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Neuroeconomia: o que é e para que serve

O estudo da Neuroeconomia, surgiu graças aos avanços da Neurociência, que também estuda a mecânica mental por trás do processo decisório

(Andriy Onufriyenko/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2022 às 14h17.

Por Guilherme Pini, do BTG Pactual Advisors.

Muito alinhado com o tema de vieses comportamentais e a forma como tomamos as nossas decisões no mercado financeiro, está o estudo mais detalhado das nossas emoções na análise financeira. Essa linha de estudos deu origem ao que conhecemos como Neuroeconomia.

O estudo da Neuroeconomia, surgiu graças aos avanços da Neurociência, que também estuda a mecânica mental por trás do processo decisório. Com as tecnologias de ressonância magnética, os cientistas têm a capacidade de rastrear em tempo real o comportamento do nosso cérebro e quais regiões dele são afetadas quando tomamos uma decisão. Assim, podemos identificar as regiões afetadas e por quais sentimentos essas regiões são responsáveis (medo, angústia, prazer, alegria etc.).

Hoje, escutamos muito a frase “a economia não pertence mais apenas aos economistas”. Cientistas e psicólogos fazem grandes contribuições, principalmente quando falamos sobre tomada de decisão. Daniel Kahneman, por exemplo, foi o único psicólogo da história a receber o Prêmio Nobel de economia e focou seus estudos, do comportamento dos seres humanos, em situações de incerteza e grande pressão emocional. Situações clássicas, que ocorrem no momento de grandes decisões econômicas, como na compra de um imóvel ou na venda de ações quando a bolsa está em queda. Na minha coluna, Palavra do Advisor, coloquei alguns exemplos que simulam essas situações na vida dos investidores e estão relacionados aos vieses comportamentais.

Quando um investidor apresenta autoconfiança excessiva, por exemplo, é possível que ele assuma riscos maiores do que realmente tolera. Como consequência, o investidor pode tomar decisões precipitadas, como comprar um ativo na alta ou vendê-lo antecipadamente.

Também, pode acontecer do investidor acreditar que não precisa fazer uma análise fundamentalista muito mais profunda e, especialmente, objetiva, antes de investir em ações ou em fundos. Aversão à perda é um exemplo disso e ocorre quando um investidor liquida uma operação lucrativa antecipadamente. É o caso de quem investe em uma ação e, após determinado período, observa que houve uma valorização atrativa do ativo. Como a empresa mantém os fundamentos e tem boas perspectivas, o esperado é que a posição fosse mantida no longo prazo. Porém, o medo de perder o que já obteve até o momento faz com que o investidor venda os papéis. Assim, ele deixa de aproveitar o potencial de valorização futura.

Outro exemplo clássico, relacionado à ancoragem, seria você ler uma notícia sobre um ataque de tubarão em alto-mar.  Ao ser exposto a esta informação você, automaticamente, assume que esse tipo de ataque está acontecendo com mais frequência. Além disso, é provável que relacione essa notícia com o fato de os tubarões confundirem suas presas habituais em águas mais turvas. Como resultado, você passa a evitar nadar em alto-mar. Todavia, vale ressaltar que nem sempre um ataque acontece por causa desse motivo específico, e nadar em alto-mar não significa, obrigatoriamente, que você vai sofrer um ataque. Isso acontece por causa de um efeito psicológico chamado de priming. Ele envolve a capacidade do nosso cérebro de fazer múltiplas associações interligadas — formando uma reação em cadeia, resultante do conhecimento disponibilizado.

Vale lembrar que, perante essas circunstâncias, a forma como a nossa mente guarda e recupera informações nos induz aos vieses comportamentais analisados nesta coluna. Como já vem sendo discutido, isso acaba sendo prejudicial à boa gestão.  Nós temos a tendência de acreditar que as decisões são tomadas de forma racional, mas a Neuroeconomia explica que o processo é mais complexo, envolvendo a Neurobiologia com as emoções e os sentimentos.

Logo, esses estudos têm contribuído para os avanços significativos no mercado financeiro e em outras áreas de gestão.  Trazer um novo olhar para entendermos melhor a individualidade tanto genética quanto comportamental de cada um virou um facilitador para analisar situações e evitar decisões erradas.

Após entender o que é e como funciona a Neuroeconomia, você percebe que este estudo pode ter grande influência nos resultados e na sua experiência como investidor. Por isso, o conhecimento desse e de outros estudos é fundamental para nós, Advisors, para podermos ajudá-lo a avaliar melhor o cenário antes da tomada de decisão. Conte sempre conosco!

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Por Guilherme Pini, do BTG Pactual Advisors.

Muito alinhado com o tema de vieses comportamentais e a forma como tomamos as nossas decisões no mercado financeiro, está o estudo mais detalhado das nossas emoções na análise financeira. Essa linha de estudos deu origem ao que conhecemos como Neuroeconomia.

O estudo da Neuroeconomia, surgiu graças aos avanços da Neurociência, que também estuda a mecânica mental por trás do processo decisório. Com as tecnologias de ressonância magnética, os cientistas têm a capacidade de rastrear em tempo real o comportamento do nosso cérebro e quais regiões dele são afetadas quando tomamos uma decisão. Assim, podemos identificar as regiões afetadas e por quais sentimentos essas regiões são responsáveis (medo, angústia, prazer, alegria etc.).

Hoje, escutamos muito a frase “a economia não pertence mais apenas aos economistas”. Cientistas e psicólogos fazem grandes contribuições, principalmente quando falamos sobre tomada de decisão. Daniel Kahneman, por exemplo, foi o único psicólogo da história a receber o Prêmio Nobel de economia e focou seus estudos, do comportamento dos seres humanos, em situações de incerteza e grande pressão emocional. Situações clássicas, que ocorrem no momento de grandes decisões econômicas, como na compra de um imóvel ou na venda de ações quando a bolsa está em queda. Na minha coluna, Palavra do Advisor, coloquei alguns exemplos que simulam essas situações na vida dos investidores e estão relacionados aos vieses comportamentais.

Quando um investidor apresenta autoconfiança excessiva, por exemplo, é possível que ele assuma riscos maiores do que realmente tolera. Como consequência, o investidor pode tomar decisões precipitadas, como comprar um ativo na alta ou vendê-lo antecipadamente.

Também, pode acontecer do investidor acreditar que não precisa fazer uma análise fundamentalista muito mais profunda e, especialmente, objetiva, antes de investir em ações ou em fundos. Aversão à perda é um exemplo disso e ocorre quando um investidor liquida uma operação lucrativa antecipadamente. É o caso de quem investe em uma ação e, após determinado período, observa que houve uma valorização atrativa do ativo. Como a empresa mantém os fundamentos e tem boas perspectivas, o esperado é que a posição fosse mantida no longo prazo. Porém, o medo de perder o que já obteve até o momento faz com que o investidor venda os papéis. Assim, ele deixa de aproveitar o potencial de valorização futura.

Outro exemplo clássico, relacionado à ancoragem, seria você ler uma notícia sobre um ataque de tubarão em alto-mar.  Ao ser exposto a esta informação você, automaticamente, assume que esse tipo de ataque está acontecendo com mais frequência. Além disso, é provável que relacione essa notícia com o fato de os tubarões confundirem suas presas habituais em águas mais turvas. Como resultado, você passa a evitar nadar em alto-mar. Todavia, vale ressaltar que nem sempre um ataque acontece por causa desse motivo específico, e nadar em alto-mar não significa, obrigatoriamente, que você vai sofrer um ataque. Isso acontece por causa de um efeito psicológico chamado de priming. Ele envolve a capacidade do nosso cérebro de fazer múltiplas associações interligadas — formando uma reação em cadeia, resultante do conhecimento disponibilizado.

Vale lembrar que, perante essas circunstâncias, a forma como a nossa mente guarda e recupera informações nos induz aos vieses comportamentais analisados nesta coluna. Como já vem sendo discutido, isso acaba sendo prejudicial à boa gestão.  Nós temos a tendência de acreditar que as decisões são tomadas de forma racional, mas a Neuroeconomia explica que o processo é mais complexo, envolvendo a Neurobiologia com as emoções e os sentimentos.

Logo, esses estudos têm contribuído para os avanços significativos no mercado financeiro e em outras áreas de gestão.  Trazer um novo olhar para entendermos melhor a individualidade tanto genética quanto comportamental de cada um virou um facilitador para analisar situações e evitar decisões erradas.

Após entender o que é e como funciona a Neuroeconomia, você percebe que este estudo pode ter grande influência nos resultados e na sua experiência como investidor. Por isso, o conhecimento desse e de outros estudos é fundamental para nós, Advisors, para podermos ajudá-lo a avaliar melhor o cenário antes da tomada de decisão. Conte sempre conosco!

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