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Multimarcas reinventam o varejo infantil

Se o futuro do varejo é colaborativo, descentralizado e movido por redes inteligentes, então o canal multimarcas é o terreno ideal para florescer

Ideia é consolidar o maior ecossistema descentralizado de distribuição de moda infantil do mundo (Andreas Rentz/Getty Images)

Ideia é consolidar o maior ecossistema descentralizado de distribuição de moda infantil do mundo (Andreas Rentz/Getty Images)

Publicado em 16 de setembro de 2025 às 18h16.

Última atualização em 16 de setembro de 2025 às 18h46.

Por Carlos Padula*

O setor infantojuvenil sempre me chamou atenção pela sua resiliência. Mesmo em tempos de crise, ele cresce acima do PIB brasileiro e se mostra à prova de recessões. Isso não é por acaso: crianças crescem, e roupas são uma necessidade constante. Estamos falando de um motor econômico estimado pelo IEMI em R$ 53 bilhões por ano, sustentado por mais de 5 mil indústrias e 50 mil pontos de venda em todo o país.

Nesse ecossistema, vejo os lojistas multimarcas como protagonistas da interiorização da moda, levando acesso a regiões remotas, gerando centenas de milhares de empregos e mantendo vivo um elo fundamental da economia real.

Os desafios para o canal multimarcas

Apesar dessa força, sei bem que os multimarcas enfrentam desigualdades estruturais. De um lado, grandes redes como Renner, Riachuelo e C&A contam com capital, governança, tecnologia e estratégias digitais robustas. De outro, marketplaces e franquias também pressionam o setor com estruturas consolidadas. E no meio desse cenário, vejo pequenos lojistas sem crédito, capacitação ou marketing digital suficientes, ficando à margem da evolução.

Por que criamos o Brascol Transforma

Diante desse desafio, decidimos lançar o Brascol Transforma, uma iniciativa ousada que busca reposicionar o canal multimarcas como uma verdadeira plataforma de negócios.

Nossa inspiração vem de modelos como o Airbnb: queremos conectar marcas e consumidores por meio de milhares de lojas multimarcas espalhadas pelo país. O meu papel e o da Brascol é articular o setor, fortalecer nossos parceiros e preparar o varejo infantil para o futuro. Não é apenas um evento — é um movimento de transformação sistêmica, alinhado ao DNA colaborativo que construímos ao longo de 37 anos.

O evento que marca essa virada

No dia 24 de setembro de 2025, a partir das 8h, no Teatro Brava (Complexo Tomie Ohtake, em São Paulo), vamos dar o primeiro passo oficial desse movimento.

Espero reunir CEOs do setor infantil, especialistas em varejo, autoridades setoriais e lojistas de todas as regiões do Brasil. O objetivo é claro: discutir gestão, integração digital, inovação na experiência do cliente e, principalmente, como fortalecer a ponta — o pequeno e médio varejista.

Primeiros frutos que já colhemos

Fico feliz em compartilhar que o Brascol Transforma já nasce com conquistas relevantes. Firmamos uma parceria estratégica com a FIT 0/16 — a maior feira de moda infantil da América Latina, organizada pela alemã Koelnmesse.

Como disse Beni Piatetzky, diretor da feira: “Unir forças com a Brascol nos permite ir muito além da exposição de produtos. Queremos fortalecer toda a cadeia com conteúdo de valor, fomentando um ecossistema mais estruturado, profissional e sustentável.”

Além disso, nossos principais fornecedores — marcas que há anos caminham conosco — abraçaram o movimento desde o início, reafirmando o compromisso coletivo com a modernização e o fortalecimento do canal multimarcas.

Olhando para o futuro

Minha visão é que o Brascol Transforma vá muito além do setor infantil. Queremos criar uma plataforma nacional de apoio aos multimarcas, envolvendo Sebrae, ApexBrasil, Fiesp e bancos públicos.

Nosso plano se apoia em três pilares:

  1. Capacitação — programas práticos de gestão, marketing, digitalização e experiência do cliente.
  2. Conexão — eventos, feiras e plataformas digitais para aproximar lojistas, marcas e fornecedores.
  3. Financiamento — linhas de crédito, microcrédito e apoio à modernização das lojas.

Se tivermos êxito, acredito que poderemos consolidar o maior ecossistema descentralizado de distribuição de moda infantil do mundo, gerando inclusão produtiva, novos empregos e desenvolvimento local em praticamente todos os municípios do país.

Do lojista ao protagonista

Nestes 37 anos que a Brascol completa, ela sempre se dedicou a construir pontes entre indústria e varejo. O Brascol Transforma é a continuidade dessa jornada — só que agora com mais ambição e alcance.

Acreditamos que o pequeno e médio lojista não pode apenas sobreviver. Ele deve ser protagonista de uma nova fase do consumo brasileiro.

Se o futuro do varejo é colaborativo, descentralizado e movido por redes inteligentes, então o canal multimarcas é o terreno ideal para florescer. E é com essa convicção que planto hoje a semente do Brascol Transforma, junto com parceiros, clientes e todos que acreditam no poder da coletividade.

*Carlos Padula é CEO da Brascol