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Não sabe alocar, não desce para o play!

Entenda este novo ciclo de volatilidade e como devemos nos comportar

(picture alliance/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de março de 2022 às 19h13.

Por Bernardo Goldsztajn

O que você faria se, em dezembro, algum alocador de recursos em qualquer lugar do mundo recomendasse a venda de dólares americanos, a compra de real brasileiro e dissesse que a bolsa brasileira subiria de posição com um prognóstico positivo para este ano, em pleno período pré-eleitoral?

Na primeira quinzena de fevereiro, iniciei a escrita deste artigo no qual iria comentar sobre os resultados econômicos negativos referentes ao mês de janeiro de 2022, principalmente oriundos dos Estados Unidos, que geraram      uma volatilidade muito alta devido a três fatores preponderantes: o início de um novo ciclo econômico elencado principalmente pela inflação; a iminência de aumento de juros e a finalização de um ciclo de estímulos monetários conhecido como “tapering”.

No entanto, vimos, do começo de janeiro até agora, o Ibovespa atuando com surpreendente recuperação mediante uma somatória de fatores, especialmente pela volta da China com sua voracidade na compra de commodities primárias, área para a qual o Brasil sempre teve forte vocação. Isso corroborou para que tivéssemos uma das      melhores rentabilidades em relação a outras bolsas no mundo, além da apreciação do real perante o dólar americano, apesar de nossos juros estarem em 10,25% ao ano e     com perspectiva      de mais um aumento na próxima reunião do banco central.

Em fevereiro, além dos fatores acima, o mercado internacional se deparou com a invasão da Rússia na Ucrânia e a temática da guerra ampliou ainda mais a volatilidade dos mercados, despertando o aumento de incertezas. Isso porque as especulações sobre os valores das commodities devem atrasar a redução dos preços de bens que ainda estavam sendo impactados pela inflação temporária, como chamamos o cenário causado pelo choque de oferta no      período pandêmico, quando o mundo ficou quase dois anos em redução abrupta de consumo.

O título desse artigo, para um bom entendedor, tem um objetivo provocativo para chamar atenção do investidor e dos profissionais do mercado também (e por que não?). Durante esses ciclos de incertezas, há a necessidade de sermos mais pacientes e mantermos os planos de longo prazo, ainda que certos ajustes de curto prazo se façam necessários para não esmorecermos       em situações pontuais.

Há estudos que demonstram que dentro de janelas móveis, caso um investidor tenha ficado algum período fora de posições direcionais de risco, os resultados podem apresentar perdas de até 50% abaixo do esperado, gerando uma enorme ineficiência para quem realmente quer ser um investidor que busca valorizar seu portfólio de forma contundente para atingir os objetivos de longo prazo.

Investir não é brincadeira e devemos saber os riscos aos quais podemos estar expostos, além das incertezas. Basta estar vivo para correr riscos, logo, é preciso aprender qual é o nosso limite e como devemos nos expor.

Entramos em um cenário de volatilidade onde uns aspectos são mais temporários e outros mais estruturais que podem perdurar por um período não determinado, mas observamos a abundância de liquidez na última década após passarmos pela crise de 2008, que gerou novas ofertas de produtos alternativos ilíquidos com excelentes projeções e retornos consistentes ao longo do tempo.

O fato é que o tempo passa para todos nós. Quem aproveitou os juros negativos, conseguiu resultados expressivos. Nesta nova fase com menos dinheiro na praça, o custo dele ficará mais alto e teremos novos desafios à frente. Esta é a vida do alocador de recursos; rentabilidade passada não é garantia futura, mas independentemente do cenário, sempre temos que      cuidar do que é nosso.

Let’s play!

Vamos alocar, eu vou, você não vem?

*Bernardo Goldsztajné Head de Wealth Management na Constância Investimentos. Com mais de 20 anos atuando no mercado financeiro, consultor de valores mobiliários pela CVM e formação com MBA pelo IBMEC. A área de Gestão de Patrimônio da Constância Investimentos é independente, com gestão de ativos domésticos e gestão internacional.

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Por Bernardo Goldsztajn

O que você faria se, em dezembro, algum alocador de recursos em qualquer lugar do mundo recomendasse a venda de dólares americanos, a compra de real brasileiro e dissesse que a bolsa brasileira subiria de posição com um prognóstico positivo para este ano, em pleno período pré-eleitoral?

Na primeira quinzena de fevereiro, iniciei a escrita deste artigo no qual iria comentar sobre os resultados econômicos negativos referentes ao mês de janeiro de 2022, principalmente oriundos dos Estados Unidos, que geraram      uma volatilidade muito alta devido a três fatores preponderantes: o início de um novo ciclo econômico elencado principalmente pela inflação; a iminência de aumento de juros e a finalização de um ciclo de estímulos monetários conhecido como “tapering”.

No entanto, vimos, do começo de janeiro até agora, o Ibovespa atuando com surpreendente recuperação mediante uma somatória de fatores, especialmente pela volta da China com sua voracidade na compra de commodities primárias, área para a qual o Brasil sempre teve forte vocação. Isso corroborou para que tivéssemos uma das      melhores rentabilidades em relação a outras bolsas no mundo, além da apreciação do real perante o dólar americano, apesar de nossos juros estarem em 10,25% ao ano e     com perspectiva      de mais um aumento na próxima reunião do banco central.

Em fevereiro, além dos fatores acima, o mercado internacional se deparou com a invasão da Rússia na Ucrânia e a temática da guerra ampliou ainda mais a volatilidade dos mercados, despertando o aumento de incertezas. Isso porque as especulações sobre os valores das commodities devem atrasar a redução dos preços de bens que ainda estavam sendo impactados pela inflação temporária, como chamamos o cenário causado pelo choque de oferta no      período pandêmico, quando o mundo ficou quase dois anos em redução abrupta de consumo.

O título desse artigo, para um bom entendedor, tem um objetivo provocativo para chamar atenção do investidor e dos profissionais do mercado também (e por que não?). Durante esses ciclos de incertezas, há a necessidade de sermos mais pacientes e mantermos os planos de longo prazo, ainda que certos ajustes de curto prazo se façam necessários para não esmorecermos       em situações pontuais.

Há estudos que demonstram que dentro de janelas móveis, caso um investidor tenha ficado algum período fora de posições direcionais de risco, os resultados podem apresentar perdas de até 50% abaixo do esperado, gerando uma enorme ineficiência para quem realmente quer ser um investidor que busca valorizar seu portfólio de forma contundente para atingir os objetivos de longo prazo.

Investir não é brincadeira e devemos saber os riscos aos quais podemos estar expostos, além das incertezas. Basta estar vivo para correr riscos, logo, é preciso aprender qual é o nosso limite e como devemos nos expor.

Entramos em um cenário de volatilidade onde uns aspectos são mais temporários e outros mais estruturais que podem perdurar por um período não determinado, mas observamos a abundância de liquidez na última década após passarmos pela crise de 2008, que gerou novas ofertas de produtos alternativos ilíquidos com excelentes projeções e retornos consistentes ao longo do tempo.

O fato é que o tempo passa para todos nós. Quem aproveitou os juros negativos, conseguiu resultados expressivos. Nesta nova fase com menos dinheiro na praça, o custo dele ficará mais alto e teremos novos desafios à frente. Esta é a vida do alocador de recursos; rentabilidade passada não é garantia futura, mas independentemente do cenário, sempre temos que      cuidar do que é nosso.

Let’s play!

Vamos alocar, eu vou, você não vem?

*Bernardo Goldsztajné Head de Wealth Management na Constância Investimentos. Com mais de 20 anos atuando no mercado financeiro, consultor de valores mobiliários pela CVM e formação com MBA pelo IBMEC. A área de Gestão de Patrimônio da Constância Investimentos é independente, com gestão de ativos domésticos e gestão internacional.

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