Sobre o círculo virtuoso das indicações: você conhece o “Finder”?
Mais do que nunca precisamos daquela “pessoa-chave”, que tem o poder de enxergar competências e habilidades das pessoas
Publicado em 31 de maio de 2020 às, 07h00.
Muito se tem falado – criticamente - sobre o nepotismo, preferência em contratar amigos e conhecidos, o famoso networking e o “batido” quem indica (QI).
No entanto, em tempos atuais onde o currículo já não traduz mais quem somos de verdade devido a nossa interdisciplinaridade e interesses diversos, como nos posicionar?
Mais do que nunca precisamos daquela “pessoa-chave”, que tem o poder de enxergar competências e habilidades das pessoas, observar possibilidades futuras, captar sinais que podem criar vínculos e oportunidades.
Essa pessoa existe: estou me referindo ao FINDER, gente que tem o poder de juntar gente.
Ter nas suas redes de contato esse indivíduo que possui algumas dessas características e, que principalmente, conhece muita gente, iniciativas, projetos, empresas é no mínimo um novo caminho de inserção no mercado.
Este profissional precisa ter em sua essência o poder da generosidade além de serem admirados pela sua relevância e legitimidade, o “finder” é o fio condutor de grandes encontros.
O “finder” nada mais é que uma resposta para hackear o sistema. Como expressar carisma e ser avaliado de forma holística em que empresas de RH que usam meios tradicionais? Headhunters e empresas que buscam profissionais adequados ao formato conservador encontrarão o que buscam.
Em contrapartida o “finder” é aquela pessoa aberta aos vínculos de qualquer natureza. Sua habilidade está em usar seu prestígio parar legitimar, indicar, orientar, abrir portas, apresentar pessoas que você precisamos conhecer.
Nos dias de hoje em que as moedas sociais são um componente importante da economia tem gente que ganha ao ver uma aliança dar certo, porque o seu lucro está além do dinheiro, do pagamento, da verba, da porcentagem de um negócio, ele não é um lobista. Ele simplesmente acredita na economia da reciprocidade.
É muito mais sobre obter vantagens, porque quando você faz o círculo virtuoso das indicações girar você movimenta a vida de todos os envolvidos direta e indiretamente e, por conseguinte, a do “finder” também. De certa forma essas redes sociais que se formam concede um prazer, uma forma de poder de realização pautado em fazer parte, em ver pessoas crescendo, alcançando progresso e encontrando seu caminho.
A riqueza do “finder” é a tradução mais fidedigna das pessoas que enxergam além das instituições, seu foco está na qualidade da construção de conexões que possam frutificar e fazer diferença. Representa aquela massa de cidadãos que acredita na virtude dos ganhos coletivos.
Parece frase de autoajuda, mas na verdade o capital social pode ser o combustível que nossa sociedade precisa para PROMOVER MUDANÇA.
Parcerias de trabalho, afinidades para um novo hobbie, orientações acadêmicas ou de carreira, dicas e recomendações das mais variadas naturezas podem fazer mudanças profundas no modus operandi social.
Se você tem esse dom ou desenvolveu esta virtude ao longo da sua experiência, procure praticar, você verá que unir forças, vontades e pessoas é uma emergência em tempos atuais. No mínimo te fará uma pessoa mais empática, leve e aumentará sua relevância no mundo, principalmente para aquelas conectadas por você.
A partir das micro-revoluções podemos mudar muita coisa, a primeira delas é o brilho no olhar que só a esperança pode conceder. Acredite, funciona. Seja “finder”.
Hilaine Yaccoub é doutora em Antropologia do Consumo. Atua como palestrante, e consultora, realizando estudos que promovem ligação entre o mercado consumidor, o conhecimento acadêmico e as empresas. Para seguir nas redes sociais: @hilaine