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Como manter o espírito empreendedor durante 120 anos?

Com a expansão nacional, a companhia passou a contar com uma rica diversidade de pessoas e culturas, diz presidente do conselho da Gerdau

Gerdau: "Só vamos prosperar ao combinar a geração de riquezas com o desenvolvimento responsável do meio social e ambiental", diz presidente do conselho (Germano Lüders/Exame)
KS

Karin Salomão

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 06h00.

Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 12h10.

Empreender no Brasil nunca foi tarefa fácil. Digo isso com a experiência de quem faz parte de uma empresa brasileira que completa 120 anos de existência neste mês. A verdade é que temos poucas empresas centenárias que sobreviveram em nosso país e no mundo. Somos testemunhas de mudanças impressionantes no meio empresarial, na sociedade e na vida de muitos que de alguma forma participaram de nossa história. Arrisco a dizer que aprendemos, desaprendemos e reaprendemos a empreender, persistir e, acima de tudo, focar nossas ações no desenvolvimento das pessoas que nos ajudaram a moldar cada pedaço de nossa trajetória.

Em meados de 1901, nossa empresa nascia a partir de uma fábrica de pregos, em Porto Alegre. Naquele momento, começava uma trajetória que foi lapidada por cinco gerações de uma família genuinamente empreendedora e por outras milhares de famílias de brasileiros, americanos, argentinos e outras nacionalidades. Nossa visão de futuro nos fez ir além, sobrepor barreiras culturais e fronteiras.

Recordo do período de regionalização com aquisições e implantações que fizemos no Nordeste e Sudeste do país. Com a expansão, a companhia passou a contar com uma rica diversidade de pessoas e culturas. A integração cultural foi a base para expandir ainda mais os negócios. Crescemos e partimos para o plano internacional: foram adquiridas operações no Canadá, Argentina, Estados Unidos, México, entre outras, e sem esquecer das ações que passaram a ser listadas em Nova Iorque (NYSE) e Madri (Latibex).

Inovamos mesmo em momentos críticos e decisivos – como este que estamos vivendo agora, durante a maior pandemia de nossas gerações – e direcionamos o foco em encontrar soluções em meio a tanta incerteza. Esta história, escrita por milhares de mãos, começou no Rio Grande do Sul e rompeu paradigmas, ganhando novos horizontes, até sermos a maior empresa brasileira produtora de aço e uma das maiores do mundo.

O segredo para manter uma empresa perene e relevante certamente envolve: praticar, entre todos os colaboradores, princípios, valores e propósitos claros. Atrair talentos que dividam essa visão de futuro e se sintam desafiados e motivados a nos questionar e sair da zona de conforto. E ter os clientes sempre no centro das nossas decisões. Aqui na Gerdau chamamos essa relação de “paixão pelo cliente”.

Após mais de um século de existência foi preciso despir visões e crenças tradicionais que não desafiam verdadeiramente o futuro para nos manter competitivos e sustentáveis. E entender que só vamos prosperar ao combinar a geração de riquezas com o desenvolvimento responsável do meio social e ambiental.

A longa jornada que implica empreender demanda estar convicto de que um negócio deve envolver princípios e valores que nos elevem, transformem e projetem melhorias reais a toda a cadeia envolvida. Deve-se estar certo de que pessoas são o maior patrimônio de uma companhia e que mantê-las estimuladas pode ser um dos maiores desafios. Propiciar espaços  para que todos, sem exceção, sejam ouvidos, respeitados e tenham acesso às oportunidades é
o primeiro passo.

A transformação de outras organizações centenárias se torna um exemplo na forma com que lidam com mudanças sociais e econômicas, desafios atípicos e crises. Ao longo dos últimos cem anos, diversas empresas– que iniciaram suas histórias na região Sul como nós -, conseguiram manter sua veia empreendedora e resistir bravamente a tantas incertezas. Seus valores e princípios sólidos, sempre indicam novos caminhos a seguir. Somos certamente uma empresa diferente do início, mas com a mesma essência. E para prosperar nos próximos 120 anos, continuo acreditando que o empreendedorismo pode e deve liderar a transformação social que tanto necessitamos, em todos os setores de nossas vidas.

Acredito, cada vez mais, que para inovar nos negócios é preciso ter as pessoas certas nas posições certas e um forte alinhamento de incentivos entre acionistas, colaboradores, clientes e a comunidade. É essa sintonia que nos move e nos emociona. Que cada um de nós tenha forca e tenacidade para enfrentar os desafios deste ano que começa tão desafiador, mas tão promissor.

* Guilherme Chagas Gerdau Johannpeter é presidente do Conselho de Administração da Gerdau

Guilherme Chagas Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração da Gerdau.

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Empreender no Brasil nunca foi tarefa fácil. Digo isso com a experiência de quem faz parte de uma empresa brasileira que completa 120 anos de existência neste mês. A verdade é que temos poucas empresas centenárias que sobreviveram em nosso país e no mundo. Somos testemunhas de mudanças impressionantes no meio empresarial, na sociedade e na vida de muitos que de alguma forma participaram de nossa história. Arrisco a dizer que aprendemos, desaprendemos e reaprendemos a empreender, persistir e, acima de tudo, focar nossas ações no desenvolvimento das pessoas que nos ajudaram a moldar cada pedaço de nossa trajetória.

Em meados de 1901, nossa empresa nascia a partir de uma fábrica de pregos, em Porto Alegre. Naquele momento, começava uma trajetória que foi lapidada por cinco gerações de uma família genuinamente empreendedora e por outras milhares de famílias de brasileiros, americanos, argentinos e outras nacionalidades. Nossa visão de futuro nos fez ir além, sobrepor barreiras culturais e fronteiras.

Recordo do período de regionalização com aquisições e implantações que fizemos no Nordeste e Sudeste do país. Com a expansão, a companhia passou a contar com uma rica diversidade de pessoas e culturas. A integração cultural foi a base para expandir ainda mais os negócios. Crescemos e partimos para o plano internacional: foram adquiridas operações no Canadá, Argentina, Estados Unidos, México, entre outras, e sem esquecer das ações que passaram a ser listadas em Nova Iorque (NYSE) e Madri (Latibex).

Inovamos mesmo em momentos críticos e decisivos – como este que estamos vivendo agora, durante a maior pandemia de nossas gerações – e direcionamos o foco em encontrar soluções em meio a tanta incerteza. Esta história, escrita por milhares de mãos, começou no Rio Grande do Sul e rompeu paradigmas, ganhando novos horizontes, até sermos a maior empresa brasileira produtora de aço e uma das maiores do mundo.

O segredo para manter uma empresa perene e relevante certamente envolve: praticar, entre todos os colaboradores, princípios, valores e propósitos claros. Atrair talentos que dividam essa visão de futuro e se sintam desafiados e motivados a nos questionar e sair da zona de conforto. E ter os clientes sempre no centro das nossas decisões. Aqui na Gerdau chamamos essa relação de “paixão pelo cliente”.

Após mais de um século de existência foi preciso despir visões e crenças tradicionais que não desafiam verdadeiramente o futuro para nos manter competitivos e sustentáveis. E entender que só vamos prosperar ao combinar a geração de riquezas com o desenvolvimento responsável do meio social e ambiental.

A longa jornada que implica empreender demanda estar convicto de que um negócio deve envolver princípios e valores que nos elevem, transformem e projetem melhorias reais a toda a cadeia envolvida. Deve-se estar certo de que pessoas são o maior patrimônio de uma companhia e que mantê-las estimuladas pode ser um dos maiores desafios. Propiciar espaços  para que todos, sem exceção, sejam ouvidos, respeitados e tenham acesso às oportunidades é
o primeiro passo.

A transformação de outras organizações centenárias se torna um exemplo na forma com que lidam com mudanças sociais e econômicas, desafios atípicos e crises. Ao longo dos últimos cem anos, diversas empresas– que iniciaram suas histórias na região Sul como nós -, conseguiram manter sua veia empreendedora e resistir bravamente a tantas incertezas. Seus valores e princípios sólidos, sempre indicam novos caminhos a seguir. Somos certamente uma empresa diferente do início, mas com a mesma essência. E para prosperar nos próximos 120 anos, continuo acreditando que o empreendedorismo pode e deve liderar a transformação social que tanto necessitamos, em todos os setores de nossas vidas.

Acredito, cada vez mais, que para inovar nos negócios é preciso ter as pessoas certas nas posições certas e um forte alinhamento de incentivos entre acionistas, colaboradores, clientes e a comunidade. É essa sintonia que nos move e nos emociona. Que cada um de nós tenha forca e tenacidade para enfrentar os desafios deste ano que começa tão desafiador, mas tão promissor.

* Guilherme Chagas Gerdau Johannpeter é presidente do Conselho de Administração da Gerdau

Guilherme Chagas Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração da Gerdau.

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