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Caro ou barato, baseado em quê?

Os pontos de referência no mercado financeiro que norteiam para qual estratégia seguir

Caro ou barato, baseado em quê? Há uma regra que todos os bons investidores buscam perseguir (Hector Roqueta Rivero/Getty Images)
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Panorama Econômico

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Publicado em 30 de outubro de 2023 às 18h15.

Por Renan Zanella

Apesar das diferentes estratégias existentes, há uma regra que todos os bons investidores buscam perseguir: comprar um ativo quando ele está barato e vendê-lo quando está caro.

No entanto, uma precificação cara ou barata depende do ponto de referência. No Brasil, um importante ponto de referência é o CDI. Correr risco para obter um retorno inferior ou próximo do CDI é um resultado ruim. Este é, portanto, o custo de oportunidade de todo investidor ou empreendedor brasileiro.

O Brasil, porém, é apenas um pequeno mercado – responde por menos de 2% do PIB global – dentro de um sistema financeiro com vasos comunicantes. E nesse sistema, o preço de referência mais importante para decidir se algo está caro ou barato, se apresenta uma boa ou má performance, é a taxa dos treasuries (títulos emitidos pelo tesouro americano, considerado um emissor sem risco).

O preço de todos os ativos é derivado, de forma mais ou menos direta, da taxa desses títulos. Enquanto essa taxa, em especial a do título de 10 anos, oscilou muito pouco na última década e ficou entre 1,5% e 2% ao ano, desde 2022 vimos um aumento de 300bps, atingindo um patamar recorde de 5% na última semana, a maior taxa desde 2007.

Rendimento do título de 10 anos do Tesouro Americano

Nenhum mercado passou impune por esse aumento. Os rendimentos dos títulos do Tesouro têm o poder de influenciar as taxas de hipotecas, dívidas corporativas, empréstimos e financiamentos familiares.

No Brasil o mercado de futuros precifica uma taxa Selic terminal próxima de 10,75% no final de 2024, muito acima do que se esperava há poucas semanas. O motivo desta mudança de expectativa? A resposta possivelmente está no temor de um país emergente com desafios fiscais reduzir demais a sua taxa de juros em relação aos EUA e enfrentar uma forte desvalorização cambial, o que geraria maior expectativa de inflação futura.

No mundo, o dólar se fortaleceu contra as principais moedas e os índices acionários enfrentaram uma leve correção desde este aumento das taxas das treasuries.

E agora, o que realmente está caro ou barato? Se houver um alívio e essas taxas caírem, muitos ativos que sofreram pela falta de fluxo comprador podem respirar e se recuperar bem nos próximos meses - como é o caso dos prefixados e ações. Se, porém, esse movimento persistir, salve-se quem puder.

Na Zanella Wealth, avaliamos os ciclos das diferentes classes de ativos buscando capturar as melhores assimetrias dentro do perfil de cada investidor. Entre em contato para marcar uma reunião.

*Renan Zanella é administrador pela USP, certificado como analista pelo CFA Institute e consultor CFP® pela Planejar. Trabalhou no segmento Private em banco, corretora, casa de research e atualmente é estrategista e sócio na Zanella Wealth.

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Por Renan Zanella

Apesar das diferentes estratégias existentes, há uma regra que todos os bons investidores buscam perseguir: comprar um ativo quando ele está barato e vendê-lo quando está caro.

No entanto, uma precificação cara ou barata depende do ponto de referência. No Brasil, um importante ponto de referência é o CDI. Correr risco para obter um retorno inferior ou próximo do CDI é um resultado ruim. Este é, portanto, o custo de oportunidade de todo investidor ou empreendedor brasileiro.

O Brasil, porém, é apenas um pequeno mercado – responde por menos de 2% do PIB global – dentro de um sistema financeiro com vasos comunicantes. E nesse sistema, o preço de referência mais importante para decidir se algo está caro ou barato, se apresenta uma boa ou má performance, é a taxa dos treasuries (títulos emitidos pelo tesouro americano, considerado um emissor sem risco).

O preço de todos os ativos é derivado, de forma mais ou menos direta, da taxa desses títulos. Enquanto essa taxa, em especial a do título de 10 anos, oscilou muito pouco na última década e ficou entre 1,5% e 2% ao ano, desde 2022 vimos um aumento de 300bps, atingindo um patamar recorde de 5% na última semana, a maior taxa desde 2007.

Rendimento do título de 10 anos do Tesouro Americano

Nenhum mercado passou impune por esse aumento. Os rendimentos dos títulos do Tesouro têm o poder de influenciar as taxas de hipotecas, dívidas corporativas, empréstimos e financiamentos familiares.

No Brasil o mercado de futuros precifica uma taxa Selic terminal próxima de 10,75% no final de 2024, muito acima do que se esperava há poucas semanas. O motivo desta mudança de expectativa? A resposta possivelmente está no temor de um país emergente com desafios fiscais reduzir demais a sua taxa de juros em relação aos EUA e enfrentar uma forte desvalorização cambial, o que geraria maior expectativa de inflação futura.

No mundo, o dólar se fortaleceu contra as principais moedas e os índices acionários enfrentaram uma leve correção desde este aumento das taxas das treasuries.

E agora, o que realmente está caro ou barato? Se houver um alívio e essas taxas caírem, muitos ativos que sofreram pela falta de fluxo comprador podem respirar e se recuperar bem nos próximos meses - como é o caso dos prefixados e ações. Se, porém, esse movimento persistir, salve-se quem puder.

Na Zanella Wealth, avaliamos os ciclos das diferentes classes de ativos buscando capturar as melhores assimetrias dentro do perfil de cada investidor. Entre em contato para marcar uma reunião.

*Renan Zanella é administrador pela USP, certificado como analista pelo CFA Institute e consultor CFP® pela Planejar. Trabalhou no segmento Private em banco, corretora, casa de research e atualmente é estrategista e sócio na Zanella Wealth.

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