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Dividend Investing: por que os dividendos crescem mesmo em crises?

Descubra como os dividendos provam ser o porto seguro dos investimentos, mantendo-se firmes nas crises financeiras do Brasil

Mão segurando celular: dividendos emergem como uma boia de segurança para os investidores ( Virojt Changyencham/Getty Images)
Felipe Pontes 

Colunista em Panorama Econômico

Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 15h29.

No mar revolto dos mercados financeiros, os dividendos emergem como uma boia de segurança para os investidores. Como um investidor uma vez disse: “estou sempre feliz na bolsa. Se as ações valorizam, meu patrimônio sobe. Se as ações desvalorizam, a rentabilidade dos meus dividendos sobe” – passagem registrada no livro O Investidor em Ações de Dividendos , que sou coautor.

Neste sentido, exploraremos o resultado de uma discussão sobre alocação de recursos baseada na estratégia do Dividend Investing, trazida no livro citado anteriormente, e debatida no comitê de investimentos conjunto da Avantgarde Asset Management e L4 Capital .

A ideia da discussão no comitê, e do texto, gira em torno de responder à seguinte pergunta: por que, mesmo em meio às tempestades econômicas, as empresas listadas na B3 têm mantido a consistência dos dividendos? Será que as empresas estão ancorando as expectativas dos investidores com base nas teorias da sinalização e do pássaro na mão?

Prepare-se para entender como o investimento em empresas boas pagadoras de dividendos e que crescem, seguindo a filosofia do Dividend Investing, podem ser ótimas oportunidades, resilientes mesmo em tempos de crise ou quando a bolsa está andando de lado. Vamos lá?

A consistência dos dividendos na B3: análise de 2005 a 2023

A jornada dos dividendos no mercado brasileiro, ilustrada pelo gráfico abaixo abrangendo dados de 2005 a 2023, é uma narrativa de estabilidade e resiliência. Os dados começam em 2005 porque foi a partir deste ano que começamos a ter empresas divulgando a demonstração dos fluxos de caixa, para coletarmos os dividendos, mas essa demonstração contábil só passou a ser obrigatória mesmo a partir de 2007.

Os dividendos, longe de serem uma mera consequência dos lucros corporativos, soam como sendo uma declaração de confiança e comprometimento da gestão com os seus investidores. À medida que observamos a evolução desses pagamentos ao longo dos anos, notamos uma tendência de crescimento e uma firmeza que desafia as tempestades econômicas e as turbulências do mercado.

A estabilidade é a palavra-chave que define a trajetória dos dividendos, com apenas ocasionais e leves desvios de seu curso ascendente. Mesmo durante os momentos mais tumultuados da economia global, como a Crise Financeira Global de 2008 e a recente pandemia da COVID-19 ( Corona Crash ), os dividendos pagos pelas empresas listadas na B3 mantiveram-se estáveis, ou persistentes.

Tal consistência não é obra do acaso, mas sim um testemunho das políticas deliberadas das empresas que, apesar das flutuações no valor de mercado e nos lucros líquidos, optaram por manter a distribuição de dividendos como uma rocha sobre a qual os investidores podem se firmar.

Mas, por que, mesmo com as oscilações no valor de mercado e nos lucros, as empresas em geral mantêm seus dividendos mais constantes/persistentes/consistentes?

O que motiva as empresas da B3 a manterem seus dividendos consistentes?

Em comparação com os lucros, que estão sujeitos a uma maior volatilidade diante de variáveis econômicas e decisões estratégicas, os dividendos costumam mostrar uma volatilidade significativamente menor.

Isso sugere uma estratégia corporativa intencional, na qual as empresas buscam oferecer aos acionistas uma fonte de rendimento previsível, preservando assim a integridade da relação entre a empresa e seus investidores. É um esforço para comunicar estabilidade e previsibilidade, qualidades altamente valorizadas no universo do investimento em ações.Na próxima seção, falaremos sobre isso em mais detalhes, focando nos períodos de crise, nas teorias da sinalização e do pássaro na mão, para que você possa entender perfeitamente o porquê investir em boas empresas pagadoras de dividendos - que também têm potencial de crescimento. Pode ser uma boa ideia, na sua estratégia de criação de patrimônio e também de geração de renda passiva.

Análise dos dividendos em períodos de crise

A cronologia dos dividendos das empresas listadas na B3 de 2005 a 2023 é um atlas que mapeia não apenas os contornos financeiros, mas também a psicologia dos investidores e as estratégias de gestão em tempos de incerteza. Nesta seção, vamos desbravar a relevância do comportamento dos dividendos em meio às turbulências que aparecem na nossa economia, dividindo a análise em duas subseções críticas: “ Dividendos na B3 e a Teoria do Pássaro na Mão ” e “ Crises Específicas e a Resposta dos Dividendos ”.

Dividendos na B3 e a Teoria do Pássaro na Mão

O gráfico anterior revela uma trilha de resiliência e estabilidade, corroborando a “Teoria do Pássaro na Mão”.

A “Teoria do Pássaro na Mão” propõe que os investidores, confrontados com a incerteza dos lucros futuros, atribuem maior valor ao caixa que cairá mais rápido no seu bolso – um pássaro seguro e tangível nas mãos vale mais do que dois voando no distante e incerto bosque dos lucros futuros, não é mesmo?

Neste sentido, a persistência dos dividendos, resistindo às oscilações dos lucros e valor de mercado, ecoa a preferência dos investidores por recompensas palpáveis e instantâneas.

Esse fenômeno é especialmente evidente em tempos de crise, quando a previsibilidade se torna um santuário procurado pelos investidores.

No gráfico abaixo, podemos ver que nas crises os lucros têm um coeficiente de persistência negativo, enquanto o dos dividendos é positivo. Para o investidor, isso é um porto seguro.

Dessa maneira, mantendo os dividendos persistentes, as empresas sinalizam não apenas estabilidade financeira, mas também um compromisso quase que inabalável com seus acionistas.

A distribuição constante de dividendos em tais épocas funciona como um farol, guiando os investidores através da névoa da incerteza na economia.

Crises específicas e a resposta dos dividendos

As crises econômicas e políticas no Brasil nos anos de 2011 e 2013-2015, e a pandemia da COVID-19 em 2020, oferecem estudos de caso exemplares da resiliência dos dividendos. Apesar das tempestades macroeconômicas e da agitação política, os dividendos mantiveram sua rota constante.

Essa consistência pode ser interpretada como uma mensagem deliberada das corporações, comunicando que, apesar das ondas agitadas, o navio corporativo não apenas manterá seu curso, mas também assegurará que os lucros dos acionistas continuem a fluir.

Cada crise trouxe consigo um teste para a solidez das políticas de dividendos. E a análise dos dados indica que as boas empresas brasileiras pagadoras de dividendos passaram por esses testes com distinção, muitas vezes optando por sacrificar outros aspectos financeiros em vez de cortar os dividendos.

Essa escolha estratégica reforça a noção de que, no Brasil, os dividendos são vistos não como uma variável ajustável em resposta a crises, mas como um compromisso firme a ser honrado, mesmo em tempos de crise!

Considere o "d ividend investing" como uma estratégia na sua carteira

Neste texto, busquei passar a mensagem de que a persistência dos dividendos no Brasil serve como uma promessa implícita que os dividendos carregam: a promessa de que, independentemente dos altos e baixos dos ciclos econômicos, os investidores podem contar com seus dividendos, mais do que podem contar com os lucros ou valorização das ações.

Essa é a essência da “Teoria do Pássaro na Mão”, que sugere que os dividendos são mais valorizados do que os lucros futuros, que estão envoltos em incerteza. E, nessa narrativa, os dividendos são protagonistas, desempenhando o papel de âncoras que garantem que as tempestades possam ser enfrentadas com menos temor e mais segurança.

Você já passou para pensar nisso? Sempre bom avaliar ter uma carteira baseada no Dividend Investing!

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Mas, por que, mesmo com as oscilações no valor de mercado e nos lucros, as empresas em geral mantêm seus dividendos mais constantes/persistentes/consistentes?

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Cada crise trouxe consigo um teste para a solidez das políticas de dividendos. E a análise dos dados indica que as boas empresas brasileiras pagadoras de dividendos passaram por esses testes com distinção, muitas vezes optando por sacrificar outros aspectos financeiros em vez de cortar os dividendos.

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Essa é a essência da “Teoria do Pássaro na Mão”, que sugere que os dividendos são mais valorizados do que os lucros futuros, que estão envoltos em incerteza. E, nessa narrativa, os dividendos são protagonistas, desempenhando o papel de âncoras que garantem que as tempestades possam ser enfrentadas com menos temor e mais segurança.

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