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Viés de familiaridade: o que é e como ele pode afetar as decisões de investimento?

Guilherme Pini comenta sobre como o comportamento dos investidores pode ser influenciado pelos vieses cognitivos

 (RafaPress/Getty Images)
(RafaPress/Getty Images)
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Palavra do Advisor

Publicado em 30 de junho de 2022 às, 16h53.

Por Guilherme Pini, do BTG Pactual Advisors

O comportamento dos investidores pode ser influenciado pelos vieses cognitivos. Eles costumam atrapalhar a análise dos investimentos de diversas maneiras — podendo mesmo causar prejuízos.

Essa forma de agir pode impedir que o cliente monte uma carteira de investimentos sólida e diversificada.

O viés de familiaridade  é um comportamento que explica a tendência que alguns investidores têm de tomar decisões baseadas apenas no nível de conhecimento prévio que possuem em relação a determinados investimentos.

Com isso, ainda que outros ativos ou produtos financeiros se mostrem interessantes e alinhados à estratégia de alocação, eles seriam desconsiderados. Como consequência, é comum que esses investimentos sejam vistos por esse investidor como alternativas de menor segurança, por exemplo.

Quais os riscos desse viés para a carteira de investimentos?

Embora investir em ativos e produtos financeiros já conhecidos seja confortável, essa restrição pode resultar em desempenho abaixo do potencial do portfólio.

As escolhas enviesadas também podem comprometer o controle de risco. Ao se limitar ao que é familiar, o investidor pode cometer equívocos que resultam em perdas financeiras.

O objetivo é evitar a falsa diversificação, que ocorre quando os investimentos, apesar de diferentes, estão atrelados aos mesmos riscos. Por exemplo, se um cliente investir todo o capital em títulos de renda fixa distintos que estejam atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), ele não estará diversificando corretamente seu portfolio. Existem períodos em que o juro real de curto prazo pode ficar muito baixo ou negativo inclusive. Apesar da indexação ao CDI trazer pouca (ou nenhuma) volatilidade ` a carteira, o investidor pode prejudicar a gestão de outro risco: a preservação de poder de compra de seus ativos `a médio longo prazos.

A resistência ao novo também pode fazer com que os investidores percam oportunidades com maior potencial de rentabilidade, ainda que elas estejam adequadas ao seu perfil de investidor.

Como ajudar seu cliente a evitar o viés de familiaridade?

Diversificar com disciplina e conhecimento e’ fundamental para a boa gestão de uma carteira ao longo do ciclo de vida de um cliente.

A correta diversificação minimiza riscos de oscilação de preços, mas também traz soluções importante para riscos de reinvestimentos ao longo do tempo – ter títulos de curto e longo prazos na carteira, também e’ uma forma de diversificar.

A diversificação também pode trazer mais oportunidades de potencializar a rentabilidade do investidor. Afinal, o receio em investir em alternativas menos familiares pode interferir no potencial dos investimentos.

Logo, ao perceber que um cliente está mais propenso a fazer escolhas que sigam o caminho mais familiar, é possível orientá-lo melhor e apresentar o leque de alternativas que o mercado oferece. Dessa forma, o investidor pode tomar decisões mais conscientes — e sem o impacto dos atalhos mentais.

O mesmo vale para os assessores de investimentos. Saber como funciona o viés de familiaridade permite identificar se você tem esse tipo de comportamento. Dessa forma, é possível evitar os impactos da heurística da ancoragem no seu trabalho e prestar um melhor atendimento aos seus clientes, com mais disciplina e planejamento.

Gostou do conteúdo? Então aproveite para complementar a leitura e acesse outros vieses comportamentais desta coluna.