Este é o momento (ou não) para investir no exterior
A decisão de investir lá fora não deve ser emocional ou pautada no humor do mercado
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2022 às 10h00.
Por Thiago Lauria
O investimento no exterior tornou-se cada vez mais popular tanto do ponto de vista das informações disponíveis, quanto da facilidade de acesso aos veículos que permitem tal alocação. Entretanto, a decisão de investir lá fora não deve ser emocional ou pautada no humor do mercado, nas notícias do momento. Deve ser um processo de construção com embasamento técnico e levando em consideração seu contexto pessoal.
O processo de tomada de decisão é construído em duas etapas: a primeira consiste no desenvolvimento de um bom planejamento familiar e patrimonial. Já a segunda, na própria construção do portfólio de investimentos
Dentro do processo de planejamento familiar, serão identificadas as diretrizes estratégicas para nortear o direcionamento de capitais: financeiro, humano, intelectual, social. Isso se traduz em decisões, como onde essa família ou parte dos membros dela irão estudar (faculdade, MBA, intercâmbio), residir definitivamente ou possuir imóvel para lazer. Também poderá envolver decisões empresariais de abertura de filiais, composição da capital e/ou estratégias societárias ou de carreira internacional. A partir daí, o planejamento patrimonial coloca em perspectiva todos esses projetos e o patrimônio construído ou a construir em relação aos aspectos tributários, sucessórios e de melhor composição dos ativos.
No âmbito da construção do portfólio de investimentos, uma das fases é decidir qual será a proporção de cada classe de ativo que terá exposição local (Brasil) ou ao exterior. Por um lado, essa decisão está diretamente conectada com a parte estratégica do planejamento da família, ou seja, onde está e/ou estará o passivo - o fluxo financeiro.
Já do ponto de vista técnico, o principal fator de decisão nessa decisão reside na diversificação e consequentemente na redução do risco da carteira. Ao alocar em outros países, é possível se expor a economias com diferentes níveis de maturidade, assim como o ciclo econômico. Entretanto, aqui vale destacar que a diversificação tem seu efeito majorado quanto maior for o prazo. Digo isso para diferenciar momentos de eventos sistêmicos globais, como a pandemia da Covid-19, em que os efeitos da diversificação são atenuados momentaneamente.
E a rentabilidade? Obviamenteesse é um fator importante na equação. Porém, é preciso equilibrar as expectativas para não incorrer em vieses comportamentais que levem a tomada de decisões que prejudiquem tanto a diversificação quanto a própria rentabilidade. Um bom exemplo é o S&P 500 índice da bolsa americana; um dos drivers que levaram investidores brasileiros a alocar no exterior com pouco mais de uma década de valorização e que neste ano desvaloriza na casa dos 20%.
Por último, vale ressaltar que a exposição aos investimentos no exterior pode ser realizada localmente via ETFs/BDRs ou alocando o capital diretamente em uma instituição no exterior. E aqui entram fatores operacionais, sucessórios e tributárias que deverão ser analisados antes de tomar tal decisão, em qual jurisdição estará o seu capital de investimento no exterior.
Afinal, é o momento de investir no exterior?
Não é o momento caso o seu fator de decisão seja alguma incerteza pessoal que leve a um movimento emocional. E sim, é o momento caso a decisão tenha sido proveniente de um processo robusto de tomada de decisão com uma análise do ponto de vista técnico que levam em consideração os impactos pessoais e patrimoniais. Lembre-se: fazer a coisa certa pelo motivo errado pode levar a um resultado não esperado.
Thiago Lauria é sócio fundador e diretor de investimentos da BWM Family Office. Um Multi Family Office que atua de forma independente e isenta de conflitos de interesses, integrando gestão de investimentos e planejamento patrimonial, ajudando clientes a cuidarem das suas maiores riquezas: vida, família e patrimônio.
Por Thiago Lauria
O investimento no exterior tornou-se cada vez mais popular tanto do ponto de vista das informações disponíveis, quanto da facilidade de acesso aos veículos que permitem tal alocação. Entretanto, a decisão de investir lá fora não deve ser emocional ou pautada no humor do mercado, nas notícias do momento. Deve ser um processo de construção com embasamento técnico e levando em consideração seu contexto pessoal.
O processo de tomada de decisão é construído em duas etapas: a primeira consiste no desenvolvimento de um bom planejamento familiar e patrimonial. Já a segunda, na própria construção do portfólio de investimentos
Dentro do processo de planejamento familiar, serão identificadas as diretrizes estratégicas para nortear o direcionamento de capitais: financeiro, humano, intelectual, social. Isso se traduz em decisões, como onde essa família ou parte dos membros dela irão estudar (faculdade, MBA, intercâmbio), residir definitivamente ou possuir imóvel para lazer. Também poderá envolver decisões empresariais de abertura de filiais, composição da capital e/ou estratégias societárias ou de carreira internacional. A partir daí, o planejamento patrimonial coloca em perspectiva todos esses projetos e o patrimônio construído ou a construir em relação aos aspectos tributários, sucessórios e de melhor composição dos ativos.
No âmbito da construção do portfólio de investimentos, uma das fases é decidir qual será a proporção de cada classe de ativo que terá exposição local (Brasil) ou ao exterior. Por um lado, essa decisão está diretamente conectada com a parte estratégica do planejamento da família, ou seja, onde está e/ou estará o passivo - o fluxo financeiro.
Já do ponto de vista técnico, o principal fator de decisão nessa decisão reside na diversificação e consequentemente na redução do risco da carteira. Ao alocar em outros países, é possível se expor a economias com diferentes níveis de maturidade, assim como o ciclo econômico. Entretanto, aqui vale destacar que a diversificação tem seu efeito majorado quanto maior for o prazo. Digo isso para diferenciar momentos de eventos sistêmicos globais, como a pandemia da Covid-19, em que os efeitos da diversificação são atenuados momentaneamente.
E a rentabilidade? Obviamenteesse é um fator importante na equação. Porém, é preciso equilibrar as expectativas para não incorrer em vieses comportamentais que levem a tomada de decisões que prejudiquem tanto a diversificação quanto a própria rentabilidade. Um bom exemplo é o S&P 500 índice da bolsa americana; um dos drivers que levaram investidores brasileiros a alocar no exterior com pouco mais de uma década de valorização e que neste ano desvaloriza na casa dos 20%.
Por último, vale ressaltar que a exposição aos investimentos no exterior pode ser realizada localmente via ETFs/BDRs ou alocando o capital diretamente em uma instituição no exterior. E aqui entram fatores operacionais, sucessórios e tributárias que deverão ser analisados antes de tomar tal decisão, em qual jurisdição estará o seu capital de investimento no exterior.
Afinal, é o momento de investir no exterior?
Não é o momento caso o seu fator de decisão seja alguma incerteza pessoal que leve a um movimento emocional. E sim, é o momento caso a decisão tenha sido proveniente de um processo robusto de tomada de decisão com uma análise do ponto de vista técnico que levam em consideração os impactos pessoais e patrimoniais. Lembre-se: fazer a coisa certa pelo motivo errado pode levar a um resultado não esperado.
Thiago Lauria é sócio fundador e diretor de investimentos da BWM Family Office. Um Multi Family Office que atua de forma independente e isenta de conflitos de interesses, integrando gestão de investimentos e planejamento patrimonial, ajudando clientes a cuidarem das suas maiores riquezas: vida, família e patrimônio.