Toda criança merece um futuro: um chamado por inovação na saúde
Urge a hora do Brasil encarar a Protonterapia como uma realidade no tratamento de tumor cerebral para crianças no Brasil
Colunista
Publicado em 5 de novembro de 2024 às 18h13.
Última atualização em 5 de novembro de 2024 às 18h16.
Provavelmente, dadas as estatísticas, você
Infelizmente, o destino me fez passar por essa experiência. Aos 9 anos de idade, meu filho mais velho foi diagnosticado com meduloblastoma, um dos tumores cerebrais mais frequentes em crianças.
Não existe nada mais devastador na vida de uma criança e de sua família do que o diagnóstico de um tumor cerebral. A tristeza ao vermos um adulto convalescendo de câncer multiplica-se infinitas vezes quando a doença acomete uma criança, que deveria ter toda a vida pela frente.
Além de uma cirurgia invasiva e arriscada no cérebro, que pode durar até 12 horas, as crianças são submetidas a tratamentos extremamente tóxicos de radioterapia e quimioterapia que deixam sequelas para toda a vida. Muitas desenvolvem problemas cognitivos, como dificuldades de aprendizado e de memória; problemas endocrinológicos que afetam seu crescimento e desenvolvimento; e até podem, com o passar dos anos, desenvolver tumores secundários.
Apesar da grande evolução da medicina nos tratamentos para tumores mais comuns, tais como mama, próstata e pulmão, quase não houve progresso nos tratamentos quimioterápicos para tumores cerebrais em crianças. Os protocolos de quimioterapia para tumores como o meduloblastoma foram criados na década de 1980.
No campo da radioterapia, no entanto, houve avanços. Desenvolveu-se uma nova tecnologia: a radioterapia por Prótons, mais precisa e segura, especialmente para tumores cerebrais. Com essa tecnologia é possível liberar a radiação diretamente no tumor, causando menos danos aos tecidos saudáveis ao redor. A preservação desses tecidos, responsáveis por funções vitais, é ainda mais importante para as crianças, cujo cérebro está em desenvolvimento e é mais suscetível aos efeitos da radioterapia.
Felizmente, no caso do meu filho, conseguimos acessar o tratamento por Prótons nos EUA. Era 2015 e, na época, havia poucos centros desse tipo nos EUA, Europa e Japão. Hoje, essa tecnologia já está consagrada e espalhou-se pelo mundo. Somente nos EUA, são aproximadamente 120 salas de Prótons, quase 80 na Europa e cerca de 60 no Japão, além de vários outros países.
Por que o Brasil precisa investir em prótonterapia
Além disso, a Argentina está prestes a inaugurar o primeiro Centro de Prótons da América Latina, e, em breve, será instalado o primeiro da África, no Egito. Vale destacar que o uso da Protonterapia em crianças é política pública em diversos países com medicina socializada, tal qual o nosso Sistema Único de Saúde (SUS).
Como exposto, o Próton reduz de forma significativa os efeitos colaterais de longo prazo. Além de proporcionar qualidade de vida para as crianças, deixa-se de gastar, por décadas, no tratamento dos efeitos nefastos causados pela alta toxicidade da radioterapia convencional.
Caso o Brasil decida viabilizar uma unidade, serão ainda cinco anos para construção e instalação. Enquanto isso, diferentemente das crianças americanas, francesas, japonesas, argentinas e egípcias, as milhares de crianças brasileiras não terão a mesma sorte.
Portanto, seja através do SUS ou de uma parceria público-privada, urge a hora do Brasil encarar a Protonterapia como uma realidade. Com uma pequena fração do dinheiro que é desperdiçado no Orçamento Secreto, no Fundo Eleitoral, em obras inacabadas ou nos supersalários do funcionalismo – só para citar alguns exemplos dos ralos por onde escoam os recursos públicos – podemos salvar e dar qualidade de vida a milhares de brasileirinhos. Afinal de contas, toda criança merece um futuro.
Fernando Goldsztein
Fundador The Medulloblastoma Initiaitve
Membro do Conselho da Children’s National foundation
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Infelizmente, o destino me fez passar por essa experiência. Aos 9 anos de idade, meu filho mais velho foi diagnosticado com meduloblastoma, um dos tumores cerebrais mais frequentes em crianças.
Não existe nada mais devastador na vida de uma criança e de sua família do que o diagnóstico de um tumor cerebral. A tristeza ao vermos um adulto convalescendo de câncer multiplica-se infinitas vezes quando a doença acomete uma criança, que deveria ter toda a vida pela frente.
Além de uma cirurgia invasiva e arriscada no cérebro, que pode durar até 12 horas, as crianças são submetidas a tratamentos extremamente tóxicos de radioterapia e quimioterapia que deixam sequelas para toda a vida. Muitas desenvolvem problemas cognitivos, como dificuldades de aprendizado e de memória; problemas endocrinológicos que afetam seu crescimento e desenvolvimento; e até podem, com o passar dos anos, desenvolver tumores secundários.
Apesar da grande evolução da medicina nos tratamentos para tumores mais comuns, tais como mama, próstata e pulmão, quase não houve progresso nos tratamentos quimioterápicos para tumores cerebrais em crianças. Os protocolos de quimioterapia para tumores como o meduloblastoma foram criados na década de 1980.
No campo da radioterapia, no entanto, houve avanços. Desenvolveu-se uma nova tecnologia: a radioterapia por Prótons, mais precisa e segura, especialmente para tumores cerebrais. Com essa tecnologia é possível liberar a radiação diretamente no tumor, causando menos danos aos tecidos saudáveis ao redor. A preservação desses tecidos, responsáveis por funções vitais, é ainda mais importante para as crianças, cujo cérebro está em desenvolvimento e é mais suscetível aos efeitos da radioterapia.
Felizmente, no caso do meu filho, conseguimos acessar o tratamento por Prótons nos EUA. Era 2015 e, na época, havia poucos centros desse tipo nos EUA, Europa e Japão. Hoje, essa tecnologia já está consagrada e espalhou-se pelo mundo. Somente nos EUA, são aproximadamente 120 salas de Prótons, quase 80 na Europa e cerca de 60 no Japão, além de vários outros países.
Por que o Brasil precisa investir em prótonterapia
Além disso, a Argentina está prestes a inaugurar o primeiro Centro de Prótons da América Latina, e, em breve, será instalado o primeiro da África, no Egito. Vale destacar que o uso da Protonterapia em crianças é política pública em diversos países com medicina socializada, tal qual o nosso Sistema Único de Saúde (SUS).
Como exposto, o Próton reduz de forma significativa os efeitos colaterais de longo prazo. Além de proporcionar qualidade de vida para as crianças, deixa-se de gastar, por décadas, no tratamento dos efeitos nefastos causados pela alta toxicidade da radioterapia convencional.
Caso o Brasil decida viabilizar uma unidade, serão ainda cinco anos para construção e instalação. Enquanto isso, diferentemente das crianças americanas, francesas, japonesas, argentinas e egípcias, as milhares de crianças brasileiras não terão a mesma sorte.
Portanto, seja através do SUS ou de uma parceria público-privada, urge a hora do Brasil encarar a Protonterapia como uma realidade. Com uma pequena fração do dinheiro que é desperdiçado no Orçamento Secreto, no Fundo Eleitoral, em obras inacabadas ou nos supersalários do funcionalismo – só para citar alguns exemplos dos ralos por onde escoam os recursos públicos – podemos salvar e dar qualidade de vida a milhares de brasileirinhos. Afinal de contas, toda criança merece um futuro.
Fernando Goldsztein
Fundador The Medulloblastoma Initiaitve
Membro do Conselho da Children’s National foundation