A economia do mar no Brasil: crescimento e sustentabilidade
Com um litoral de aproximadamente 7,5 mil quilômetros, o setor no Brasil pode contribuir significativamente para o crescimento econômico do país
Publicado em 14 de outubro de 2024 às, 14h07.
A economia do mar no Brasil é um setor que pode contribuir significativamente para o crescimento econômico do país. Com um litoral de aproximadamente 7,5 mil quilômetros, o Brasil possui uma gama de recursos marinhos que podem ser explorados de maneira sustentável. Vale apontar que a economia do mar abrange atividades como pesca, aquicultura, turismo, transporte marítimo e extração de recursos minerais.
O setor tem um grande potencial de crescimento, especialmente quando consideramos a sustentabilidade como visão principal. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou um investimento de R$ 6,6 bilhões no setor da economia do mar em 2024, o que demonstra o compromisso do governo em fortalecer essa área. Além disso, o Brasil está em uma posição estratégica para se tornar um líder na economia azul, que foca no uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico.
Como exemplo desse potencial de crescimento sustentável podemos trazer o desenvolvimento de energia renovável offshore, como a eólica e a marinha. O Brasil possui condições favoráveis para a geração de energia eólica offshore, com ventos constantes e fortes ao longo da costa. Investir em energia renovável não só contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mas também cria empregos e impulsiona a economia local.
A transição para uma economia mais sustentável é um desafio global, e o Brasil não é exceção. Conceitualmente economia sustentável envolve a utilização responsável dos recursos naturais, garantindo que as gerações futuras também possam se beneficiar deles. No Brasil, a sustentabilidade na economia do mar é crucial para preservar a biodiversidade marinha e garantir a segurança alimentar e a qualidade de vida das comunidades costeiras.
O país possui uma das maiores zonas econômicas exclusivas do mundo, com uma rica diversidade de espécies marinhas. No entanto, a pesca excessiva e ilegal tem ameaçado várias dessas espécies. Políticas eficazes de gestão pesqueira, que incluem cotas de captura e monitoramento rigoroso, são necessárias para garantir a sustentabilidade a longo prazo.
Outro exemplo de iniciativa sustentável é o projeto BlueRio, um programa colaborativo de economia azul que visa implementar soluções inovadoras para o desenvolvimento sustentável do litoral do Rio de Janeiro. Esse projeto é uma parceria entre a Secretaria do Meio Ambiente do Rio de Janeiro e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), e busca promover práticas que minimizem o impacto ambiental enquanto impulsionam o crescimento econômico.
Apesar dos avanços, o Brasil enfrenta desafios significativos na implementação de práticas sustentáveis no setor marítimo. A pesca excessiva, a poluição e a degradação dos habitats marinhos são problemas habituais que precisam ser abordados de maneira eficaz. Para enfrentar esses desafios, é necessário um esforço conjunto entre o governo, a indústria e a sociedade civil.
A poluição marinha, especialmente por plásticos, é uma preocupação. Estima-se que mais de 8 milhões de toneladas de plástico entrem nos oceanos a cada ano, afetando a vida marinha e os ecossistemas costeiros. A implementação de políticas de redução de plástico e iniciativas de limpeza dos oceanos são cruciais para combater esse problema. Além disso, o incentivo à economia circular, onde o plástico é reciclado e reutilizado, pode contribuir para a redução da poluição. A reciclagem desse volume de plástico poderia gerar cerca de 22 bilhões de reais na economia de forma direta.
Outra questão crítica é a proteção dos ecossistemas marinhos e costeiros. Os manguezais, por exemplo, desempenham um papel vital na proteção costeira e na captura de carbono. No entanto, esses ecossistemas estão ameaçados pela urbanização e pela exploração econômica. A criação de áreas marinhas protegidas e a restauração de ecossistemas degradados são medidas importantes para conservar a biodiversidade e garantir a resiliência às mudanças climáticas.
Uma solução proposta é a implementação de políticas de gestão de recursos marinhos que promovam a conservação e o uso sustentável dos recursos oceânicos. Além disso, a educação e a conscientização sobre a importância da sustentabilidade são fundamentais para garantir o apoio da população e a adoção de práticas mais responsáveis.
Ao pensar em iniciativas, o Brasil tem participado ativamente de várias iniciativas internacionais voltadas para a sustentabilidade dos oceanos. Em 2019, o país foi um dos signatários do "Blue Economy Valuation Initiative", uma parceria que visa valorizar economicamente os serviços ecossistêmicos marinhos e costeiros. Esta iniciativa é essencial para criar um ambiente econômico que reconheça e recompense a conservação e o uso sustentável dos recursos marinhos.
Além disso, o governo brasileiro lançou o Programa Nacional de Economia do Mar (PRONAMAR), que visa promover o desenvolvimento sustentável do setor marítimo. O PRONAMAR inclui ações voltadas para a pesquisa e inovação, a capacitação profissional e a promoção de investimentos em atividades econômicas sustentáveis.
Por fim, a economia do mar no Brasil tem um grande potencial de crescimento, especialmente quando a sustentabilidade é considerada como visão central desse processo. Com investimentos estratégicos e iniciativas inovadoras, o país pode se tornar um líder na economia do mar, promovendo o desenvolvimento econômico enquanto preserva os recursos marinhos para as futuras gerações. No entanto, é necessário enfrentar desafios significativos e adotar soluções eficazes para garantir um futuro sustentável e próspero.
O futuro da economia do mar no Brasil dependerá da capacidade de equilibrar o crescimento econômico com a conservação ambiental. Ao integrar práticas de sustentabilidade em todas as áreas do setor marítimo, o Brasil pode assegurar que os benefícios dos seus recursos marinhos sejam desfrutados não apenas pela geração atual, mas também pelas futuras gerações. O comprometimento contínuo com a inovação, a educação e a colaboração internacional será essencial para transformar a economia do mar em um motor de crescimento sustentável.