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Como investir em pequenas empresas (não startups!)

É uma forma de reduzir o risco da carteira de investimentos e trazer retorno acima da média

(lukpedclub/Getty Images)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 2 de maio de 2023 às 15h34.

Por Jair Lemes*

Ser sócio ou emprestar (participação ou dívida) são as escolhas no menu de investimento das pequenas empresas.

Ao invés de procurar métodos de financiamento que incluam investidores, muitos empresários optam por investir tudo ou boa parte do seu capital próprio em seu negócio. Entretanto, receber investimento externo oferece aos proprietários de pequenas empresas diferentes métodos de financiamento que podem reduzir o estresse em seus ativos pessoais.

Esses investidores têm a chance de ter um bom retorno de seu capital, além de auxiliar no processo de criação de empregos e fomentar a longevidade da empresa. Dessa forma, a companhia passa a ter capital suficiente para seu crescimento e manutenção, juntamente do acompanhamento de um investidor externo que deve reforçar a necessidade de uma boa governança da empresa investida.

As pequenas empresas também são as grandes responsáveis pela criação de empregos em muitos países e tem um papel importante na distribuição - ao invés de concentração - de renda para a população.

Investimentos em ações de pequenas empresas privadas

Quando você faz um investimento de capital em uma pequena empresa, você está comprando uma participação da empresa, ou seja, um "pedaço da torta". Os investidores em ações fornecem capital, quase sempre na forma de dinheiro, em troca de uma porcentagem dos lucros (ou perdas).

A empresa pode usar esse dinheiro investido para uma variedade de fins, dentre eles investimentos para expansão, execução de operações diárias, redução da dívida ou contratação de novos funcionários.

Em alguns casos, a porcentagem do negócio que o investidor recebe é proporcional ao capital total que ele fornece. Por exemplo, se você investir R$ 100.000 em dinheiro, e outros investidores colocarem R$ 900.000, você pode esperar 10% de quaisquer lucros ou perdas, porque forneceu 1/10 do patrimônio.

Ademais, a porcentagem de propriedade e dividendos pode diferir. Considere as parcerias de investimento que Warren Buffett fez em seus 20 e 30 anos de idade.  Ele tinha sócios contribuindo com quase todo o capital para suas parcerias, mas os lucros foram divididos em 75/25 em sócios limitados, (ele recebeu 25%) em proporção à sua participação geral do capital, apesar de ter colocado muito pouco de seu próprio dinheiro. Os investidores concordavam com isso, porque Buffett estava fornecendo experiência e trabalho. No mercado brasileiro, gestores cobram uma taxa de administração e performance de algo em torno de 20% dos resultados para fazer esse trabalho – até menos do que cobrava o Oráculo de Omaha à época.

Um investimento na sociedade de uma pequena empresa pode resultar nos maiores ganhos, mas vem de mãos dadas com o maior risco.

Investimentos em dívida em pequenas empresas privadas

Quando você faz um investimento em dívida em uma pequena empresa, você empresta dinheiro em troca da promessa de renda de juros e eventual reembolso do principal.

O capital da dívida é mais frequentemente fornecido na forma de empréstimos diretos com amortização regular (redução de juros primeiro, depois do principal), ou a compra de títulos emitidos pela empresa, que fornecem pagamentos de juros periódicos enviados ao dono do título.

A maior vantagem da dívida é que ela tem um lugar privilegiado na estrutura de capitalização. Isso significa que se a empresa entrar em falência, a dívida tem prioridade sobre os acionistas (os investidores de ações).  De um modo geral, a melhor classe de dívida é aquela com garantia sobre uma propriedade ou ativo específico, como uma fábrica, um terreno ou uma casa.

Cuidado! Experiência para analisar crédito, formatar, estruturar e formalizar essas operações é necessário. Profissionais levam muitos anos ou décadas para adquirir essa experiência. Se a solução apresentada parecer muito simples ou com profissionais sem ou com pouca experiência formarem o grupo que vai lhe assessorar na operação, não o faça.

O que é melhor? Investimento em participação ou investimento em dívida?

Como acontece com muitas coisas na vida e nos negócios, não há uma resposta simples para essa pergunta. Se você fosse um dos primeiros investidores da Apple comprando ações, provavelmente seria rico hoje. Se você tivesse comprado títulos de dívida, teria ganhado um retorno decente sobre seu dinheiro. Por outro lado, se você tivesse comprado um negócio que viesse a falir, sua melhor chance de escapar ileso seria possuir a dívida, não participação na empresa.

Alguns modelos podem envolver participação e dívida no mesmo investimento, ou seja, a dívida conversível em ações, em que ao invés de o investidor recuperar juros e principal, ele tem o direito (geralmente não a obrigação) de converter parte ou o total investido em participação da empresa. Se decidir por receber a dívida, recebe a dívida com remuneração.

Cuidado de novo! Muita experiência é necessária aqui também, mas essa modalidade lhe permite ter acesso a aqueles retornos em teoria ilimitados e ao mesmo tempo a maior segurança da dívida.

No final, o tipo de investimento que você deve escolher se resume ao seu nível de conforto com os riscos de dívida ou participação da empresa, e suas próprias filosofias de investimento.

A principal vantagem de se investir em empresas privadas não listadas é que as primeiras não são Marcadas a Mercado (MaM) com seus preços afetados pelos sabores ou dissabores do mercado. Isso afetaria sua carteira de investimento diariamente, o que geraria a impressão de perdas ou ganhos muito expressivos que nem sempre refletem a realidade do preço empírico da ação.

A empresas privadas são avaliadas periodicamente para descoberta de seus preços por profissionais especializadas e geralmente contam com uma oscilação (risco) de preço menor. Ao se investir em empresas pequenas e ainda não tão consolidadas, é possível cobrar taxas de juros maiores e pedir mais garantias em tickets menores.  Por exemplo, é mais fácil ter um imóvel em garantia de R$ 2 milhões para um empréstimo de R$ 500.000,00 do que um imóvel de R$ 40 milhões para um empréstimo de R$ 10 milhões. Quando se adquire participação de uma empresa pequena e bem gerida, ao crescer de forma organizada acompanhada por investidores experientes, há grande potencial de valorização antes de crescer muito em tornar-se uma empresa listada em Bolsa.

Meus estudos de correlação dessa modalidade de investimentos com as demais modalidades como Renda Fixa e Ações listadas é baixa e seus retornos de investimentos são mais altos (quando estes investimentos são bem geridos é claro). Outros estudos consolidados também demonstram baixa correlação.

A baixa correlação faz com que uma carteira balanceada, que contenham esses ativos, tenham um risco menor e um retorno maior. Para saber mais sobre nosso processo de investimento e como essas modalidades podem criar valor para os investidores e empresas, por meio de vídeos e explicações deste que vos escreve, acesse https://bravacapital.com/produtos/investment-banking-assessoria-financeira/captacao-de-recursos/ ou entre em contato.

*Jair Lemes investe em empresas privadas pequenas (Não Startups) há mais de 15 anos. Jair analisou mais de 5.000 destas empresas, investiu com um pouco mais de 500 delas e assessorou exatamente 116 até a data da divulgação deste artigo. É diretor de gestão e CEO da Brava Capital, apresentador do quadro Capital Inteligente e Professor de Finanças na CFA Society Brasil. Jair é administrador com MBA pela FIA / USP e Mestrado Profissionalizante em Gestão e Economia pela (ESA) IAE Université Pierre Mendès da França. Iniciou sua carreira em seguros na empresa espanhola Mapfre. Trabalhou em países como Japão e Reino Unido no setor de telecomunicações e tecnologia. Trabalhou no Citibank nas áreas Operacional e de Produtos enquanto ao mesmo tempo lecionava em universidade.

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Por Jair Lemes*

Ser sócio ou emprestar (participação ou dívida) são as escolhas no menu de investimento das pequenas empresas.

Ao invés de procurar métodos de financiamento que incluam investidores, muitos empresários optam por investir tudo ou boa parte do seu capital próprio em seu negócio. Entretanto, receber investimento externo oferece aos proprietários de pequenas empresas diferentes métodos de financiamento que podem reduzir o estresse em seus ativos pessoais.

Esses investidores têm a chance de ter um bom retorno de seu capital, além de auxiliar no processo de criação de empregos e fomentar a longevidade da empresa. Dessa forma, a companhia passa a ter capital suficiente para seu crescimento e manutenção, juntamente do acompanhamento de um investidor externo que deve reforçar a necessidade de uma boa governança da empresa investida.

As pequenas empresas também são as grandes responsáveis pela criação de empregos em muitos países e tem um papel importante na distribuição - ao invés de concentração - de renda para a população.

Investimentos em ações de pequenas empresas privadas

Quando você faz um investimento de capital em uma pequena empresa, você está comprando uma participação da empresa, ou seja, um "pedaço da torta". Os investidores em ações fornecem capital, quase sempre na forma de dinheiro, em troca de uma porcentagem dos lucros (ou perdas).

A empresa pode usar esse dinheiro investido para uma variedade de fins, dentre eles investimentos para expansão, execução de operações diárias, redução da dívida ou contratação de novos funcionários.

Em alguns casos, a porcentagem do negócio que o investidor recebe é proporcional ao capital total que ele fornece. Por exemplo, se você investir R$ 100.000 em dinheiro, e outros investidores colocarem R$ 900.000, você pode esperar 10% de quaisquer lucros ou perdas, porque forneceu 1/10 do patrimônio.

Ademais, a porcentagem de propriedade e dividendos pode diferir. Considere as parcerias de investimento que Warren Buffett fez em seus 20 e 30 anos de idade.  Ele tinha sócios contribuindo com quase todo o capital para suas parcerias, mas os lucros foram divididos em 75/25 em sócios limitados, (ele recebeu 25%) em proporção à sua participação geral do capital, apesar de ter colocado muito pouco de seu próprio dinheiro. Os investidores concordavam com isso, porque Buffett estava fornecendo experiência e trabalho. No mercado brasileiro, gestores cobram uma taxa de administração e performance de algo em torno de 20% dos resultados para fazer esse trabalho – até menos do que cobrava o Oráculo de Omaha à época.

Um investimento na sociedade de uma pequena empresa pode resultar nos maiores ganhos, mas vem de mãos dadas com o maior risco.

Investimentos em dívida em pequenas empresas privadas

Quando você faz um investimento em dívida em uma pequena empresa, você empresta dinheiro em troca da promessa de renda de juros e eventual reembolso do principal.

O capital da dívida é mais frequentemente fornecido na forma de empréstimos diretos com amortização regular (redução de juros primeiro, depois do principal), ou a compra de títulos emitidos pela empresa, que fornecem pagamentos de juros periódicos enviados ao dono do título.

A maior vantagem da dívida é que ela tem um lugar privilegiado na estrutura de capitalização. Isso significa que se a empresa entrar em falência, a dívida tem prioridade sobre os acionistas (os investidores de ações).  De um modo geral, a melhor classe de dívida é aquela com garantia sobre uma propriedade ou ativo específico, como uma fábrica, um terreno ou uma casa.

Cuidado! Experiência para analisar crédito, formatar, estruturar e formalizar essas operações é necessário. Profissionais levam muitos anos ou décadas para adquirir essa experiência. Se a solução apresentada parecer muito simples ou com profissionais sem ou com pouca experiência formarem o grupo que vai lhe assessorar na operação, não o faça.

O que é melhor? Investimento em participação ou investimento em dívida?

Como acontece com muitas coisas na vida e nos negócios, não há uma resposta simples para essa pergunta. Se você fosse um dos primeiros investidores da Apple comprando ações, provavelmente seria rico hoje. Se você tivesse comprado títulos de dívida, teria ganhado um retorno decente sobre seu dinheiro. Por outro lado, se você tivesse comprado um negócio que viesse a falir, sua melhor chance de escapar ileso seria possuir a dívida, não participação na empresa.

Alguns modelos podem envolver participação e dívida no mesmo investimento, ou seja, a dívida conversível em ações, em que ao invés de o investidor recuperar juros e principal, ele tem o direito (geralmente não a obrigação) de converter parte ou o total investido em participação da empresa. Se decidir por receber a dívida, recebe a dívida com remuneração.

Cuidado de novo! Muita experiência é necessária aqui também, mas essa modalidade lhe permite ter acesso a aqueles retornos em teoria ilimitados e ao mesmo tempo a maior segurança da dívida.

No final, o tipo de investimento que você deve escolher se resume ao seu nível de conforto com os riscos de dívida ou participação da empresa, e suas próprias filosofias de investimento.

A principal vantagem de se investir em empresas privadas não listadas é que as primeiras não são Marcadas a Mercado (MaM) com seus preços afetados pelos sabores ou dissabores do mercado. Isso afetaria sua carteira de investimento diariamente, o que geraria a impressão de perdas ou ganhos muito expressivos que nem sempre refletem a realidade do preço empírico da ação.

A empresas privadas são avaliadas periodicamente para descoberta de seus preços por profissionais especializadas e geralmente contam com uma oscilação (risco) de preço menor. Ao se investir em empresas pequenas e ainda não tão consolidadas, é possível cobrar taxas de juros maiores e pedir mais garantias em tickets menores.  Por exemplo, é mais fácil ter um imóvel em garantia de R$ 2 milhões para um empréstimo de R$ 500.000,00 do que um imóvel de R$ 40 milhões para um empréstimo de R$ 10 milhões. Quando se adquire participação de uma empresa pequena e bem gerida, ao crescer de forma organizada acompanhada por investidores experientes, há grande potencial de valorização antes de crescer muito em tornar-se uma empresa listada em Bolsa.

Meus estudos de correlação dessa modalidade de investimentos com as demais modalidades como Renda Fixa e Ações listadas é baixa e seus retornos de investimentos são mais altos (quando estes investimentos são bem geridos é claro). Outros estudos consolidados também demonstram baixa correlação.

A baixa correlação faz com que uma carteira balanceada, que contenham esses ativos, tenham um risco menor e um retorno maior. Para saber mais sobre nosso processo de investimento e como essas modalidades podem criar valor para os investidores e empresas, por meio de vídeos e explicações deste que vos escreve, acesse https://bravacapital.com/produtos/investment-banking-assessoria-financeira/captacao-de-recursos/ ou entre em contato.

*Jair Lemes investe em empresas privadas pequenas (Não Startups) há mais de 15 anos. Jair analisou mais de 5.000 destas empresas, investiu com um pouco mais de 500 delas e assessorou exatamente 116 até a data da divulgação deste artigo. É diretor de gestão e CEO da Brava Capital, apresentador do quadro Capital Inteligente e Professor de Finanças na CFA Society Brasil. Jair é administrador com MBA pela FIA / USP e Mestrado Profissionalizante em Gestão e Economia pela (ESA) IAE Université Pierre Mendès da França. Iniciou sua carreira em seguros na empresa espanhola Mapfre. Trabalhou em países como Japão e Reino Unido no setor de telecomunicações e tecnologia. Trabalhou no Citibank nas áreas Operacional e de Produtos enquanto ao mesmo tempo lecionava em universidade.

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