Falácia do apostador: o que significa e como ela se dá nos investimentos?
Esse comportamento foi inicialmente observado em um cassino, mas também se aplica ao mercado de investimentos
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2022 às 10h17.
Por Guilherme Pini, do BTG Pactual Advisors
Você que acompanha a minha coluna já sabe que, ao tomar decisões no mercado financeiro, é comum buscar padrões e lógicas para entender o comportamento dos investimentos — em especial, na renda variável. Porém, considerar o histórico incorretamente pode favorecer a ocorrência de um viés conhecido como falácia do apostador.
Esse comportamento foi inicialmente observado em um cassino, mas também se aplica ao mercado de investimentos.
O viés do apostador se baseia na crença de que um evento é mais ou menos provável de acontecer em função do histórico consolidado. Isso, pode levá-lo a decisões incorretas — que não se baseiam em fatos pautados na realidade.
Como a falácia do apostador funciona?
Para entender a falácia do apostador, vale a pena utilizar um exemplo. Imagine que uma moeda é jogada para o ar 5 vezes e, em seguida, observa-se se o resultado foi cara ou coroa. Nas 5 vezes, o lançamento resultou em cara. Duas pessoas são perguntadas sobre qual acreditam que será o resultado da próxima rodada. A primeira diz que é mais provável que o resultado seja cara, como já vem acontecendo. Já a segunda acredita que é mais provável que dê coroa, já que a cara apareceu muitas vezes antes.
Entre as duas, quem está certo? Na verdade, nenhuma das pessoas está correta, pois ambas estão influenciadas pela falácia do jogador. Ou seja, ambas estão se baseando no histórico de resultados, e não na probabilidade realista.
Afinal, em uma moeda comum que é jogada aleatoriamente para o ar, a probabilidade de o resultado ser cara ou de ser coroa é sempre 50%, independentemente do histórico.
Como a falácia do apostador se dá nos investimentos?
Como você viu, a falácia do apostador está relacionada à probabilidade e, por isso, é bastante comum que ela ocorra nos jogos de azar. Porém, esse viés cognitivo e comportamental também se relaciona ao mercado financeiro.
Com isso, a tomada de decisão pode ser afetada. É o que acontece, por exemplo, quando uma ação acumula um período contínuo de alta — no mesmo pregão ou ao longo dos dias.
Nessa situação, existem investidores que decidem liquidar suas posições. Eles vendem os papéis que têm na carteira porque acreditam que, necessariamente, a tendência de alta será revertida para uma queda.
Como consequência, há o encerramento de um investimento de maneira prematura. Logo, pode ocorrer de todo o potencial do ativo não ser alcançado, levando ao desperdício de uma boa oportunidade para o portfólio.
O contrário também ocorre, podendo envolver um movimento de baixa. Ao observar que um investimento está em queda há um tempo relativamente longo, o investidor pode concluir que a valorização é iminente e, assim, comprar os ativos.
Ao mesmo tempo, nada impede que a queda continue acontecendo, o que poderia levar a um prejuízo na operação.
A falácia do apostador pode se relacionar a outros vieses?
Um dos vieses que se relaciona à falácia do investidor é a heurística de representatividade. Por meio dela, o cérebro tenta encontrar padrões para comparar informações. Nesse caso, é comum que o investidor enxergue uma probabilidade maior em relação ao que tem mais representação para ele.
Imagine alguém que investe em uma empresa com bom histórico de valorização. Se a ação sofrer quedas, o investidor pode ser levado a comprar os papéis acreditando na valorização subsequente — tanto pela falácia do apostador quanto pela heurística de representatividade.
Esse efeito também pode se relacionar com a aversão à perda. Por exemplo, o investidor pode se sentir mais inclinado a fazer uma operação para evitar uma perda que ele julga ser mais provável em razão de ocorrências anteriores.
Como ajudar seu cliente a evitar esse viés?
Uma das soluções para a situação é ajudar o investidor a perceber que o histórico não é garantia de desempenho na renda variável.
Logo, o comportamento anterior de um ativo não significa, necessariamente, que o movimento oposto ocorrerá. Em um momento de volatilidade, por exemplo, o comportamento pode se tornar mais difícil de prever.
Além disso, vale a pena estimular o aprendizado sobre a análise fundamentalista e, no caso dos especuladores, da análise técnica. Assim, seu cliente poderá identificar, com mais embasamento, quando pode ser a hora de sair ou de manter o investimento.
Outra iniciativa interessante é demonstrar para o investidor a importância de realizar operações alinhadas ao seu perfil de risco e à sua estratégia. Desse modo, é possível diminuir os ruídos que podem ser causados pelo comportamento do mercado.
Quer continuar aprendendo sobre o mercado financeiro e o relacionamento com investidores? Acompanhe os insights exclusivos do BTG Advisors !
Por Guilherme Pini, do BTG Pactual Advisors
Você que acompanha a minha coluna já sabe que, ao tomar decisões no mercado financeiro, é comum buscar padrões e lógicas para entender o comportamento dos investimentos — em especial, na renda variável. Porém, considerar o histórico incorretamente pode favorecer a ocorrência de um viés conhecido como falácia do apostador.
Esse comportamento foi inicialmente observado em um cassino, mas também se aplica ao mercado de investimentos.
O viés do apostador se baseia na crença de que um evento é mais ou menos provável de acontecer em função do histórico consolidado. Isso, pode levá-lo a decisões incorretas — que não se baseiam em fatos pautados na realidade.
Como a falácia do apostador funciona?
Para entender a falácia do apostador, vale a pena utilizar um exemplo. Imagine que uma moeda é jogada para o ar 5 vezes e, em seguida, observa-se se o resultado foi cara ou coroa. Nas 5 vezes, o lançamento resultou em cara. Duas pessoas são perguntadas sobre qual acreditam que será o resultado da próxima rodada. A primeira diz que é mais provável que o resultado seja cara, como já vem acontecendo. Já a segunda acredita que é mais provável que dê coroa, já que a cara apareceu muitas vezes antes.
Entre as duas, quem está certo? Na verdade, nenhuma das pessoas está correta, pois ambas estão influenciadas pela falácia do jogador. Ou seja, ambas estão se baseando no histórico de resultados, e não na probabilidade realista.
Afinal, em uma moeda comum que é jogada aleatoriamente para o ar, a probabilidade de o resultado ser cara ou de ser coroa é sempre 50%, independentemente do histórico.
Como a falácia do apostador se dá nos investimentos?
Como você viu, a falácia do apostador está relacionada à probabilidade e, por isso, é bastante comum que ela ocorra nos jogos de azar. Porém, esse viés cognitivo e comportamental também se relaciona ao mercado financeiro.
Com isso, a tomada de decisão pode ser afetada. É o que acontece, por exemplo, quando uma ação acumula um período contínuo de alta — no mesmo pregão ou ao longo dos dias.
Nessa situação, existem investidores que decidem liquidar suas posições. Eles vendem os papéis que têm na carteira porque acreditam que, necessariamente, a tendência de alta será revertida para uma queda.
Como consequência, há o encerramento de um investimento de maneira prematura. Logo, pode ocorrer de todo o potencial do ativo não ser alcançado, levando ao desperdício de uma boa oportunidade para o portfólio.
O contrário também ocorre, podendo envolver um movimento de baixa. Ao observar que um investimento está em queda há um tempo relativamente longo, o investidor pode concluir que a valorização é iminente e, assim, comprar os ativos.
Ao mesmo tempo, nada impede que a queda continue acontecendo, o que poderia levar a um prejuízo na operação.
A falácia do apostador pode se relacionar a outros vieses?
Um dos vieses que se relaciona à falácia do investidor é a heurística de representatividade. Por meio dela, o cérebro tenta encontrar padrões para comparar informações. Nesse caso, é comum que o investidor enxergue uma probabilidade maior em relação ao que tem mais representação para ele.
Imagine alguém que investe em uma empresa com bom histórico de valorização. Se a ação sofrer quedas, o investidor pode ser levado a comprar os papéis acreditando na valorização subsequente — tanto pela falácia do apostador quanto pela heurística de representatividade.
Esse efeito também pode se relacionar com a aversão à perda. Por exemplo, o investidor pode se sentir mais inclinado a fazer uma operação para evitar uma perda que ele julga ser mais provável em razão de ocorrências anteriores.
Como ajudar seu cliente a evitar esse viés?
Uma das soluções para a situação é ajudar o investidor a perceber que o histórico não é garantia de desempenho na renda variável.
Logo, o comportamento anterior de um ativo não significa, necessariamente, que o movimento oposto ocorrerá. Em um momento de volatilidade, por exemplo, o comportamento pode se tornar mais difícil de prever.
Além disso, vale a pena estimular o aprendizado sobre a análise fundamentalista e, no caso dos especuladores, da análise técnica. Assim, seu cliente poderá identificar, com mais embasamento, quando pode ser a hora de sair ou de manter o investimento.
Outra iniciativa interessante é demonstrar para o investidor a importância de realizar operações alinhadas ao seu perfil de risco e à sua estratégia. Desse modo, é possível diminuir os ruídos que podem ser causados pelo comportamento do mercado.
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