Alinhar estratégias de investimento de acordo com os 4 estágios dos ciclos econômicos é fundamental
A economia mundial é cíclica por natureza, avançando e recuando em ondas ao longo do tempo
Publicado em 20 de março de 2023 às, 19h33.
Por Daniel Chiavenato Mazza, CFP*
Nos últimos anos, o mercado de investimentos no Brasil cresceu de forma significativa. O nível de exigência dos investidores aumentou, nosso ambiente regulatório evoluiu e a profissionalização dos prestadores de serviço na indústria têm acompanhado esse ritmo acelerado de desenvolvimento para atender as demandas crescentes das famílias.
Se em um primeiro estágio do desenvolvimento desse mercado tivemos a abertura das plataformas de investimentos, com o conceito de shopping financeiro que possibilita os investidores a acessarem uma gama muito maior de produtos de investimentos, um segundo estágio que precisa ser discutido é um foco maior nas estratégias de investimentos, em suas possibilidades e aplicações. Um tema bastante debatido e que pode auxiliar as pessoas a alocarem seus recursos de forma mais eficiente é entender sobre os estágios de ciclos econômicos e os impactos em diferentes classes de ativos.
Teoria dos ciclos econômicos
Os ciclos econômicos são períodos marcados por flutuações na atividade econômica de um país em longo prazo. Eles são marcados por quatro períodos principais: expansão, boom, contração e recessão, alternando tempos de economia próspera com tempos de estagnação ou crise.
Trata-se de um movimento natural na economia, uma vez que ela é impactada por um número enorme de fatores.
O que acontece em cada ciclo econômico
Os ciclos econômicos ocorrem em quatro estágios diferentes, cada um deles com suas características próprias, e que requerem uma readequação no portfólio para uma otimização estratégica da carteira de investimentos.
Expansão
O período de expansão é caracterizado por uma economia em fase de crescimento da produção de produtos e serviços. Normalmente as taxas de juros estão em um patamar baixo, estimulando a economia.
A economia fica favorável à abertura de novos negócios, os índices de desemprego tendem a cair, e os salários aumentam. A circulação do dinheiro é mais abundante e a demanda por bens e produtos segue em trajetória ascendente.
Boom
Depois da expansão, a economia tem o pico do ciclo, fase da qual a produção de bens e serviços alcança o seu ponto máximo. Nesses picos normalmente acontecem desequilíbrios econômicos tais como aumento da inflação, ocasionado por uma demanda acima da oferta. Como colateral da pressão inflacionária, existe a necessidade de elevação da taxa de juros.
Contração
Após o boom, a tendência é que a economia sofra um período de contração: a diminuição das atividades econômicas e o aumento nos índices de desemprego. Com o aumento da taxa de juros e o “enxugamento” de dinheiro no mercado, empresas reduzem seus níveis de investimentos, reduzem preços de mercadorias e serviços, buscando ganhar competitividade. O consumo das famílias reduz e a economia do país entra em trajetória descendente.
Recessão
A quarta etapa do ciclo econômico acontece quando atingimos o ponto mais forte da crise macroeconômica, onde é caracterizado por alto desemprego, sobras relevantes de capacidade instalada e taxas de juros elevadas.
Os ciclos normalmente seguem sua dinâmica nessa ordem, porém, os períodos de duração de cada fase não são previsíveis.
Com a redução mais acentuada no consumo, a inflação inicia sua trajetória de queda, possibilitando a redução da taxa de juros e consequentemente aquecendo novamente a economia.
Depois da recessão, vem a expansão, e assim a economia segue o seu fluxo. Abaixo um infográfico que mostra o impacto dos ciclos sobre os ativos.
Conclusão
Cada estágio do ciclo econômico traz uma dinâmica positiva ou negativa para as classes de ativos. Saber identificar em qual fase do ciclo se está e ajustar os investimentos para navegar de forma adequada em casa estágio é fundamental para ter um portfólio vencedor no longo prazo.
A discussão sobre produtos deveria ser uma derivada dessa gestão mais estratégica de um portfólio de investimentos. Traga este tipo de discussão para seu assessor/consultor de investimentos, porque com certeza isto elevará o nível da conversa e promoverá uma visão acerca de seus investimentos com um foco muito mais estratégico e vencedor.
*Daniel Chiavenato Mazza é especialista em Gestão Patrimonial, com experiência no mercado financeiro brasileiro e internacional. Atua há mais de 10 anos em Consultoria de Investimentos e Planejamento Financeiro. Sócio-Fundador da MzM Wealth Planning, é Consultor de Valores Mobiliários e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner) desde 2015. Foco no trabalho independente, sem conflitos de interesses, auxiliando famílias a prosperar em suas vidas financeiras.