Exame Logo

2021: um ano para acelerar transformações sociais e tecnológicas

Depois de um ano em que as startups tiveram de adaptar seus modelos de negócio, o momento agora é de agir

Google Campus São Paulo: "Mais do que nunca, os usuários são capazes de reconhecer e escolher os produtos e soluções que oferecem as melhores experiências digitais" (Germano Lüders/Exame)
f

filipeserranoexame

Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 07h20.

Se pudesse definir o ano de 2020 para o ecossistema empreendedor em uma palavra seria resiliência. As startups e seus líderes precisaram colocar em prática toda a sua capacidade de adaptação. Muitas chegaram bem perto do fim. E, para aquelas que sobreviveram, foi o momento de adaptar seus produtos, modelos de negócios, estratégias de monetização e seus times.
Desde março passado, vimos surgir algumas tendências momentâneas, mas também a consolidação de novos hábitos e comportamentos dos brasileiros que vão permanecer pelos próximos anos e criar campos de oportunidades para os empreendedores. Vimos ainda uma aceleração digital sem precedentes de diversos setores como educação, serviços financeiros, saúde, e soluções remotas para serviços que precisávamos fazer presencialmente antes. São muitas as mudanças que passamos a incorporar no nosso dia a dia e que percebemos que nos ajudam a controlar e aliviar a nossa nova rotina.

O imperativo da transformação digital fez acelerar as parcerias entre grandes corporações e startups, seja na forma de contratação de serviços ou ainda de aquisições para criar novas alavancas de crescimento ou buscar talentos em tecnologia, o que no universo de startups chamamos de acquihire. Em paralelo, os fundos de investimento perceberam as oportunidades de investimento em soluções que poderão se tornar indissociáveis da vida das pessoas ou de empresas. Dados compilados pelo hub de inovação Distrito indicam que o número de aquisições e fusões de startups em 2020 superou a marca de 100 ações desse tipo, o que torna o último ano mais ativo do que os dois anteriores nesse mercado. O mesmo levantamento mostra que até outubro de 2020, o volume de investimentos em startups somava 2,4 bilhões de dólares, valores superiores ao ano anterior.

Além disso, o mais importante é que as expectativas dos usuários aumentaram. E muito. Hoje, mais do que nunca, os usuários são capazes de reconhecer e escolher os produtos e soluções que oferecem as melhores experiências digitais. A partir de agora, ninguém mais vai aceitar uma experiência mais ou menos. A barra ficou mais alta e em qualquer que seja o setor, qualidade no produto e excelência na experiência do usuário vão ser enormes diferenciais competitivos.

No ano passado também tivemos o envio ao Congresso do projeto de lei conhecido como Marco Legal das Startups, que traz importantes avanços em relação ao arcabouço jurídico existente para esse tipo de negócio. Dentre os principais aspectos, a nova legislação deve ajudar a simplificar e desburocratizar a vida dos empreendedores , prover mais segurança jurídica a investidores e potencialmente destravar a contratação de soluções tecnológicas pelos governos, algo fundamental para a transformação digital também do setor público e para a melhor experiência dos cidadãos. Particularmente, torço para que o marco seja não apenas um documento ou uma legislação estática no tempo, mas que seja capaz de criar um campo de diálogo permanente com o ecossistema, especialmente porque o ambiente das startups ainda irá se transformar muito nos próximos anos.

Outro aspecto fundamental em 2020 e que continuará a ser em 2021 é o fato de que fundadores e líderes de startups passaram a ser cada vez mais provocados a agir e não apenas reagir à necessidade, mais do que imediata, em relação à diversidade, equidade e inclusão racial e de gênero. Vimos corporações criarem iniciativas para tentar preencher lacunas criadas pela injustiça sistêmica do nosso país, seja com programas específicos para atrair e desenvolver talentos negros ou fundos de investimento com foco em startups fundadas ou lideradas por pessoas negras, como o Black Founders Fund lançado pelo Google no último ano. É necessário se tornar um agente ativo na construção de um ecossistema empreendedor mais diverso e inclusivo. Quem ainda não acordou para isso logo vai perceber que é uma pauta urgente e fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento dos seus próprios negócios.

2021 não será mais um ano de adaptação, mas sim de aceleração e consolidação. Este será o ano em que colheremos as lições de 2020 – e as que ainda estão por vir – para construir um ecossistema de inovação mais robusto e resiliente em nosso país. Apesar de todos os altos e baixos, mais do que nunca precisamos dos empreendedores e das startups. Eles serão agentes fundamentais para consolidar as transformações sociais e tecnológicas iniciadas em 2020 e construir respostas para as novas demandas e necessidades da sociedade, do mercado e do governo.

* André Barrence é siretor do Google for Startups na América Latina

Veja também

Se pudesse definir o ano de 2020 para o ecossistema empreendedor em uma palavra seria resiliência. As startups e seus líderes precisaram colocar em prática toda a sua capacidade de adaptação. Muitas chegaram bem perto do fim. E, para aquelas que sobreviveram, foi o momento de adaptar seus produtos, modelos de negócios, estratégias de monetização e seus times.
Desde março passado, vimos surgir algumas tendências momentâneas, mas também a consolidação de novos hábitos e comportamentos dos brasileiros que vão permanecer pelos próximos anos e criar campos de oportunidades para os empreendedores. Vimos ainda uma aceleração digital sem precedentes de diversos setores como educação, serviços financeiros, saúde, e soluções remotas para serviços que precisávamos fazer presencialmente antes. São muitas as mudanças que passamos a incorporar no nosso dia a dia e que percebemos que nos ajudam a controlar e aliviar a nossa nova rotina.

O imperativo da transformação digital fez acelerar as parcerias entre grandes corporações e startups, seja na forma de contratação de serviços ou ainda de aquisições para criar novas alavancas de crescimento ou buscar talentos em tecnologia, o que no universo de startups chamamos de acquihire. Em paralelo, os fundos de investimento perceberam as oportunidades de investimento em soluções que poderão se tornar indissociáveis da vida das pessoas ou de empresas. Dados compilados pelo hub de inovação Distrito indicam que o número de aquisições e fusões de startups em 2020 superou a marca de 100 ações desse tipo, o que torna o último ano mais ativo do que os dois anteriores nesse mercado. O mesmo levantamento mostra que até outubro de 2020, o volume de investimentos em startups somava 2,4 bilhões de dólares, valores superiores ao ano anterior.

Além disso, o mais importante é que as expectativas dos usuários aumentaram. E muito. Hoje, mais do que nunca, os usuários são capazes de reconhecer e escolher os produtos e soluções que oferecem as melhores experiências digitais. A partir de agora, ninguém mais vai aceitar uma experiência mais ou menos. A barra ficou mais alta e em qualquer que seja o setor, qualidade no produto e excelência na experiência do usuário vão ser enormes diferenciais competitivos.

No ano passado também tivemos o envio ao Congresso do projeto de lei conhecido como Marco Legal das Startups, que traz importantes avanços em relação ao arcabouço jurídico existente para esse tipo de negócio. Dentre os principais aspectos, a nova legislação deve ajudar a simplificar e desburocratizar a vida dos empreendedores , prover mais segurança jurídica a investidores e potencialmente destravar a contratação de soluções tecnológicas pelos governos, algo fundamental para a transformação digital também do setor público e para a melhor experiência dos cidadãos. Particularmente, torço para que o marco seja não apenas um documento ou uma legislação estática no tempo, mas que seja capaz de criar um campo de diálogo permanente com o ecossistema, especialmente porque o ambiente das startups ainda irá se transformar muito nos próximos anos.

Outro aspecto fundamental em 2020 e que continuará a ser em 2021 é o fato de que fundadores e líderes de startups passaram a ser cada vez mais provocados a agir e não apenas reagir à necessidade, mais do que imediata, em relação à diversidade, equidade e inclusão racial e de gênero. Vimos corporações criarem iniciativas para tentar preencher lacunas criadas pela injustiça sistêmica do nosso país, seja com programas específicos para atrair e desenvolver talentos negros ou fundos de investimento com foco em startups fundadas ou lideradas por pessoas negras, como o Black Founders Fund lançado pelo Google no último ano. É necessário se tornar um agente ativo na construção de um ecossistema empreendedor mais diverso e inclusivo. Quem ainda não acordou para isso logo vai perceber que é uma pauta urgente e fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento dos seus próprios negócios.

2021 não será mais um ano de adaptação, mas sim de aceleração e consolidação. Este será o ano em que colheremos as lições de 2020 – e as que ainda estão por vir – para construir um ecossistema de inovação mais robusto e resiliente em nosso país. Apesar de todos os altos e baixos, mais do que nunca precisamos dos empreendedores e das startups. Eles serão agentes fundamentais para consolidar as transformações sociais e tecnológicas iniciadas em 2020 e construir respostas para as novas demandas e necessidades da sociedade, do mercado e do governo.

* André Barrence é siretor do Google for Startups na América Latina

Acompanhe tudo sobre:EmpreendedorismoGoogleStartups

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se