Quatro mil semanas e o desafio de o que não fazer com nossas vidas
'Todos nós nascemos com uma expectativa de viver, pelo menos, 4 mil semanas. Porém, uns viverão um pouco mais e outros, infelizmente, menos'
Publicado em 21 de outubro de 2024 às 16h14.
Por Fernando Goldsztein*
Aviso que, ao ler este texto, você será induzido a uma dura e importante reflexão. Trata-se de como aproveitamos – ou não aproveitamos – a nossa vida. Vivemos em uma era de demandas impossíveis, escolhas infinitas e implacáveis formas de distração protagonizadas pela tecnologia.
Quatro mil semanas (o livro de Oliver Burkeman) inicia com uma frase contundente: “A duração da vida humana é absurdamente, terrivelmente e insultuosamente curta.” Assumindo que, em média, todos nós conseguiremos chegar aos 80 anos, teremos vivido 4 mil semanas. Parece pouco, não? E ainda, à medida que o tempo passa e as nossas semanas vão se esgotando sem parar, a sensação é de que, quanto menos delas nos restam, mais rápido as estamos perdendo.
Todos nós nascemos com uma expectativa de viver, pelo menos, 4 mil semanas. Porém, uns viverão um pouco mais e outros, infelizmente, menos. Essa é realidade independe de nível socioeconômico, cor da pele ou religião. O tempo não pode ser comprado nem estocado. O tempo deve, sim, ser aproveitado, e da melhor forma possível. É doloroso confrontar o quão limitado é o nosso tempo sobre a Terra, pois isso significa que escolhas duras são inevitáveis e que não teremos o tempo necessário para fazer tudo o que uma vez sonhamos que faríamos.
Vivemos a vida tentando ser mais produtivos, tentando “atravessar” as tarefas para “tirá-las” do caminho. Vivemos, portanto, mentalmente no futuro, esperando o momento em que, enfim, estaremos seguros e realizados para poder nos ocupar com o que realmente importa.
Porém, Burkeman nos mostra que o desafio essencial de gerenciar nosso tempo não é conseguir fazer todas as coisas – isso nunca vai acontecer –, mas decidir, da maneira mais sábia possível, o que não fazer. E, principalmente, como se sentir em paz por não ter feito.
Burkeman concentra parte do livro mostrando que “estamos aqui”, isto é, não devemos gastar nossas vidas focados exclusivamente em para onde estamos indo. Segundo ele, o real significado da vida não está em algum lugar do futuro. Ele também sustenta que nunca chegará o dia em que todos os nossos esforços serão recompensados e estaremos livres de todos os problemas. “Ao acreditarmos nessa utopia, estaremos evitando enxergar a realidade de que o momento da verdade é sempre o hoje”, afirma Burkeman.
A vida não é mais do que uma sucessão de momentos presentes, culminando na morte. Portanto, é melhor você parar de postergar o “verdadeiro significado” de sua existência para o futuro e se “jogar na vida agora”.
O livro me fez lembrar de um desenho em quadrinhos que vi nas redes sociais e que me marcou muito. Um homem jovem aparece correndo em direção a algumas notas de dinheiro que estão à sua frente. A cada quadrinho, o homem vai envelhecendo e acumulando mais dinheiro nas mãos até que, no último, ele chega ao fim da vida. Cai morto dentro da sua cova, cheio de dinheiro nas mãos.
A grande mensagem de Burkeman, com a qual encerro este artigo, é: “Tenha propósito na vida e foque no que realmente importa. Aceite as suas limitações, dentre elas o tempo, e aprenda a viver plenamente. A hora é agora!”
*Fernando Goldsztein é fundador The Medulloblastoma Initiative e conselheiro da Children’s National Foundation.
Por Fernando Goldsztein*
Aviso que, ao ler este texto, você será induzido a uma dura e importante reflexão. Trata-se de como aproveitamos – ou não aproveitamos – a nossa vida. Vivemos em uma era de demandas impossíveis, escolhas infinitas e implacáveis formas de distração protagonizadas pela tecnologia.
Quatro mil semanas (o livro de Oliver Burkeman) inicia com uma frase contundente: “A duração da vida humana é absurdamente, terrivelmente e insultuosamente curta.” Assumindo que, em média, todos nós conseguiremos chegar aos 80 anos, teremos vivido 4 mil semanas. Parece pouco, não? E ainda, à medida que o tempo passa e as nossas semanas vão se esgotando sem parar, a sensação é de que, quanto menos delas nos restam, mais rápido as estamos perdendo.
Todos nós nascemos com uma expectativa de viver, pelo menos, 4 mil semanas. Porém, uns viverão um pouco mais e outros, infelizmente, menos. Essa é realidade independe de nível socioeconômico, cor da pele ou religião. O tempo não pode ser comprado nem estocado. O tempo deve, sim, ser aproveitado, e da melhor forma possível. É doloroso confrontar o quão limitado é o nosso tempo sobre a Terra, pois isso significa que escolhas duras são inevitáveis e que não teremos o tempo necessário para fazer tudo o que uma vez sonhamos que faríamos.
Vivemos a vida tentando ser mais produtivos, tentando “atravessar” as tarefas para “tirá-las” do caminho. Vivemos, portanto, mentalmente no futuro, esperando o momento em que, enfim, estaremos seguros e realizados para poder nos ocupar com o que realmente importa.
Porém, Burkeman nos mostra que o desafio essencial de gerenciar nosso tempo não é conseguir fazer todas as coisas – isso nunca vai acontecer –, mas decidir, da maneira mais sábia possível, o que não fazer. E, principalmente, como se sentir em paz por não ter feito.
Burkeman concentra parte do livro mostrando que “estamos aqui”, isto é, não devemos gastar nossas vidas focados exclusivamente em para onde estamos indo. Segundo ele, o real significado da vida não está em algum lugar do futuro. Ele também sustenta que nunca chegará o dia em que todos os nossos esforços serão recompensados e estaremos livres de todos os problemas. “Ao acreditarmos nessa utopia, estaremos evitando enxergar a realidade de que o momento da verdade é sempre o hoje”, afirma Burkeman.
A vida não é mais do que uma sucessão de momentos presentes, culminando na morte. Portanto, é melhor você parar de postergar o “verdadeiro significado” de sua existência para o futuro e se “jogar na vida agora”.
O livro me fez lembrar de um desenho em quadrinhos que vi nas redes sociais e que me marcou muito. Um homem jovem aparece correndo em direção a algumas notas de dinheiro que estão à sua frente. A cada quadrinho, o homem vai envelhecendo e acumulando mais dinheiro nas mãos até que, no último, ele chega ao fim da vida. Cai morto dentro da sua cova, cheio de dinheiro nas mãos.
A grande mensagem de Burkeman, com a qual encerro este artigo, é: “Tenha propósito na vida e foque no que realmente importa. Aceite as suas limitações, dentre elas o tempo, e aprenda a viver plenamente. A hora é agora!”
*Fernando Goldsztein é fundador The Medulloblastoma Initiative e conselheiro da Children’s National Foundation.