Crença nos investimentos: entenda como lidar com ela
Neste texto, mostraremos o que é a insistência em uma crença nos investimentos e como você deve lidar com ela na sua rotina profissional
Publicado em 7 de junho de 2022 às, 16h18.
Última atualização em 7 de junho de 2022 às, 16h18.
Por Guilherme Pini, do BTG Pactual Advisors
O que é a insistência em uma crença?
Para entender esse fenômeno psicológico, é importante compreender a construção de conhecimento e crença.
Normalmente, alguém crê em determinado tema ou afirmação após ser apresentado a informações (verdadeiras ou não) que corroboram o assunto. A partir do momento no qual ocorre o convencimento, o indivíduo acredita que aquela é a verdade.
A perseverança de crença, por sua vez, está relacionada aos elementos contraditórios que podem refutar essa crença. Em geral, uma pessoa tende a adotar um dos dois caminhos a seguir:
- relutar em buscar informações que contrariem as crenças;
- considerar as informações contraditórias com excessivo ceticismo.
De modo geral, esse efeito acontece porque as pessoas evitam ter que lidar com a mudança de perspectiva. Afinal, é mais cômodo manter a crença que já existe do que repensar a avaliação de cenários ou ter que se acostumar a uma nova visão. Contudo, isso também impede mudanças que poderiam ser positivas.
Quem acredita que ter estabilidade financeira é muito difícil, por exemplo, pode deixar de se planejar financeiramente e não fazer investimentos. Com isso, a situação financeira tende a não mudar — embora existam evidências de que é possível atingir maior tranquilidade no orçamento com a adoção dessas medidas.
Como ela costuma surgir nos investimentos?
Imagine um investidor que realizou uma extensa análise fundamentalista e escolheu as ações de uma empresa. Naquele momento, a decisão realmente era positiva e o investidor obteve uma valorização nos ativos.
Porém, após um tempo, a empresa perdeu força perante os concorrentes e passou a apresentar resultados negativos. Com uma análise dos balanços e das demais informações da companhia, o investidor tem todas as evidências de que a escolha já não é tão interessante – e que poderia ser melhor se desfazer dos papéis.
No entanto, é provável que opte por manter os aportes. Afinal, o investidor será mais resistente a concluir que aquilo em que acredita – a valorização em longo prazo das ações – já não é verdade.
Outro exemplo envolve a crença sobre a renda fixa. Um investidor pode acreditar que um investimento desse tipo não tem risco e que, portanto, é indicado para qualquer situação.
Porém, aplicações de longo prazo apresentam mais riscos por causa das incertezas sobre o futuro. Além disso, títulos prefixados e híbridos sofrem maiores efeitos da marcação a mercado. Logo, se houver antecipação do resgate, eles serão vendidos pelo preço de negociação naquele dia, o que pode gerar perdas.
Mesmo diante desses fatos, um investidor pode desconsiderar a necessidade de analisar os riscos ao investir. Afinal, sua crença é de que a renda fixa é sempre segura — e isso pode levá-lo a aplicar dinheiro de modo inadequado.
Por que é importante entender esse viés?
Na prática, esse elemento pode tornar um processo complexo de avaliação e ponderação em uma questão excessivamente simplificada. Afinal, o investidor pode se manter preso ao que acredita sem considerar outros pontos de vista.
Além disso, há chances de que ele espere retorno de uma alternativa que não é capaz de entregar o desempenho esperado.
Com um entendimento completo sobre esse tema, você pode ajudar seus clientes a analisarem melhor as situações do mercado. Assim, eles poderão fazer escolhas mais alinhadas às suas necessidades individuais – o que tende a favorecer a percepção de valor do cliente em relação aos seus serviços.
Como lidar com esse viés comportamental em nossos investimentos?
Passa a ser muito importante criar uma lista de fontes confiáveis de informações e estabelecer um processo disciplinado de fatores que nos ajudaram a escolher determinado investimento. Uma mudança no cenário ou substancial alteração de alguns fatores, deveriam nos chamar à atenção para uma avaliação mais profunda de uma carteira. É exatamente esse processo que um Advisor qualificado faz para seus clientes – ter um processo disciplinado de revisão e construção de portfolio nos protege dos vieses.
Gostou de aprender mais sobre esse viés? Continue a leitura sobre finanças comportamentais na minha coluna ou no site do BTG Pactual Advisors.