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Tendência do momento, "Brazilcore" não é uma estética sem histórico

Termo que viralizou recentemente nas redes sociais faz referências a looks que já existem há muito tempo no guarda-roupa dos brasileiros

Nas cores do Brasil: combinações de peça usando verde e amarelo (Instagram/Acervo pessoal)
AL

André Lopes

Publicado em 24 de novembro de 2022 às 12h21.

Última atualização em 24 de novembro de 2022 às 12h25.

* Por Nicoly França

Se você fizer uma busca pelas  hashtags #brazilcore e #brasilcore no TikTok aparecem muitos vídeos que, juntos, somam mais de 496 milhões de visualizações na rede.

A composição de peças com as cores do Brasil também apareceram na cena internacional da moda, como na Semana de Moda de Copenhagen, com aparecimento de peças e chinelos das cores do Brasil sendo usados por modelos, blogueiras gringas e fashionistas.

No entanto, essa estética não apareceu agora, ela já existe na periferia, por exemplo, há muito tempo, com o uso de camisas do Brasil, de times e das cores do país de forma casual.

Além disso, mesmo dentro do mundo da moda esse estilo já tinha aparecido por aqui. Por exemplo, em março deste ano, teve uma marca brasileira chamada Piña, do estilista Abacaxi, que realizou um desfile em Madureira, no Rio de Janeiro, com peças com as cores do Brasil, o que certamente é muito mais a cara do país do que blogueiras europeias.

Tivemos também grandes artistas brasileiros que já participaram desse movimento de ressignificar a bandeira e as cores do Brasil para além de fins políticos, como Djonga neste ano, que usou a camiseta do Brasil em um show e incentivou que os símbolos nacionais são de todos os brasileiros. Anitta também vestiu as cores do Brasil no Coachella.

Mas por que algo só é validado como tendência quando pessoas de fora usam? Ou quando  blogueiras padrão (brancas e magras) começam a usar o termo e se vestir assim? É totalmente válido esse resgate da estética brasileira, porém, atrelar o estilo a um termo em inglês e como algo que “surgiu agora com o TikTok” é, no mínimo, equivocado.

São dois principais debates sobre o tema: o primeiro é sobre o padrão das produtoras de conteúdo fashion que tem viralizado nas redes sociais com a estética Brazilcore ou #brazilianesthetic. Em geral, são mulheres de classe alta, brancas e magras - e algumas vezes nem sempre brasileiras. O segundo é sobre o quanto esse tipo de estética já era popular em regiões periféricas e não havia se tornado centro das atenções até então.

E além do tema Brazilcore movimentar o meio da moda, ele também acompanha uma tendência comercial com o momento da Copa do Mundo. Segundo dados da pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento proveniente de produtos de artigos pessoais relacionados à seleção brasileira deve ultrapassar R$ 332 milhões. Sinal de que apostar nas cores do Brasil pode ser um bom negócio.

*Nicoly França é produtora de conteúdo digital sobre moda consciente e sustentável e cocriadora do Desavesso.

* Por Nicoly França

Se você fizer uma busca pelas  hashtags #brazilcore e #brasilcore no TikTok aparecem muitos vídeos que, juntos, somam mais de 496 milhões de visualizações na rede.

A composição de peças com as cores do Brasil também apareceram na cena internacional da moda, como na Semana de Moda de Copenhagen, com aparecimento de peças e chinelos das cores do Brasil sendo usados por modelos, blogueiras gringas e fashionistas.

No entanto, essa estética não apareceu agora, ela já existe na periferia, por exemplo, há muito tempo, com o uso de camisas do Brasil, de times e das cores do país de forma casual.

Além disso, mesmo dentro do mundo da moda esse estilo já tinha aparecido por aqui. Por exemplo, em março deste ano, teve uma marca brasileira chamada Piña, do estilista Abacaxi, que realizou um desfile em Madureira, no Rio de Janeiro, com peças com as cores do Brasil, o que certamente é muito mais a cara do país do que blogueiras europeias.

Tivemos também grandes artistas brasileiros que já participaram desse movimento de ressignificar a bandeira e as cores do Brasil para além de fins políticos, como Djonga neste ano, que usou a camiseta do Brasil em um show e incentivou que os símbolos nacionais são de todos os brasileiros. Anitta também vestiu as cores do Brasil no Coachella.

Mas por que algo só é validado como tendência quando pessoas de fora usam? Ou quando  blogueiras padrão (brancas e magras) começam a usar o termo e se vestir assim? É totalmente válido esse resgate da estética brasileira, porém, atrelar o estilo a um termo em inglês e como algo que “surgiu agora com o TikTok” é, no mínimo, equivocado.

São dois principais debates sobre o tema: o primeiro é sobre o padrão das produtoras de conteúdo fashion que tem viralizado nas redes sociais com a estética Brazilcore ou #brazilianesthetic. Em geral, são mulheres de classe alta, brancas e magras - e algumas vezes nem sempre brasileiras. O segundo é sobre o quanto esse tipo de estética já era popular em regiões periféricas e não havia se tornado centro das atenções até então.

E além do tema Brazilcore movimentar o meio da moda, ele também acompanha uma tendência comercial com o momento da Copa do Mundo. Segundo dados da pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento proveniente de produtos de artigos pessoais relacionados à seleção brasileira deve ultrapassar R$ 332 milhões. Sinal de que apostar nas cores do Brasil pode ser um bom negócio.

*Nicoly França é produtora de conteúdo digital sobre moda consciente e sustentável e cocriadora do Desavesso.

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