Fachada da entrada da COP30, em Belém, no Pará (Sérgio Moraes / COP30)
Publicado em 9 de novembro de 2025 às 06h01.
Por Luiz Lessa* – O Brasil tem plenas condições de liderar o debate da transição energética perante o mundo. A escolha de Belém para sediar a COP 30 não se deu por acaso, portanto.
O país tem aprovado uma série de projetos nos dois últimos anos para impulsionar a chamada economia verde – Mercado de Carbono, combustível do futuro – além de outras iniciativas públicas e privadas de descarbonização.
Mas para que todas essas propostas saiam do papel, é preciso ter quem acredite, e, mais importante, quem financie. É nesse ponto que entram os papeis de bancos públicos, governos e da iniciativa privada.
Logo no primeiro dia oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou aos líderes mundiais a proposta de que todos se unam para a criação de um fundo de proteção às Florestas Tropicais.
Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Meio Ambiente, Marina Silva, detalharam a proposta, antecipando o envolvimento da Noruega, Indonésia e França e citando os critérios de rentabilidade, os caminhos para a escolha de projetos que serão impulsionados e as regras que definirão participantes e beneficiários do Fundo.
Bem antes desse tema entrar na agenda das principais lideranças mundiais, o Banco da Amazônia, encravado no coração da Região Norte, mas com um olhar profundo sobre as grandes demandas do país, já se preocupava com essa questão.
E direcionava seus esforços para impulsionar o tema com uma parcela substancial de seu crédito voltada para projetos alinhados à sustentabilidade, classificados como "linhas verdes" ou "empreendimentos com finalidade verde”.
Para se ter uma ideia – os dados são públicos e constam em nosso relatório de resultados e impacto de 2024 -, no ano passado o Banco contratou um total de R$ 15,6 bilhões em créditos.
Desse montante, mais da metade – R$ 7,7 bilhões ou 49,4% para ser mais preciso – foram destinados a empreendimentos com finalidade verde ou sustentável.
Nosso apetite seguiu aguçado neste ano, com a proximidade da COP30: de acordo com nosso Relatório de Resultados do 1º Semestre de 2025, apenas neste primeiro semestre, aplicamos R$ 5,6 bilhões em "Linhas Verdes", um crescimento de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Mas não adianta apenas compromisso em liberar recursos, se não houver critérios cuidadosos para definir para onde vão esses recursos e prestações de contas rigorosas e diligentes para comprovar se eles foram efetivamente utilizados de maneira efetiva, trazendo retornos para a sociedade.
O objetivo, sempre, é apoiar atividades que reduzam o impacto ambiental e promovam o uso racional dos recursos. Em consonância com o espírito central da COP 30.
A linha “Energia Verde” tem como objetivo fomentar a produção de energias renováveis para consumo próprio. Para isso, financiamos projetos voltados à instalação de painéis solares, produção e desenvolvimento de projetos destinados a veículos elétricos, híbridos ou que utilizem energia renovável.
Apoiamos atividades do segmento agropecuário que sejam desenvolvidas em bases sustentáveis, reforçando a defesa dos produtores rurais brasileiros que sabem que não há como crescer sem preservar o meio ambiente.
Queremos apoiar a recuperação de áreas degradadas, as práticas de agricultura de baixo carbono, os projetos de bioeconomia e conservação da biodiversidade. Sabemos muito bem como unir as duas pontas: desenvolvimento econômico da região com responsabilidade ambiental.
De nada adianta impulsionar energias renováveis nem o segmento agropecuário responsável se não houver projetos de infraestrutura econômica que promovam a sustentabilidade e reduzam as emissões. É para isso que serve a Linha "FNO Amazônia Infraestrutura Verde".
Apostamos e apoiamos empreendimentos de saneamento básico, logística de baixo impacto, transporte e mobilidade urbana sustentável.
Em sua fala aos líderes mundiais no painel sobre transição energética, o presidente da República afirmou que foram necessárias 28 COPs do clima para que o mundo se comprometesse, em Dubai, com uma transição energética justa, ordenada e equitativa.
Reforçou que a transição representa um novo paradigma de desenvolvimento e uma grande oportunidade para promover transformações estruturais na sociedade e na economia, lembrando que, em 2023, o setor foi responsável por 10% do crescimento do PIB global e empregou 35 milhões de pessoas”.
Sabemos disso. Porque sempre estivemos aqui, desenvolvendo o passado, apoiando o presente e olhando para o futuro. Vamos seguir com esse olhar de sustentabilidade, com planos ambiciosos para os próximos anos. Seguiremos trabalhando. A COP 30 dura 20 dias. Os benefícios dela devem se desdobrar por mais anos. Mas o nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável da Amazônia é para sempre.
*Luiz Lessa é presidente do Banco da Amazônia