Se oriente, São Paulo
Japão preserva emprego ao combater com êxito a Covid
Karina Souza
Publicado em 4 de fevereiro de 2021 às 17h11.
A população do Japão é de 126,5 milhões de habitantes, 2,8 vezes maior que a do Estado de São Paulo. Por lá vivem 340 habitantes por km2, contra 180 no território paulista. Quase o dobro. A participação dos idosos na população total é de 28,4%, também praticamente o dobro dos 15,7% de São Paulo.
Apesar de esses fatores supostamente adversos, no entanto, o número de vítimas fatais por Covid é de 43,6 por milhão de habitantes no Japão, enquanto por aqui temos 1.115 mortos. Impressionante diferença!
Principalmente se levarmos em conta que lá nunca houve confinamentos, os trens sempre estiveram lotados, as escolas, bares e restaurantes permaneceram abertos. A questão é: por que essa estratégia deu tão certo?
Segundo o doutor Hitoshi Oshitani, professor de virologia da Tohoku University School of Medicine, “na maior parte do mundo a estratégia tem sido tentar conter o coronavírus. Desde o início, não tínhamos esse objetivo. Optamos por algo diferente: decidimos aprender a conviver com esse vírus. Aceitamos que esse vírus é algo que não pode ser eliminado. Então, entendemos que a melhor forma de combatê-lo era conviver com ele”.
As autoridades japonesas lançaram logo no inicio da pandemia uma recomendação de saúde publica que se tornou regra básica para se conviver com o vírus: (i) evitar lugares com pouca ventilação; (ii) evitar lugares com muita aglomeração de pessoas; (iii) evitar lugares fechados onde as pessoas falam em voz alta. Isso tudo sem contar com a prática centenária de se usar máscaras em público, não beijar e não apertar mãos. Tudo muito simples e eficiente.
Na cidade de São Paulo funcionam nada menos que 36 shoppings centers. Quase um quarto dos shoppings do Brasil. Segundo Nabil Sahyoun , presidente da ALSHOP (associação dos lojistas em shoppings), 150 mil pessoas perderam seus empregos nesse segmento só no ano passado.
Dados do Sindresbar (Sindicato dos bares e restaurantes) atestam que, antes da pandemia, havia cerca de 60 mil restaurantes, bares e similares na capital, com mais de 200 mil empregados diretos. Atualmente, estima-se que cerca de 30% dos estabelecimentos encerraram suas atividades e cerca de 100 mil trabalhadores perderam seus empregos. Uma situação dramática.
Segundo os especialistas, sem vacinação não tem recuperação da atividade econômica. Infelizmente, o processo está atrasado no Brasil. Endurecer as medidas de isolamento com certeza provocará mais desemprego e mais carestia. A Folha destacou, em manchete, na edição de hoje, “Brasil começa 2021 com mais miseráveis que há uma década”. E completa: “Com o fim do auxílio emergencial em dezembro, 2021 começou com um salto na taxa de pobreza extrema”.
Está mais do que claro que, por si só, essa seria uma razão objetiva para que políticas públicas fossem focadas na retomada da atividade e diminuição do desemprego. Mas não tem sido assim. Objetivamente, sem vacinação não teremos recuperação da atividade e enfrentaremos um primeiro semestre de muita penúria e sofrimento.
Ainda segundo a Folha, 35% dos jovens do país estão no grupo “nem-nem”: nem trabalham, nem estudam. Até quando vamos continuar convivendo com essa triste realidade? Em vez de manter o comercio fechado seria mais conveniente seguir o exemplo japonês que busca reduzir ao máximo a transmissão mantendo as atividades econômicas em andamento, com muita responsabilidade, na busca por mais justiça social.
*Sylvio Lazzarini é empresário do setor de serviços e vice-presidente do Sindresbar (Sindicato dos Bares e Restaurantes).
A população do Japão é de 126,5 milhões de habitantes, 2,8 vezes maior que a do Estado de São Paulo. Por lá vivem 340 habitantes por km2, contra 180 no território paulista. Quase o dobro. A participação dos idosos na população total é de 28,4%, também praticamente o dobro dos 15,7% de São Paulo.
Apesar de esses fatores supostamente adversos, no entanto, o número de vítimas fatais por Covid é de 43,6 por milhão de habitantes no Japão, enquanto por aqui temos 1.115 mortos. Impressionante diferença!
Principalmente se levarmos em conta que lá nunca houve confinamentos, os trens sempre estiveram lotados, as escolas, bares e restaurantes permaneceram abertos. A questão é: por que essa estratégia deu tão certo?
Segundo o doutor Hitoshi Oshitani, professor de virologia da Tohoku University School of Medicine, “na maior parte do mundo a estratégia tem sido tentar conter o coronavírus. Desde o início, não tínhamos esse objetivo. Optamos por algo diferente: decidimos aprender a conviver com esse vírus. Aceitamos que esse vírus é algo que não pode ser eliminado. Então, entendemos que a melhor forma de combatê-lo era conviver com ele”.
As autoridades japonesas lançaram logo no inicio da pandemia uma recomendação de saúde publica que se tornou regra básica para se conviver com o vírus: (i) evitar lugares com pouca ventilação; (ii) evitar lugares com muita aglomeração de pessoas; (iii) evitar lugares fechados onde as pessoas falam em voz alta. Isso tudo sem contar com a prática centenária de se usar máscaras em público, não beijar e não apertar mãos. Tudo muito simples e eficiente.
Na cidade de São Paulo funcionam nada menos que 36 shoppings centers. Quase um quarto dos shoppings do Brasil. Segundo Nabil Sahyoun , presidente da ALSHOP (associação dos lojistas em shoppings), 150 mil pessoas perderam seus empregos nesse segmento só no ano passado.
Dados do Sindresbar (Sindicato dos bares e restaurantes) atestam que, antes da pandemia, havia cerca de 60 mil restaurantes, bares e similares na capital, com mais de 200 mil empregados diretos. Atualmente, estima-se que cerca de 30% dos estabelecimentos encerraram suas atividades e cerca de 100 mil trabalhadores perderam seus empregos. Uma situação dramática.
Segundo os especialistas, sem vacinação não tem recuperação da atividade econômica. Infelizmente, o processo está atrasado no Brasil. Endurecer as medidas de isolamento com certeza provocará mais desemprego e mais carestia. A Folha destacou, em manchete, na edição de hoje, “Brasil começa 2021 com mais miseráveis que há uma década”. E completa: “Com o fim do auxílio emergencial em dezembro, 2021 começou com um salto na taxa de pobreza extrema”.
Está mais do que claro que, por si só, essa seria uma razão objetiva para que políticas públicas fossem focadas na retomada da atividade e diminuição do desemprego. Mas não tem sido assim. Objetivamente, sem vacinação não teremos recuperação da atividade e enfrentaremos um primeiro semestre de muita penúria e sofrimento.
Ainda segundo a Folha, 35% dos jovens do país estão no grupo “nem-nem”: nem trabalham, nem estudam. Até quando vamos continuar convivendo com essa triste realidade? Em vez de manter o comercio fechado seria mais conveniente seguir o exemplo japonês que busca reduzir ao máximo a transmissão mantendo as atividades econômicas em andamento, com muita responsabilidade, na busca por mais justiça social.
*Sylvio Lazzarini é empresário do setor de serviços e vice-presidente do Sindresbar (Sindicato dos Bares e Restaurantes).