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O homem que transformou um calote na Bombril.

Ele aceitou uma máquina como pagamento de dívida. E criou uma das marcas mais famosas do Brasil.

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Oportunidades disfarçadas

Publicado em 30 de janeiro de 2020 às, 11h11.

Roberto não sabia mais o que fazer para receber o empréstimo que fez para um amigo. Ele já tinha falado, cobrado e até ameaçado, mas não conseguia ver a cor do dinheiro. Certo dia, o devedor veio com esta proposta:

-…eu vou te pagar, Roberto. Mas não em dinheiro…. 

-…e vai pagar como então?

-…vou te dar a única coisa que eu tenho: uma máquina...

-…máquina? que máquina?

-…uma máquina que produz lãs de aço, Roberto…vale um dinheirão…

-… mas você tá louco? O que eu vou fazer com isso?

O ano era 1948 e ninguém no Brasil tinha ouvido falar em lã de aço. Uma novidade que fora criada nos Estados Unidos e que mesmo lá ainda era pouco comercializada. Roberto tentou vender o equipamento, passar o pepino pra frente, mas ninguém se interessou. Já que não tinha outro jeito, o homem colocou a máquina para funcionar e iniciou a produção das tais lãs de aço.

Depois, foi de porta em porta oferecer a novidade para as donas de casa como auxílio para a limpeza doméstica. Afinal, o produto permitia polir panelas, limpar louças, azulejos, vidros e muito mais. No início, as mulheres receberam a novidade com desconfiança: uma esponja áspera, de aspecto totalmente diferente das demais e que, ainda por cima, prometia tanta versatilidade?

Mas logo as clientes percebessem as 1001 utilidades do… Bombril. Já no primeiro ano, as vendas da revolucionária esponja chegaram a 48 mil unidades. Animado com o sucesso, Roberto Sampaio Ferreira viajou aos EUA, trouxe duas novas máquinas e triplicou a produção.

Estava criado o produto que se tornaria sinônimo da categoria e a marca mais lembrada do Brasil. De acordo com a revista americana Advertising Age, o Brasil é o único país do mundo onde uma marca conseguiu bater a Coca-Cola em índice de lembrança.