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Gestão de Patrimônio em tempos de crise

Rever, planejar, diversificar e agir são palavras-chave para o investidor enfrentar situações desafiadoras

Small plants that are on stacked coins and ideas for saving money and increasing business profits (getty images/Getty Images)
Small plants that are on stacked coins and ideas for saving money and increasing business profits (getty images/Getty Images)
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Panorama Econômico

Publicado em 4 de julho de 2022 às, 09h00.

Por Thiago Lauria, CFP®*

Os dois últimos anos têm sido bastante desafiadores para a economia mundial, primeiro com a pandemia e, mais recentemente, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Como resultado, além das questões de saúde e humanitária, temos vivido incertezas geopolíticas e inflação em patamares elevados no mundo inteiro. Com isso, a volatilidade dos mercados aumentou consideravelmente. A bolsa americana, por exemplo, apresenta queda acentuada esse ano, e os rumores de uma recessão econômica mundial estão cada vez mais presentes.

Diante desse panorama, uma pergunta precisa ser respondida: Como gerir o patrimônio em tempos de crise?

Revisite o roadmap dos seus projetos e objetivos de vida

Segundo o estudo do UBS "Liquidity. Longevity. Legacy”, estratégias de alocação de ativos que são baseadas em premissas individuais dos projetos e objetivos da família podem ter uma performance superior em até 1% ao ano quando comparadas com uma alocação de ativos tradicional, baseadas apenas em critérios numéricos. Existe maior chance de aderência por parte do investidor às estratégias de longo prazo, e melhor qualidade para tomada de decisões em relação aos investimentos nos diferentes cenários, principalmente os desafiadores.

Logo, é preciso fazer uma reflexão: o que mudará nos objetivos que você tem para os próximos 5-10 anos? Quais são as decisões que você precisará tomar e as correções de rota que precisará fazer? Por exemplo: Imagine que o objetivo era vender sua empresa no próximo ano e ter entrada relevante de liquidez financeira no seu caixa pessoal. Talvez em uma recessão, este movimento tenha que ser revisto, uma vez que pode não ser concretizado, ou se for, seja abaixo do valor esperado. E com isso, outros projetos pessoais e profissionais também acabam sendo impactados.

Revisão da Alocação dos Ativos

Cumprida a primeira fase, é o momento de estabelecer uma análise mais técnica da alocação de ativos. E nesse caso em específico, é primordial revisitar se as métricas de risco do portfólio estão em linha com seu perfil de risco como investidor. Em momentos de incerteza, os mercados costumam apresentar uma volatilidade acima do padrão, se tornando um verdadeiro teste para o perfil de risco que o investidor acredita que tem. Principalmente porque as crises são precedidas por momentos de euforia, momentos em que os investidores acabam assumindo riscos acima do que realmente se sentem confortáveis. Além disso, é preciso ter um olhar especial para o risco de crédito presente no portfólio e as suas devidas coberturas e garantias. Crises impactam sobremaneira as dívidas das empresas e, a depender da alocação, o investidor pode experimentar perda permanente de capital em parte dos seus investimentos.

Compre na baixa para vender na alta

Momentos de crise são de extrema relevância para testar o investidor que você é. Os ativos ficam demasiadamente baratos e atrativos para compor rentabilidades expressivas no longo prazo. Essa aquisição de ativos baratos poderá acontecer de duas formas: a primeira é se você possui fluxo financeiro contínuo para investimento, podendo se aproveitar diretamente dessa compra de ativos. A segunda é através do balanceamento de carteira. Uma vez que você possui percentual de alocação alvo para cada classe de ativo, poderá aproveitar esses momentos para vender ativos que por ocasião estão acima da alocação alvo para comprar ativos que estão abaixo, dessa forma também encontrando eficácia na gestão do portfólio.

Quem é o seu Conselheiro? 

Os retornos que o investidor atinge na sua carteira de investimentos são diferentes (geralmente menores) dos retornos dos ativos que ele possui. O que difere um do outro são as decisões tomadas ao longo do tempo. O comportamento se apresenta como fator determinante nos resultados que irá auferir, nos investimentos, no patrimônio como um todo e na vida. É exatamente nesse momento que entra a importância da figura de um conselheiro. Em seu estudo, "Advisor´s Alpha", a gestora Vanguard analisa fatores que agregam resultado aos investimentos dos clientes. Em primeiro lugar ficou o behavioral coach com potencial de entregar de 1% a 2% de retorno ao ano. Esse fator atua diretamente no comportamento do investidor, aderência ao que foi estabelecido em momentos extremos, e o devido direcionamento nas decisões a serem tomadas. Nesse contexto, um Family Office consegue entregar de maneira efetiva valor para o cliente através do aconselhamento. Dentro dessa estrutura, a visão do cliente é completa.  Os objetivos e projetos do cliente são conhecidos com profundidade, assim como todas as áreas relacionadas à vida patrimonial: investimentos, tributário, sucessório, empresarial. É uma garantia de que as decisões serão construídas nas individualidades do cliente e não somente em números genéricos.

Durante momentos de crise, múltiplas decisões terão que ser tomadas. Uma vez que o investidor tem tranquilidade que o seu patrimônio está sendo gerido em busca do seu melhor interesse, poderá se concentrar em decisões importantes que terá que tomar em relação a seus negócios, carreira e segurança da sua família.

*Thiago Lauria, CFP®, CGA, é Sócio Fundador e Diretor de Investimentos da BWM Family Office. Um Multi Family Office que atua de forma independente e isenta de conflitos de interesses, integrando gestão de investimentos e planejamento patrimonial, ajudando clientes a cuidarem das suas maiores riquezas: vida, família e patrimônio.