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Rio de Janeiro e o resgate do mercado financeiro

O estado realiza mais um consistente movimento para resgatar o protagonismo no mercado financeiro no país e iniciar, assim, um inédito ciclo econômico

(Christian Adams/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2022 às 11h49.

Última atualização em 2 de dezembro de 2022 às 11h50.

Por Nelson Rocha*

O Estado do Rio de Janeiro realiza mais um consistente movimento para resgatar o protagonismo no mercado financeiro no Brasil e iniciar, assim, inédito e virtuoso ciclo econômico. Na iminência de assinar termo de cooperação com a Nasdaq e a Global Environmental Asset Plataform (Geap) para a implantação de uma plataforma/bolsa de negociação, única e exclusivamente, de ativos sustentáveis, a futura instituição já deve começar a ser estruturada nos próximos meses. A iniciativa é ímpar no âmbito global.

A ambiciosa meta posiciona o Rio de Janeiro como um hub mundial em sustentabilidade e referência no mercado financeiro brasileiro e internacional de ativos ambientais. Em um primeiro momento, a plataforma/bolsa vai negociar apenas créditos de carbono. Em sequência, com o natural desenvolvimento e consolidação desse segmento, a futura instituição passará a comercializar créditos oriundos da economia circular, economia do mar e ativos da biodiversidade.

A escolha inicial pelos créditos de carbono ocorre em virtude de, atualmente, ser esse segmento o mais amadurecido, tanto aqui como em outros países. Há, entretanto, outros aspectos positivos que devem ser levados em consideração. Estudo da ICC aponta que o Brasil tem potencial para suprir até 48,7% da demanda global do mercado voluntário e cerca de 28% do regulado. Não por acaso, o Estado do Rio aderiu recentemente ao Carbon Princing in the America, vinculado ao Tratado de Glasgow, da COP26, que visa a criação de um grupo para tratar da formação de preço desse ativo sustentável nas Américas.

Não se pode esquecer ainda que a instalação de uma plataforma para negociar créditos de carbono e outros ativos sustentáveis vai influenciar diretamente na geração de empregos e renda. Isso porque, além de atrair significativos investimentos para o Brasil e contribuir para a criação de emergentes e novas profissões ligadas à economia de baixo carbono, haverá uma variedade de empresas a orbitar em torno da futura bolsa.

A iniciativa, portanto, promete revolucionar a economia fluminense e do Brasil. E, melhor ainda, com a promoção efetiva do meio ambiente, por se tratar de atividade limpa, tecnológica e sem tangenciar riscos ecológicos diretos. São esperados investimentos superlativos, nacionais e estrangeiros. Com a consolidação do mercado, deverão ser negociados, até 2030, em torno de US$ 120 bilhões em créditos de carbono. A cifra é uma estimativa de recente estudo realizado pelo ICC.

Com o compromisso de atuar no processo de descarbonização das atividades econômicas, em consonância com os esforços de enfrentamento às mudanças climáticas que têm afligido o planeta, a bolsa será responsável por projetar um ecossistema de significativo desenvolvimento da economia verde no Brasil. Não à toa, em um segundo ciclo, de cerca de dez anos, já com a consolidação do mercado, são previstas negociações ainda mais robustas, com a atração de grandes fundos de investimentos.

De acordo com estimativas consensuais da mídia financeira especializada, esses grandes fundos movimentam atualmente mais de US$ 57 trilhões exclusivamente em empresas sustentáveis. Assim, em perspectiva bastante conservadora, se a bolsa conseguir atrair pelo menos 2% desse valor será possível quase dobrar o PIB do Brasil. Um sonho, mas com ampla aderência na realidade.

Para tanto, porém, é necessária a implementação de normas e regulamentações que permitam, inequivocamente, a criação desse mercado aqui no Brasil. Obedecer às legislações vigentes, com incansável trabalho para remover excessivas e redundantes barreiras regulatórias, é regra de ouro. Não por acaso, o Estado já estuda o desenvolvimento de políticas públicas que venham a incentivar e dar suporte a um ambiente favorável para o adensamento da futura bolsa fluminense.

O Rio de Janeiro se prepara para dar mais um salto consistente em sua história rumo à economia verde e se credencia, com determinação e conhecimento, a retomar a condição de centro financeiro nacional. Só que dentro de um ambiente de negócios sustentáveis. A instalação de uma bolsa Nasdaq no Rio é uma profecia predestinada ao sucesso, que promete ser uma revolução no desenvolvimento econômico do Brasil.

*Nelson Rochaé Secretário de Estado de Planejamento e Gestão do Rio de Janeiro e coordenador do projeto Economia Verde – Nova Fronteira.

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Por Nelson Rocha*

O Estado do Rio de Janeiro realiza mais um consistente movimento para resgatar o protagonismo no mercado financeiro no Brasil e iniciar, assim, inédito e virtuoso ciclo econômico. Na iminência de assinar termo de cooperação com a Nasdaq e a Global Environmental Asset Plataform (Geap) para a implantação de uma plataforma/bolsa de negociação, única e exclusivamente, de ativos sustentáveis, a futura instituição já deve começar a ser estruturada nos próximos meses. A iniciativa é ímpar no âmbito global.

A ambiciosa meta posiciona o Rio de Janeiro como um hub mundial em sustentabilidade e referência no mercado financeiro brasileiro e internacional de ativos ambientais. Em um primeiro momento, a plataforma/bolsa vai negociar apenas créditos de carbono. Em sequência, com o natural desenvolvimento e consolidação desse segmento, a futura instituição passará a comercializar créditos oriundos da economia circular, economia do mar e ativos da biodiversidade.

A escolha inicial pelos créditos de carbono ocorre em virtude de, atualmente, ser esse segmento o mais amadurecido, tanto aqui como em outros países. Há, entretanto, outros aspectos positivos que devem ser levados em consideração. Estudo da ICC aponta que o Brasil tem potencial para suprir até 48,7% da demanda global do mercado voluntário e cerca de 28% do regulado. Não por acaso, o Estado do Rio aderiu recentemente ao Carbon Princing in the America, vinculado ao Tratado de Glasgow, da COP26, que visa a criação de um grupo para tratar da formação de preço desse ativo sustentável nas Américas.

Não se pode esquecer ainda que a instalação de uma plataforma para negociar créditos de carbono e outros ativos sustentáveis vai influenciar diretamente na geração de empregos e renda. Isso porque, além de atrair significativos investimentos para o Brasil e contribuir para a criação de emergentes e novas profissões ligadas à economia de baixo carbono, haverá uma variedade de empresas a orbitar em torno da futura bolsa.

A iniciativa, portanto, promete revolucionar a economia fluminense e do Brasil. E, melhor ainda, com a promoção efetiva do meio ambiente, por se tratar de atividade limpa, tecnológica e sem tangenciar riscos ecológicos diretos. São esperados investimentos superlativos, nacionais e estrangeiros. Com a consolidação do mercado, deverão ser negociados, até 2030, em torno de US$ 120 bilhões em créditos de carbono. A cifra é uma estimativa de recente estudo realizado pelo ICC.

Com o compromisso de atuar no processo de descarbonização das atividades econômicas, em consonância com os esforços de enfrentamento às mudanças climáticas que têm afligido o planeta, a bolsa será responsável por projetar um ecossistema de significativo desenvolvimento da economia verde no Brasil. Não à toa, em um segundo ciclo, de cerca de dez anos, já com a consolidação do mercado, são previstas negociações ainda mais robustas, com a atração de grandes fundos de investimentos.

De acordo com estimativas consensuais da mídia financeira especializada, esses grandes fundos movimentam atualmente mais de US$ 57 trilhões exclusivamente em empresas sustentáveis. Assim, em perspectiva bastante conservadora, se a bolsa conseguir atrair pelo menos 2% desse valor será possível quase dobrar o PIB do Brasil. Um sonho, mas com ampla aderência na realidade.

Para tanto, porém, é necessária a implementação de normas e regulamentações que permitam, inequivocamente, a criação desse mercado aqui no Brasil. Obedecer às legislações vigentes, com incansável trabalho para remover excessivas e redundantes barreiras regulatórias, é regra de ouro. Não por acaso, o Estado já estuda o desenvolvimento de políticas públicas que venham a incentivar e dar suporte a um ambiente favorável para o adensamento da futura bolsa fluminense.

O Rio de Janeiro se prepara para dar mais um salto consistente em sua história rumo à economia verde e se credencia, com determinação e conhecimento, a retomar a condição de centro financeiro nacional. Só que dentro de um ambiente de negócios sustentáveis. A instalação de uma bolsa Nasdaq no Rio é uma profecia predestinada ao sucesso, que promete ser uma revolução no desenvolvimento econômico do Brasil.

*Nelson Rochaé Secretário de Estado de Planejamento e Gestão do Rio de Janeiro e coordenador do projeto Economia Verde – Nova Fronteira.

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