Investimentos disponíveis aos brasileiros com acessibilidade e abrangência
O crescimento da capacidade tecnológica de processar dados permitiu a criação de plataformas de investimento acessíveis a boa parte da população
Publicado em 21 de junho de 2021 às, 14h12.
Por Eduardo Oliveira
Há pouco mais de duas décadas qualquer investimento no Brasil, além da poupança, era um procedimento complexo em termos operacionais, e as alternativas disponíveis eram poucas e restritas ao mercado local.
Grandes avanços aconteceram nestes, historicamente falando, poucos anos.
O imenso crescimento da capacidade tecnológica de processar dados permitiu a criação de plataformas de investimento acessíveis a boa parte da população de forma simples, direta e sem obrigatoriedade de intermediários – o que era impensável, até 1990!
Após isso, surgiram plataformas independentes ou ligadas a bancos e novos bancos totalmente digitais, levando assim os mais diversos tipos de investimento no mercado local brasileiro para uma população pouco habituada a capturar novas oportunidades. O mercado local, por sua vez, vinha paralelamente se desenvolvendo, diversificando, valendo-se da dimensão da economia brasileira que oferecia e continua a oferecer uma gama crescente de alternativas.
Essa dinâmica fez com que aumentasse enormemente a participação de pessoas físicas no mercado de capitais, buscando investir em empresas com alto potencial de crescimento por vários meios, direta ou indiretamente, via ações, debêntures, Fundos de Investimentos, genéricos e específicos, dentre outros. O movimento certamente beneficiou a economia brasileira como um todo com a participação ampliada de investidores, que também passaram a se beneficiar do sucesso dos empreendedores contribuindo com seu quinhão de capital a custo atrativo a eles.
Após esse primeiro ciclo extremamente benéfico a investidores e ao mercado de capitais como um todo, uma nova tendência ampliada começa a tomar corpo como um próximo passo natural na evolução deste movimento tão importante de democratização do mercado de investimentos. O novo ciclo é o acesso ao mercado internacional de investimentos a um público cada vez maior e sem a necessidade dos complexos procedimentos administrativos envolvidos nestes processos no passado. O mercado de câmbio e sua regulamentação evoluíram muito nestes últimos anos no sentido de simplificarem o acesso aos mercados externos.
Se a dimensão da economia brasileira e a sofisticação do mercado local já oferece uma gama significativa de oportunidades de geração de valor nesta terceira década do século XXI, quando consideramos o mercado global, é fácil deduzir que há um múltiplo de alternativas atrativas agora mais facilmente acessíveis aos novos investidores por enquanto restrito a qualificados (aqueles com mais de R$ 1.000.000 disponíveis para investir).
A forma tradicional de acesso ao mercado global, enviar os recursos ao exterior para investir diretamente a partir de contas-investimento na Europa ou USA, tudo isso continua sendo usada regularmente e de forma muito menos burocrática que no passado. Todavia, o grande avanço nesse sentido, é o início da disseminação da criação dos “Feeder Funds”, fundos regulares estabelecidos no Brasil, cujo objetivo é exclusivamente comprar cotas de fundos no exterior.
A mecânica é bastante simples e totalmente regulamentada. O fundo é constituído, e seus investimentos são exclusivamente compostos por cotas de um ou mais fundos no exterior.
Os primeiros fundos dessa classe, que levam a denominação IE em seu sufixo (Investimento no Exterior), foram feitos por iniciativa dos grandes fundos norte-americanos e europeus, tais como Black Rock, Pimco, Fidelity e Bridgewater entre outros. À medida que o mercado se torna mais sofisticado, a procura por diversidade no mercado global se acelera! E há uma infinidade de alternativas disponíveis, particularmente, quando começamos a diversificar as áreas geográficas onde estes fundos são criados e geridos.
Tradicionalmente, investir no exterior significava olhar para a Europa, Suíça ou outros países com legislação tributária mais favorável, e até mesmo os Estados Unidos, por segurança e variedade de alternativas.
Hoje, o interesse e a busca por diversificação têm trazido ao Brasil fundos com estratégia de alocação nos mercados chineses, indianos e de outros países europeus, e não necessariamente aqueles mais tradicionalmente acessados. Apesar de sete entre os dez maiores gestores de recursos do mundo ainda serem norte-americanos, existe uma variedade de alternativas em diversos países permitindo diversificação na geração de valor de forma altamente descorrelacionada entre si.
Muitas dessas casas são compostas por gestores com excelente desempenho comprovado por suas atuações em grandes bancos ou assets antes de constituírem suas próprias empresas.
A diversidade é tal que a seleção entre as diversas alternativas se torna uma atividade de grande relevância por si só, dependendo de vários fatores quantitativos e qualitativos para a tomada de decisão de apresentá-los (ou não) ao mercado brasileiro.
Uma vez escolhido um fundo que merece a criação de um “Feeder” local, há ainda a importante decisão de apresentá-lo em sua moeda de origem, dólar, euros ou convertidos em reais. Essa conversão é feita através de hedges regulares, cujos preços no mercado de hoje agregam valor adicional aos retornos produzidos pelos investimentos originais.
Eduardo Oliveira é formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, tem mais de 30 anos de mercado, foi Head de Brazil Global Markets do Deutsche Bank e CEO do UBS Wealth Management Brazil. É sócio e CIO da Logus Capital. A Logus Capital é uma Boutique de Investimentos Private fundada em 2017, assessorando investimentos de clientes de forma totalmente independente e sem conflito de interesses, conforme tendência dos mercados internacionais.