É exatamente por ser escassa – e essencial – que pode ser o grande diferencial dos líderes no futuro. (Hinterhaus Productions/Getty Images)
Publicado em 15 de março de 2025 às 07h00.
Cada vez mais encontramos textos e excelentes referências sobre liderança corporativa. Desde os anos 90, com ainda mais força nos anos 2000, esse tema tem ganhado notoriedade, impulsionado pelas novas gerações, que trazem demandas e comportamentos diferentes dos anteriores. Felizmente, há tempos a produtividade deixou de ser apenas uma questão de salário bem pago.
Entre essas novas (e bem-vindas) tendências, a equidade de gênero se tornou uma pauta essencial nas corporações. Embora ainda distante do ideal, o debate já acontece. Mas discutir não é suficiente: é preciso que as lideranças transformem esse discurso em ações concretas. E, quando olhamos para a literatura acadêmica, percebemos que a liderança feminina ainda é um tema relativamente pouco explorado.
Como colaboradora, tive poucos exemplos de liderança feminina — muito provavelmente porque sempre atuei em um mercado predominantemente masculino. Mas hoje, no papel de líder, percebo ainda mais a importância de referências e, principalmente, de contratações que impulsionem essa mudança. Além disso, é inegável que a liderança feminina ainda enfrenta desafios significativos, como dificuldades de ascensão a cargos hierárquicos superiores e a necessidade de políticas públicas voltadas para a igualdade de gênero. Não é simples, mas precisamos reforçar a importância desse tema para acelerar essa transformação.
Os números reforçam essa urgência. As mulheres representam 41,9% da força de trabalho no mundo, mas apenas 32,2% ocupam cargos de liderança de nível sênior, como diretoria, vice-presidência ou alta gerência. Além disso, um relatório da Equileap apontou um estancamento na representatividade feminina em posições de liderança e a ampliação da brecha salarial de gênero em empresas internacionais. A porcentagem de mulheres em cargos de CEO e presidentes de conselhos de administração manteve-se estagnada em 7% e 9%, respectivamente, números que evidenciam a desigualdade. No cenário político global, a sub-representação feminina também é clara: apenas 29 dos 195 países reconhecidos pela ONU são liderados por mulheres.
No Brasil, o cenário apresenta avanços, mas ainda há muito a ser feito. Segundo a Forbes, as mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no país. Além disso, somos o 10º país com mais mulheres em cargos de liderança, com 37%, entre 28 países analisados no estudo Women in Business: Caminhos para a Equidade. Ainda assim, o desafio persiste: garantir que esses números continuem crescendo e que mais mulheres tenham oportunidades reais de ascensão.
Se queremos ambientes corporativos mais diversos, inovadores e justos, precisamos agir. Dentro da minha equipe, por exemplo, a liderança é predominantemente feminina, e vejo diariamente o impacto positivo dessa representatividade. E você, quais experiências teve com liderança feminina? Como podemos acelerar essa transformação?
* Fernanda Consorte, Diretora de Comunicação e Relações Institucionais do Ouribank