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Efeito manada: como identificar esse viés no mercado de investimentos?

Na coluna desta semana, Guilherme Pini comenta sobre o efeito manada e como ele funciona nas finanças comportamentais

(TERADAT SANTIVIVUT/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2022 às 17h18.

Por Guilherme Pini, do BTG Pactual Advisors

Criei esta coluna para explicar como os vieses comportamentais fazem parte da evolução humana e foram úteis na tomada de decisão rápida em situações adversas ao longo dos milênios. No entanto, eles podem ser prejudiciais quando se trata de investimentos.

Para saber mais sobre o efeito manada e como ele funciona nas finanças comportamentais, confira este artigo!

O que é efeito manada?

O efeito manada talvez seja o viés cognitivo mais comum visto no mercado financeiro — embora também ocorra em outros contextos do cotidiano. De acordo com a psicologia, esse é um comportamento coletivo, em que indivíduos tomam decisões baseadas no comportamento do grupo.

O problema é que, muitas vezes, as pessoas não tomariam essas decisões de modo individual. Além disso, nem sempre a escolha se apoia em fatos e conclusões objetivas. Na verdade, é bastante comum que o comportamento coletivo seja motivado por emoções, como empolgação ou medo.

Além do significado, a psicologia ajuda a explicar os principais motivos que influenciam essa forma de agir. O primeiro deles envolve a crença de que um grupo de pessoas não pode estar totalmente errado.

Então, quando um indivíduo vê muitos pessoas se comportando de uma certa forma, ele tende a acreditar que o certo é fazer a mesma coisa. Afinal, há a ideia de que o consenso é mais confiável, pois existe a crença de que todo grupo já fez sua pesquisa – o que raramente é verdade.

O efeito manada também pode ocorrer por conta da necessidade de aceitação social. Como o ser humano, em geral, busca fazer parte de grupos, agir como as outras pessoas, oferece esse senso de conformidade.

Como acontece esse efeito?

Agora que você entende o que é o efeito manada e por que ele costuma ocorrer, vale a pena compreender como ele se concretiza no mercado financeiro. Em geral, é possível usar exemplos de situações distintas: a alta de um investimento e a queda da Bolsa de Valores.

No movimento de alta, o efeito manada acontece quando as pessoas fazem investimentos porque “todo mundo também está fazendo”. Pode haver uma urgência para aproveitar essa oportunidade, o que pode estar relacionado a outros vieses comportamentais, como a aversão à perda.

Um exemplo clássico  disso são os “ meme stocks ”. A popularidade dessas ações geram sua valorização. Elas são baseadas em memes da internet, ou seja, não existe uma análise fundamentada para a ação subir. Normalmente os investidores da ação são jovens e inexperientes, tornando a ação ainda mais especulativa e volátil.  O caso das ações da GameStop, que viralizou nas redes, foi um exemplo disso, convencendo as pessoas que era possível ter um ganho expressivo com o investimento que, passado algum tempo, provou-se falso.

Outro ponto seria em um momento de crise, na qual é comum que muitos investidores se desfaçam de seus ativos, o que tende a ampliar a oscilação negativa no mercado.

Movidos pelo medo, quanto mais a queda se aprofunda, maior tende a ser a inclinação dos investidores a fecharem suas posições.

Quais são os riscos do efeito manada para a carteira do investidor?

Quando, por exemplo, um investidor faz um aporte apenas porque o mercado se comporta a favor dessa decisão, ele corre o risco de pagar mais do que o ativo vale. É o que acontece no caso de ações. Como você sabe, na renda variável, um dos principais objetivos do investidor é comprar barato para vender caro.

Ao comprar em um forte (e injustificado) movimento de alta, a tendência é que a valorização do investimento seja reduzida ou nem exista. Logo, os riscos de ter resultados baixos ou negativos é maior.

Além disso, vender os investimentos em um momento de queda pode gerar perdas que seriam evitáveis. Quando a Bolsa de Valores cai, o investidor só terá perdas se realizar o prejuízo – ou seja, se vender os papéis.

Já se os fundamentos indicarem que o ativo pode se recuperar e o investidor for capaz de esperar, pode não haver prejuízo pela venda das ações no futuro. Ao contrário, a queda generalizada do mercado pode trazer oportunidades de comprar ações abaixo do que valem – aumentando o potencial de ganhos.

Portanto, ao deixar-se levar pelo efeito manada, seu cliente poderá experimentar, com maior intensidade, os resultados negativos na rentabilidade da carteira. Por sua vez, o desempenho do portfólio poderá ser menor ou mesmo se tornar negativo devido às decisões tomadas com base na emoção.

Como ajudar seu cliente a identificar e se proteger desse movimento?

Após identificar esse quadro, é importante estimular o investidor a fazer um estudo sobre as condições do mercado, sobre as oportunidades de investimento e sobre a sua própria estratégia e objetivos. Assim, ele poderá chegar com o seu Advisor a uma conclusão racional sobre qual é a melhor escolha para a sua carteira.

Além disso, o Advisor pode apresentar informações e dados relevantes para estruturar a tomada de decisão, tornando-a mais embasada. Desse modo, o seu cliente terá uma visão mais ampla do mercado e poderá fazer escolhas mais estratégicas.

Assim, será possível apoiar seus clientes a tomarem decisões mais estratégicas e conscientes, evitando os efeitos desse comportamento coletivo ao longo da jornada no mercado financeiro.

Gostou deste conteúdo? Aproveite para conhecer outros vieses comportamentais, aqui, na coluna Palavra do Advisor.

Por Guilherme Pini, do BTG Pactual Advisors

Criei esta coluna para explicar como os vieses comportamentais fazem parte da evolução humana e foram úteis na tomada de decisão rápida em situações adversas ao longo dos milênios. No entanto, eles podem ser prejudiciais quando se trata de investimentos.

Para saber mais sobre o efeito manada e como ele funciona nas finanças comportamentais, confira este artigo!

O que é efeito manada?

O efeito manada talvez seja o viés cognitivo mais comum visto no mercado financeiro — embora também ocorra em outros contextos do cotidiano. De acordo com a psicologia, esse é um comportamento coletivo, em que indivíduos tomam decisões baseadas no comportamento do grupo.

O problema é que, muitas vezes, as pessoas não tomariam essas decisões de modo individual. Além disso, nem sempre a escolha se apoia em fatos e conclusões objetivas. Na verdade, é bastante comum que o comportamento coletivo seja motivado por emoções, como empolgação ou medo.

Além do significado, a psicologia ajuda a explicar os principais motivos que influenciam essa forma de agir. O primeiro deles envolve a crença de que um grupo de pessoas não pode estar totalmente errado.

Então, quando um indivíduo vê muitos pessoas se comportando de uma certa forma, ele tende a acreditar que o certo é fazer a mesma coisa. Afinal, há a ideia de que o consenso é mais confiável, pois existe a crença de que todo grupo já fez sua pesquisa – o que raramente é verdade.

O efeito manada também pode ocorrer por conta da necessidade de aceitação social. Como o ser humano, em geral, busca fazer parte de grupos, agir como as outras pessoas, oferece esse senso de conformidade.

Como acontece esse efeito?

Agora que você entende o que é o efeito manada e por que ele costuma ocorrer, vale a pena compreender como ele se concretiza no mercado financeiro. Em geral, é possível usar exemplos de situações distintas: a alta de um investimento e a queda da Bolsa de Valores.

No movimento de alta, o efeito manada acontece quando as pessoas fazem investimentos porque “todo mundo também está fazendo”. Pode haver uma urgência para aproveitar essa oportunidade, o que pode estar relacionado a outros vieses comportamentais, como a aversão à perda.

Um exemplo clássico  disso são os “ meme stocks ”. A popularidade dessas ações geram sua valorização. Elas são baseadas em memes da internet, ou seja, não existe uma análise fundamentada para a ação subir. Normalmente os investidores da ação são jovens e inexperientes, tornando a ação ainda mais especulativa e volátil.  O caso das ações da GameStop, que viralizou nas redes, foi um exemplo disso, convencendo as pessoas que era possível ter um ganho expressivo com o investimento que, passado algum tempo, provou-se falso.

Outro ponto seria em um momento de crise, na qual é comum que muitos investidores se desfaçam de seus ativos, o que tende a ampliar a oscilação negativa no mercado.

Movidos pelo medo, quanto mais a queda se aprofunda, maior tende a ser a inclinação dos investidores a fecharem suas posições.

Quais são os riscos do efeito manada para a carteira do investidor?

Quando, por exemplo, um investidor faz um aporte apenas porque o mercado se comporta a favor dessa decisão, ele corre o risco de pagar mais do que o ativo vale. É o que acontece no caso de ações. Como você sabe, na renda variável, um dos principais objetivos do investidor é comprar barato para vender caro.

Ao comprar em um forte (e injustificado) movimento de alta, a tendência é que a valorização do investimento seja reduzida ou nem exista. Logo, os riscos de ter resultados baixos ou negativos é maior.

Além disso, vender os investimentos em um momento de queda pode gerar perdas que seriam evitáveis. Quando a Bolsa de Valores cai, o investidor só terá perdas se realizar o prejuízo – ou seja, se vender os papéis.

Já se os fundamentos indicarem que o ativo pode se recuperar e o investidor for capaz de esperar, pode não haver prejuízo pela venda das ações no futuro. Ao contrário, a queda generalizada do mercado pode trazer oportunidades de comprar ações abaixo do que valem – aumentando o potencial de ganhos.

Portanto, ao deixar-se levar pelo efeito manada, seu cliente poderá experimentar, com maior intensidade, os resultados negativos na rentabilidade da carteira. Por sua vez, o desempenho do portfólio poderá ser menor ou mesmo se tornar negativo devido às decisões tomadas com base na emoção.

Como ajudar seu cliente a identificar e se proteger desse movimento?

Após identificar esse quadro, é importante estimular o investidor a fazer um estudo sobre as condições do mercado, sobre as oportunidades de investimento e sobre a sua própria estratégia e objetivos. Assim, ele poderá chegar com o seu Advisor a uma conclusão racional sobre qual é a melhor escolha para a sua carteira.

Além disso, o Advisor pode apresentar informações e dados relevantes para estruturar a tomada de decisão, tornando-a mais embasada. Desse modo, o seu cliente terá uma visão mais ampla do mercado e poderá fazer escolhas mais estratégicas.

Assim, será possível apoiar seus clientes a tomarem decisões mais estratégicas e conscientes, evitando os efeitos desse comportamento coletivo ao longo da jornada no mercado financeiro.

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