, deveriam buscar uma maneira mais simples de alocar seus recursos, em vez de perder dinheiro e saúde mental tentando gerir ativamente seu patrimônio com movimentos arrojados.
Essa “vontade exacerbada” dos investidores de acreditar que conseguem prever tendências e executar movimentos com maestria pode ser encarada apenas como o famoso viés cognitivo Fear of Missing Out, traduzido como “medo de ficar de fora”. Em outras palavras, essa propensão a se movimentar buscando tendências — o Market Timing — nada mais é do que uma “massagem”: o próprio cérebro tentando evitar a dor de ver outras pessoas ganhando enquanto você não ganha.
Um estudo feito pelo JP Morgan sobre o S&P 500 mostrou que, se um investimento de US$ 10.000, entre 2003 e 2022, perdesse os 10 maiores dias de alta do período, o investidor abriria mão de um patrimônio final de US$ 64.844, ficando com menos da metade disso: US$ 29.708. Esse estudo nos mostra que é praticamente inviável tentar entrar e sair da bolsa após o início de uma tendência.
No livro Rápido e Devagar, Daniel Kahneman também cita o excesso de confiança — uma tendência humana de acreditar que se sabe mais do que realmente se sabe. O conceito WYSIATI (What You See Is All There Is), ou “o que você vê é tudo que existe”, citado na obra, ajuda a explicar esse excesso de confiança. Racionalmente, parece uma boa decisão tentar acertar os topos e fundos da bolsa, mas o horizonte de informações do investidor é curto. Assim, essa decisão, embora pareça racional, é racional apenas dentro desse horizonte limitado.
Em resumo, geralmente o investidor tende a acreditar que realmente pode prever tendências, e que operar os extremos da bolsa é a melhor opção para maximizar seus ganhos. Entretanto, essa abordagem é extremamente perigosa. Conseguir bater os mercados e prever movimentos macroeconômicos é extremamente difícil e complexo de se executar e, ao longo do tempo, pode ser danosa, trazendo prejuízos financeiros e mentais.
Então, como investir neste cenário?
A resposta é simples: menos tática, mais estratégia!
Ficou em dúvida? Vamos aos estudos novamente…
A política de alocação de ativos tem um papel essencial na rentabilidade das carteiras de investimento, sendo responsável por cerca de 90% da variabilidade dos retornos dos fundos estudados, segundo Ibbotson e Kaplan (2000). Esses resultados reforçam que a definição da estratégia de alocação de ativos tem grande impacto sobre os resultados das carteiras.
Além disso, outros estudos mostram que a gestão ativa dos investimentos tem pouca relevância para o sucesso do investidor. Em vez disso, uma boa alocação de ativos, bem desenhada de acordo com o perfil do investidor, é o grande diferencial para uma carteira vencedora ao longo do tempo.
Costumo dizer que dormir bem “não tem preço”. Se você não é um investidor profissional, a abordagem citada de Market Timing é uma das formas mais perigosas de gestão ativa.
Além disso, nada trará mais resultado financeiro do que sua atividade principal. O sucesso em sua vida virá se você direcionar suas energias para se desenvolver profissionalmente, cuidar da sua saúde, estar com a família e se divertir.
E seus investimentos, como ficam? Alocados em uma estratégia adequada ao seu perfil, desenhada por um bom profissional de confiança.
Objetivos, necessidades, vontades, medos e anseios: todas as variáveis devem ser analisadas para modelar a alocação de ativos ideal para o seu perfil. Além disso, essa alocação deve deixar o investidor tranquilo e livre de qualquer indício de medo sobre os riscos da carteira e a segurança dos investimentos.
Fazer o básico bem feito, no mundo dos investimentos, é possuir uma alocação estratégica adequada ao seu perfil, com um nível eficiente de diversificação. Entende-se por diversificação eficiente quando se atinge o verdadeiro benefício da diversificação: mitigação de riscos e redução da volatilidade do portfólio, sem excessos.
Para garantir decisões mais acertadas e tranquilidade financeira, é essencial contar com um bom profissional para analisar seu perfil de investidor e desenhar a estratégia mais adequada para você e seu futuro financeiro.
*Marcelo Abud, CGA, CGE, é Engenheiro de Produção formado pela FEI, com mais de nove anos de experiência no mercado de capitais. É gestor de recursos profissional habilitado pela CVM. Atualmente, atua como Sócio-Diretor e Consultor de Investimentos na Traxin Investimentos, auxiliando pessoas a investir de maneira inteligente, profissional e personalizada. Possui sólida experiência na gestão de carteiras de investimentos e também acumulou expertise em valuation, fusões e aquisições, entre outros temas de finanças corporativas.