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O impeachment acalma o Brasil?

Começamos a semana com a notícia da aprovação pela Câmara dos Deputados da admissibilidade do pedido do impeachment da presidente Dilma. Cabe ao Senado Federal aceitar ou não. A denúncia que ocorreu devido a questões orçamentárias não foi aprovada graças a um salutar debate sobre uso e prioridade dos gastos. Não tenho dúvida de que […]

PROTESTO EM BRASÍLIA: a primeira manifestação da era Temer está marcada para o dia 4, e o movimento pode crescer com novos casos de corrupção / Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
DR

Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2016 às 13h09.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h38.

Começamos a semana com a notícia da aprovação pela Câmara dos Deputados da admissibilidade do pedido do impeachment da presidente Dilma. Cabe ao Senado Federal aceitar ou não. A denúncia que ocorreu devido a questões orçamentárias não foi aprovada graças a um salutar debate sobre uso e prioridade dos gastos. Não tenho dúvida de que o debate sobre a deposição da presidente só ocorre pela resseção econômica, ou alguém sinceramente acredita que chegaríamos a este ponto em um cenário em que a inflação estivesse controlada e a economia estivesse crescendo? Hoje, mais de 80% dos brasileiros querem mudança. A pergunta que fica é: e agora? Acabaram os problemas do Brasil? As ruas estarão pacificadas? Acabou a corrupção e a economia vai voltar a crescer?

Vimos votos que não debateram as pedaladas ficais, verdadeiro tema da denúncia. Opiniões que simbolizam bem o não debate de futuro. Voto pela família, mas ninguém discutindo o que fazer para a inflação não corroer o poder de compra dos brasileiros. Vimos votos pela ética, mas pouco se falou sobre uma lei anticorrupção ou novos modelos de licitação e financiamento de campanha. Vimos votos pela manutenção dos programas sociais ou pelos milhões de desempregados. Mas o que mesmo se propôs para garantir o Prouni ou para combater o desemprego? Infelizmente, faz tempo que não se discute futuro no Brasil. Somos a favor de uns, contra os outros, alguns até contra todos. Mas o que empresários e governantes de fato propõem para sairmos dessa? Na votação do impeachment vimos muitos votando “por si, por Deus e por sua família”, mas ninguém votando pelos brasileiros.

Esse distanciamento da classe política da “economia do cotidiano” tem paulatinamente afastado o brasileiro comum de seus governantes, criando um gigantesco distanciamento entre representantes e representados. Não é à toa que nove em cada dez brasileiros afirmam que nosso país vive uma crise de liderança. Fica claro que a maior crise é não ver luz no fim do túnel.

Na busca por essa luz, O PMDB apresentou para o Brasil um conjunto de medidas que, segundo seus autores, ajudariam a tirar o país da crise. Sem entrar no mérito das propostas apresentadas no documento “Ponte para o Futuro”, ele leva a algumas reflexões. Como a população vai reagir à proposta de desindexação do salário mínimo? O que irão pensar sobre a proposta do fim da garantia constitucional de gastos com saúde e educação? O horizonte próximo será ainda de muita instabilidade. Uma sinalização clara dos governantes sobre os modelos de um novo pacto social que consiga unir o país para sair da crise será de fundamental importância não só para a economia, mas para diminuir o abismo de representatividade que vivemos hoje.

renato2

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Começamos a semana com a notícia da aprovação pela Câmara dos Deputados da admissibilidade do pedido do impeachment da presidente Dilma. Cabe ao Senado Federal aceitar ou não. A denúncia que ocorreu devido a questões orçamentárias não foi aprovada graças a um salutar debate sobre uso e prioridade dos gastos. Não tenho dúvida de que o debate sobre a deposição da presidente só ocorre pela resseção econômica, ou alguém sinceramente acredita que chegaríamos a este ponto em um cenário em que a inflação estivesse controlada e a economia estivesse crescendo? Hoje, mais de 80% dos brasileiros querem mudança. A pergunta que fica é: e agora? Acabaram os problemas do Brasil? As ruas estarão pacificadas? Acabou a corrupção e a economia vai voltar a crescer?

Vimos votos que não debateram as pedaladas ficais, verdadeiro tema da denúncia. Opiniões que simbolizam bem o não debate de futuro. Voto pela família, mas ninguém discutindo o que fazer para a inflação não corroer o poder de compra dos brasileiros. Vimos votos pela ética, mas pouco se falou sobre uma lei anticorrupção ou novos modelos de licitação e financiamento de campanha. Vimos votos pela manutenção dos programas sociais ou pelos milhões de desempregados. Mas o que mesmo se propôs para garantir o Prouni ou para combater o desemprego? Infelizmente, faz tempo que não se discute futuro no Brasil. Somos a favor de uns, contra os outros, alguns até contra todos. Mas o que empresários e governantes de fato propõem para sairmos dessa? Na votação do impeachment vimos muitos votando “por si, por Deus e por sua família”, mas ninguém votando pelos brasileiros.

Esse distanciamento da classe política da “economia do cotidiano” tem paulatinamente afastado o brasileiro comum de seus governantes, criando um gigantesco distanciamento entre representantes e representados. Não é à toa que nove em cada dez brasileiros afirmam que nosso país vive uma crise de liderança. Fica claro que a maior crise é não ver luz no fim do túnel.

Na busca por essa luz, O PMDB apresentou para o Brasil um conjunto de medidas que, segundo seus autores, ajudariam a tirar o país da crise. Sem entrar no mérito das propostas apresentadas no documento “Ponte para o Futuro”, ele leva a algumas reflexões. Como a população vai reagir à proposta de desindexação do salário mínimo? O que irão pensar sobre a proposta do fim da garantia constitucional de gastos com saúde e educação? O horizonte próximo será ainda de muita instabilidade. Uma sinalização clara dos governantes sobre os modelos de um novo pacto social que consiga unir o país para sair da crise será de fundamental importância não só para a economia, mas para diminuir o abismo de representatividade que vivemos hoje.

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