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Como a aversão à perda pode impactar a carteira dos investidores?

Descubra como esse viés funciona e entenda quais podem ser os impactos para o investidor

 (primeimages/Getty Images)
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Palavra do Advisor

Publicado em 4 de março de 2022 às, 14h33.

Última atualização em 4 de março de 2022 às, 14h45.

Por: Guilherme Pini, Cohead do BTG Pactual Advisors

A tomada de decisão nem sempre é racional e, na maior parte das vezes, os investidores são influenciados por vieses que interferem na avaliação objetiva das informações e nas escolhas realizadas. Entre os tipos existentes, há a aversão à perda.

Esse viés se baseia em estudos psicológicos que concluíram que as pessoas atribuem um peso maior a uma perda que a um ganho de mesmo valor. Isso pode acontecer, tanto antes do investimento, quanto após a realização de aplicações financeiras.

Portanto, é preciso ajudar o investidor a superar essa barreira comportamental em diversos momentos da atuação no mercado.

Para entender melhor, vamos a alguns exemplos sobre a incidência desse viés:

Rejeição à realização de prejuízo

Pense em um investidor que decidiu adquirir ações de uma determinada empresa. Porém, em determinado momento, ela passa por uma forte queda, devido às condições do mercado. Embora a companhia não tenha perdido todos seus fundamentos, uma possível recuperação é incerta e tende a demorar a acontecer.

Paralelamente, existem outras oportunidades no mercado financeiro que podem ser mais interessantes e com o mesmo nível de riscos. Nesse caso, o investidor poderia realizar o prejuízo e efetuar outro investimento para compensar as perdas e alcançar os resultados desejados no início.

Porém, diante da aversão à perda, o investidor pode se recusar a realizar o prejuízo. Afinal, seria necessário admitir que houve um erro na decisão ou que o prejuízo realmente aconteceu.

Encerramento precipitado de posições

Outro exemplo ocorre quando um investidor liquida uma operação lucrativa antecipadamente. É o caso de quem investe em uma ação e, após determinado período, observa que houve uma valorização atrativa do ativo.

Como a empresa mantém os fundamentos e tem boas perspectivas, o esperado é que a posição fosse mantida no longo prazo. Porém, o medo de perder o que já obteve até o momento faz com que o investidor venda os papéis. Assim, ele deixa de aproveitar o potencial de valorização futura.

Escolha inadequada de investimentos

O medo de perder boas oportunidades também pode se manifestar na tomada de decisões precipitadas. Um exemplo é o investidor que decide aportar o dinheiro em uma suposta oportunidade imperdível — sem considerar o seu perfil de risco ou os objetivos financeiros.

Como consequência, há mais chances de as perdas ocorrerem, o que pode desencadear algum dos comportamentos apresentados.

Como o viés pode impactar a carteira do investidor?

A aversão à perda pode causar efeitos indesejáveis — em especial, em relação à tomada de decisão. Logo, a carteira de investimentos tende a ser afetada.

No geral, ela deixa de refletir a estratégia de investimento e passa a apresentar um potencial desperdiçado ou subaproveitado. Como consequência, é mais difícil atingir os objetivos financeiros desejados.

Por que o assessor precisa conhecer esse viés?

Saber todos esses aspectos sobre a aversão à perda é essencial para um Advisor esclarecer para o seu cliente dúvidas sobre os produtos, estratégias de investimento e alertá-lo sobre impactos causados na carteira. Também, ajudar seu cliente de maneira mais direta ajudando-o a superar esse viés e investir cada vez melhor.