Inteligência Política: o desafio nas eleições brasileiras
Partidos são importantes, mas não são variáveis suficientes para compreender as eleições no Brasil
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2022 às 08h44.
Por: Rafael Thomaz Favetti*
As ultimas eleições brasileiras ocorreram em 2020. Candidatos a prefeitos e vereadores disputaram em 5.570 municípios no 1º Turno e em 58 prefeituras houve disputa via 2º Turno.
Foi a primeira vez que valeram as limitações para coligações dada a reforma eleitoral de 2017 (EC 97/2017), que proibiu as coligações para as candidaturas proporcionais, isso é, para vereadores no pleito de 2020. Em 2022, valerá a mesma regra para deputados estaduais e federais. Essa regra é importante porque cada partido corre sozinho para formar bancada na Câmara Federal, que é onde age a cláusula de barreira e o que conta mais para a formação do Fundo Eleitoral.
Nas eleições locais de 2020, quanto ao número de prefeitos eleitos, o Progressistas foi o 2º partido que mais cresceu (+191, total de 685). O PSL, então partido de Bolsonaro, teve um aumento de 60 prefeitos (total de 90). O PL, atual partido do Presidente, aumentou em 54 o número de prefeitos (total de 345). Enquanto o PT perdeu 71 prefeituras (total de 183), o MDB continuou a ser o partido com maior numero de prefeitos eleitos (784), apesar de ter perdido 251 prefeituras.
Quanto ao numero de vereadores eleitos em 2020, foi o Progressistas quem mais cresceu (+1603, total de 6.346), apesar de o MDB continuar como o maior partido do Brasil com 7.335 vereadores eleitos (com perda de 225). O PL elegeu 3.467 vereadores (+448) e o PSL 1.205 vereadores (+327). Já o PT perdeu 250 cadeiras (total de 2665 eleitos).
Dos partidos que compõem a coalizão de apoio à reeleição de Bolsonaro (PL, Progressistas e Republicanos), todos cresceram em 2020 em número de prefeitos e vereadores eleitos, enquanto o PT perdeu cadeiras, bem como o PSB de Alckmin (-151 prefeitos e -606 vereadores).
Na janela partidária de 2022 (quando se permite aos deputados trocarem de partido), 161 parlamentares federais mudaram de agremiação. O PL recebeu mais deputados na transferência (45) do que eleitos em 2018 (33). Já Progressistas e Republicanos aumentaram suas bancadas (em 14 e 11 deputados, com total de 52 e 41 respectivamente). O PSB de Alckimin perdeu 10 deputados (tem agora 22) e o PT foi de 54 eleitos em 2018 para os 56 atuais.
As eleições locais de 2020 e a janela partidária revelam a força politica da tríade PL/PP/Republicanos, partidos que formam a base de apoio do governo. Somam juntos 171 deputados contra 78 da dupla PT/PSB. É dizer que as forças politicas, ao menos até agora, veem mais benefícios em aderir ao projeto de reeleição do que de oposição, ao menos ante a referencia dada pelos números das eleições municipais de 2020 e pela migração partidária de 2022. Se bem não querem significar apoio político explícito ao projeto de um ou de outro, pelo menos fornecem um panorama da leitura que esses partidos fizeram em outras arenas políticas: a Legislativa e a municipal.
Sem dúvida alguma a tríade de partidos que formam a base do governo teve maior crescimento político nos últimos anos do que a dupla que sustenta a chapa da pré-candidatura Lula/Alckmin. Tanto no plano municipal, quanto na Câmara dos Deputados, a situação teve melhor desempenho que a oposição até agora.
Senadores não sofrem as mesmas restrições dos deputados federais quanto à mudança partidária, pois suas eleições são majoritárias e não derivadas do cálculo proporcional. Logo, as mudanças no Senado são mais constantes que na Câmara.
Desde 2018, 29 Senadores trocaram de agremiação, o que equivale a 1 troca a cada 3 parlamentares (de 81 no total). Novamente, o desempenho do PL foi superior ao do PT.
Essa goleada dos partidos da base não reflete, contudo, nos índices de popularidade do Presidente. Infere-se, pois, que a figura de Bolsonaro não está atrelada ao partido que esteja filiado. Ao contrario, é ele quem atrai popularidade ao partido, como mostram os números da ultima janela partidária. Se Bolsonaro se filiasse a um outro partido, por exemplo, bem provável que este seria o campeão de transferências da janela partidária. Claro que a cadeira de presidente ajuda e muito para essa inferência, mas é inegável que Bolsonaro possui uma força politica que supera a questão partidária.
Fica a pergunta: como se dá a relação entre Lula e PT? As pesquisas permitem dizer que a mesma lógica de Bolsonaro se aplica ao caso, isso é, Lula é maior que o PT. Logo, partidos são importantes, mas não são variáveis suficientes para compreender as eleições no Brasil, especialmente para a Presidência da Republica.
*Rafael Thomaz Favetti é advogado e Cientista Político
Por: Rafael Thomaz Favetti*
As ultimas eleições brasileiras ocorreram em 2020. Candidatos a prefeitos e vereadores disputaram em 5.570 municípios no 1º Turno e em 58 prefeituras houve disputa via 2º Turno.
Foi a primeira vez que valeram as limitações para coligações dada a reforma eleitoral de 2017 (EC 97/2017), que proibiu as coligações para as candidaturas proporcionais, isso é, para vereadores no pleito de 2020. Em 2022, valerá a mesma regra para deputados estaduais e federais. Essa regra é importante porque cada partido corre sozinho para formar bancada na Câmara Federal, que é onde age a cláusula de barreira e o que conta mais para a formação do Fundo Eleitoral.
Nas eleições locais de 2020, quanto ao número de prefeitos eleitos, o Progressistas foi o 2º partido que mais cresceu (+191, total de 685). O PSL, então partido de Bolsonaro, teve um aumento de 60 prefeitos (total de 90). O PL, atual partido do Presidente, aumentou em 54 o número de prefeitos (total de 345). Enquanto o PT perdeu 71 prefeituras (total de 183), o MDB continuou a ser o partido com maior numero de prefeitos eleitos (784), apesar de ter perdido 251 prefeituras.
Quanto ao numero de vereadores eleitos em 2020, foi o Progressistas quem mais cresceu (+1603, total de 6.346), apesar de o MDB continuar como o maior partido do Brasil com 7.335 vereadores eleitos (com perda de 225). O PL elegeu 3.467 vereadores (+448) e o PSL 1.205 vereadores (+327). Já o PT perdeu 250 cadeiras (total de 2665 eleitos).
Dos partidos que compõem a coalizão de apoio à reeleição de Bolsonaro (PL, Progressistas e Republicanos), todos cresceram em 2020 em número de prefeitos e vereadores eleitos, enquanto o PT perdeu cadeiras, bem como o PSB de Alckmin (-151 prefeitos e -606 vereadores).
Na janela partidária de 2022 (quando se permite aos deputados trocarem de partido), 161 parlamentares federais mudaram de agremiação. O PL recebeu mais deputados na transferência (45) do que eleitos em 2018 (33). Já Progressistas e Republicanos aumentaram suas bancadas (em 14 e 11 deputados, com total de 52 e 41 respectivamente). O PSB de Alckimin perdeu 10 deputados (tem agora 22) e o PT foi de 54 eleitos em 2018 para os 56 atuais.
As eleições locais de 2020 e a janela partidária revelam a força politica da tríade PL/PP/Republicanos, partidos que formam a base de apoio do governo. Somam juntos 171 deputados contra 78 da dupla PT/PSB. É dizer que as forças politicas, ao menos até agora, veem mais benefícios em aderir ao projeto de reeleição do que de oposição, ao menos ante a referencia dada pelos números das eleições municipais de 2020 e pela migração partidária de 2022. Se bem não querem significar apoio político explícito ao projeto de um ou de outro, pelo menos fornecem um panorama da leitura que esses partidos fizeram em outras arenas políticas: a Legislativa e a municipal.
Sem dúvida alguma a tríade de partidos que formam a base do governo teve maior crescimento político nos últimos anos do que a dupla que sustenta a chapa da pré-candidatura Lula/Alckmin. Tanto no plano municipal, quanto na Câmara dos Deputados, a situação teve melhor desempenho que a oposição até agora.
Senadores não sofrem as mesmas restrições dos deputados federais quanto à mudança partidária, pois suas eleições são majoritárias e não derivadas do cálculo proporcional. Logo, as mudanças no Senado são mais constantes que na Câmara.
Desde 2018, 29 Senadores trocaram de agremiação, o que equivale a 1 troca a cada 3 parlamentares (de 81 no total). Novamente, o desempenho do PL foi superior ao do PT.
Essa goleada dos partidos da base não reflete, contudo, nos índices de popularidade do Presidente. Infere-se, pois, que a figura de Bolsonaro não está atrelada ao partido que esteja filiado. Ao contrario, é ele quem atrai popularidade ao partido, como mostram os números da ultima janela partidária. Se Bolsonaro se filiasse a um outro partido, por exemplo, bem provável que este seria o campeão de transferências da janela partidária. Claro que a cadeira de presidente ajuda e muito para essa inferência, mas é inegável que Bolsonaro possui uma força politica que supera a questão partidária.
Fica a pergunta: como se dá a relação entre Lula e PT? As pesquisas permitem dizer que a mesma lógica de Bolsonaro se aplica ao caso, isso é, Lula é maior que o PT. Logo, partidos são importantes, mas não são variáveis suficientes para compreender as eleições no Brasil, especialmente para a Presidência da Republica.
*Rafael Thomaz Favetti é advogado e Cientista Político