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O taxista que poderia ter parado o Uber

Em Londres, o número de veículos Uber já superou o dos famosos táxis pretos. A cada semana, 30 mil novos usuários baixam o aplicativo somente na cidade inglesa. E esta é apenas uma das 400 cidades ao redor do mundo em que o serviço digital é o inimigo número 1 de milhões de taxistas. Mas houve um dia em que bastava um taxista para frear o Uber. Foi em 2008, em Paris, […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2016 às 13h36.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 07h38.

Em Londres, o número de veículos Uber já superou o dos famosos táxis pretos. A cada semana, 30 mil novos usuários baixam o aplicativo somente na cidade inglesa. E esta é apenas uma das 400 cidades ao redor do mundo em que o serviço digital é o inimigo número 1 de milhões de taxistas.

Mas houve um dia em que bastava um taxista para frear o Uber. Foi em 2008, em Paris, quando dois investidores americanos buscavam desesperadamente pegar um táxi tarde da noite. Quem já passou por isso, sabe que nesse horário a tarefa é quase impossível na capital francesa.

Era inverno, a temperatura abaixo de zero, e uma verdadeira nevasca assolava a cidade. Foi neste momento que os homens tiveram a ideia de criar o inovador serviço. Dois anos depois, o Uber chegava às ruas de São Francisco, EUA, cidade de ambos. Atualmente, apenas 6 anos depois, a empresa está avaliada em 60 bilhões de dólares.

Agora a pergunta: se naquela noite tivesse aparecido um táxi, haveria hoje o Uber? É difícil afirmar, mas eu acredito que não. Ou, pelo menos, não o app criado por Travis Kalanick e Garrett Camp. Desde o início, tudo conspirou contra o projeto. Acompanhe.

Naquela mesma viagem à capital francesa, os amigos apresentaram a ideia a um grupo de investidores internacionais, que selecionavam start-ups que valiam a aposta. Pasme: ninguém se empolgou e, pelo contrário, o grupo afirmou ter ali outras ideias muito mais atraentes.

Na volta a São Francisco, Travis desistiu da empreitada. Além de também não ver futuro na proposta, ele havia acabado de fracassar em uma start-up, e não estava disposto a arriscar novamente. Garrett levou meses para demovê-lo da decisão.

Por fim, apenas 5 meses após o lançamento, a Prefeitura de São Francisco e o Estado da Califórnia ameaçaram fechar a companhia acusando-a de atuar ilegalmente, sem as licenças necessárias. De lá para cá, o Uber vem enfrentando processos na França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Brasil etc. Nos EUA, apenas em 2015, o aplicativo recebeu 50 processos.

Ou seja, foram tantos percalços que, se não estivessem marcados pela traumática experiência em Paris, provavelmente os fundadores teriam abandonado o plano. Veja o que afirmou Travis numa palestra ministrada em 2014 no Royal Albert Hall, em Londres: “Não sei se vocês já passaram por isso, mas pegar um táxi em Paris pode ser muito difícil. Meu sócio então falou: ‘eu gostaria apenas de apertar um botão e ter um carro’. A gente só decidiu fazer isso.”

Curiosidade 1: Em 2014, houve uma manifestação contra o Uber no centro de Londres com a participação de centenas de táxis. Os downloads do Uber saltaram incríveis 850%. A razão do cliente parece óbvia: “se estão em greve, precisamos buscar uma alternativa”. Os taxistas deviam pensar nisso antes de promover paralisações.

Curiosidade 2: Quem pensa que Travis está satisfeito com o enorme sucesso de sua empresa, está enganado. Sua ambição é ser maior que Google, Amazon, eBay e Walmart. Para isso, ele pretende transformar o smartphone num controle remoto para a vida, entregando de tudo: “Se podemos ter um carro em 5 minutos, podemos ter qualquer coisa em 5 minutos”.

Fontes:

The Guardian, 27 April 2016 – https://www.theguardian.com/technology/2016/apr/27/how-uber-conquered-london

Vanity Fair, November 2014 – http://www.vanityfair.com/news/2014/12/uber-travis-kalanick-controversy

Convention IoD 2014, Royal Albert Hall, UK http://www.iod.com/Connecting/Annual%20Convention%202014%20Post%20Convention/Travis%20Kalanick

Em Londres, o número de veículos Uber já superou o dos famosos táxis pretos. A cada semana, 30 mil novos usuários baixam o aplicativo somente na cidade inglesa. E esta é apenas uma das 400 cidades ao redor do mundo em que o serviço digital é o inimigo número 1 de milhões de taxistas.

Mas houve um dia em que bastava um taxista para frear o Uber. Foi em 2008, em Paris, quando dois investidores americanos buscavam desesperadamente pegar um táxi tarde da noite. Quem já passou por isso, sabe que nesse horário a tarefa é quase impossível na capital francesa.

Era inverno, a temperatura abaixo de zero, e uma verdadeira nevasca assolava a cidade. Foi neste momento que os homens tiveram a ideia de criar o inovador serviço. Dois anos depois, o Uber chegava às ruas de São Francisco, EUA, cidade de ambos. Atualmente, apenas 6 anos depois, a empresa está avaliada em 60 bilhões de dólares.

Agora a pergunta: se naquela noite tivesse aparecido um táxi, haveria hoje o Uber? É difícil afirmar, mas eu acredito que não. Ou, pelo menos, não o app criado por Travis Kalanick e Garrett Camp. Desde o início, tudo conspirou contra o projeto. Acompanhe.

Naquela mesma viagem à capital francesa, os amigos apresentaram a ideia a um grupo de investidores internacionais, que selecionavam start-ups que valiam a aposta. Pasme: ninguém se empolgou e, pelo contrário, o grupo afirmou ter ali outras ideias muito mais atraentes.

Na volta a São Francisco, Travis desistiu da empreitada. Além de também não ver futuro na proposta, ele havia acabado de fracassar em uma start-up, e não estava disposto a arriscar novamente. Garrett levou meses para demovê-lo da decisão.

Por fim, apenas 5 meses após o lançamento, a Prefeitura de São Francisco e o Estado da Califórnia ameaçaram fechar a companhia acusando-a de atuar ilegalmente, sem as licenças necessárias. De lá para cá, o Uber vem enfrentando processos na França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Brasil etc. Nos EUA, apenas em 2015, o aplicativo recebeu 50 processos.

Ou seja, foram tantos percalços que, se não estivessem marcados pela traumática experiência em Paris, provavelmente os fundadores teriam abandonado o plano. Veja o que afirmou Travis numa palestra ministrada em 2014 no Royal Albert Hall, em Londres: “Não sei se vocês já passaram por isso, mas pegar um táxi em Paris pode ser muito difícil. Meu sócio então falou: ‘eu gostaria apenas de apertar um botão e ter um carro’. A gente só decidiu fazer isso.”

Curiosidade 1: Em 2014, houve uma manifestação contra o Uber no centro de Londres com a participação de centenas de táxis. Os downloads do Uber saltaram incríveis 850%. A razão do cliente parece óbvia: “se estão em greve, precisamos buscar uma alternativa”. Os taxistas deviam pensar nisso antes de promover paralisações.

Curiosidade 2: Quem pensa que Travis está satisfeito com o enorme sucesso de sua empresa, está enganado. Sua ambição é ser maior que Google, Amazon, eBay e Walmart. Para isso, ele pretende transformar o smartphone num controle remoto para a vida, entregando de tudo: “Se podemos ter um carro em 5 minutos, podemos ter qualquer coisa em 5 minutos”.

Fontes:

The Guardian, 27 April 2016 – https://www.theguardian.com/technology/2016/apr/27/how-uber-conquered-london

Vanity Fair, November 2014 – http://www.vanityfair.com/news/2014/12/uber-travis-kalanick-controversy

Convention IoD 2014, Royal Albert Hall, UK http://www.iod.com/Connecting/Annual%20Convention%202014%20Post%20Convention/Travis%20Kalanick

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