Quando o excesso de confiança nos investimentos pode ser superestimado
Um exemplo de excesso quanto ao nível de confiança envolve a vida financeira. Esse viés cognitivo nos faz confiar demais na própria capacidade de decidir
Publicado em 12 de abril de 2022 às, 18h13.
Por: Guilherme Pini
Nos primórdios da humanidade, a disponibilidade de energia era limitada, o que levava à necessidade dos humanos tornarem mais simples diversas tarefas. Entre elas, estava a tomada de decisão — e escolher, muitas vezes, era uma questão de sobrevivência.
Com o passar do tempo, o cérebro se adaptou a criar atalhos mentais que tornam automáticas ou menos complexas certas avaliações de cenário. Cada um desses processos cognitivos é chamado de viés comportamental.
Como você verá, o problema é que os atalhos podem induzir ao erro ou à imprecisão na escolha, já que não consideram todas as informações disponíveis.
O que é o viés de excesso de confiança?
Entre os vieses cognitivos, vale destacar o excesso de confiança (ou “overconfidence”, em inglês). Esse tema foi alvo de diversas pesquisas sobre o comportamento humano e envolve a percepção do indivíduo que sua capacidade de analisar dados e tomar decisões é melhor que a de outras pessoas. Isso faz com que as pessoas acreditem que seu poder de estimativa diante da incerteza é mais preciso do que ele realmente é.
Esse tipo de visão superestimada também pode levar à crença de que fracassos ou erros estão relacionados a fatores externos — e não às próprias decisões.
Como o excesso de confiança se manifesta nos investidores?
É comum, por exemplo, que o investidor acredite que é capaz de avaliar o cenário de maneira diferenciada em relação aos demais investidores.
Também, pode acontecer do investidor acreditar que não precisa fazer uma análise fundamentalista muito mais profunda e, especialmente, objetiva, antes de investir em ações ou em fundos.
Vale notar que esse viés pode não acontecer de maneira isolada. Ele pode estar relacionado à heurística de representatividade, por exemplo. Nesse caso, o investidor utiliza o próprio repertório para a tomada de decisão, acreditando que sua previsão é mais adequada que as demais projeções.
Já a associação ao viés de confirmação pode fazer com que ele busque dados que embasem a própria análise. Ao encontrar informações compatíveis com o que acredita, o investidor se sente mais confiante ainda para escolher — em vez de analisar outros pontos de vista.
Como o excesso de confiança pode afetar os investimentos?
Quando um investidor apresenta autoconfiança excessiva, é possível que ele assuma riscos maiores do que realmente tolera. Como consequência, o investidor pode tomar decisões precipitadas, como comprar um ativo na alta ou vendê-lo antecipadamente.
Também, é possível que o investidor passe a depender demais do acaso. Por não fazer análises adequadas ou se basear em dados de qualidade duvidosa, as escolhas se tornam mais aleatórias. Logo, é mais difícil colocar a estratégia em prática de maneira consistente e sustentável.
Ao longo do tempo, o excesso de confiança nos investimentos pode levar a decisões incorretas ou que não aproveitam totalmente as possibilidades do mercado.
Ademais, é comum que investidores excessivamente confiantes realizem mais operações do que os demais. Com isso, os custos se acumulam, diminuindo a rentabilidade líquida da carteira e afetando o alcance dos objetivos desejados.
Por que é importante conhecer esse viés?
Entender como o viés funciona, pode ajudar a identificar este comportamento nos investidores para orientá-los de maneira mais assertiva. Ao final, essa mudança de atitude pode ser útil para tomar decisões conscientes e alinhadas a cada perfil, objetivos e estratégia de investimento. Ter uma assessoria especializada ajudará, e muito, a diminuir fatores subjetivos e viesados do processo de tomada de decisão.