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Somos reféns do dito pelo não dito ?!

Minha próxima matéria é sobre nossa memória e a capaciade que temos … ops, do que mesmo?!! Quem nunca foi vítima de situações do tipo...

 (Nicole Mason/Site Exame)
(Nicole Mason/Site Exame)
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O que te motiva

Publicado em 16 de maio de 2013 às, 15h21.

Última atualização em 5 de setembro de 2017 às, 23h06.

Minha próxima matéria é sobre nossa memória e a capacidade que temos … ops, do que mesmo?!!

Quem nunca foi vítima de situações do tipo: “Eu tenho certeza que te disse isso!!”, “Você não lembra mesmo desse nosso acordo?!”, “Quem é essa pessoa? Ela me parece tão familiar …”, ou ainda quando você tem certeza absoluta de ter combinado, acordado ou falado algo de extrema importância que o(s) outro(s) nega(m) piamente, fazendo com que você chegue à desacreditar da sua própria verdade?!

O tempo está cada vez mais curto e todos os dias temos centenas de coisas para fazer e pensar. Nossa cabeça multifuncional fica dividida em milhares de informações relevantes e outras nem tanto assim. Com o acúmulo de informação, nem sempre deletamos aquilo que é realmente dispensável e o indispensável, por vezes, cai por terra sem querer.

Vale a pena dizer que tudo começa com o nosso olhar e todas as maravilhas que ele pode captar. É incrível, mas os 6 músculos responsáveis por controlar nosso globo ocular se movem aproximadamente 100 mil vezes por dia, quase o mesmo número das batidas do nosso coração. São tantas imagens captadas consciente ou inconscientemente, que haja cérebro para mantê-las. Nossa mente é bombardeada por cerca de estarrecedores 11 milhões de bits de informação por segundo, e cabe à nossa memória trabalhar duro para garantir espaço, para toda essa avalanche, em nosso estoque de informações. A organização dos dados requer um enorme gasto de energia e explica porque muitas vezes sentimos estafa mental.

Como todo bom estoque, existem infos que ocupam as prateleiras “superiores”, outras que vão para as prateleiras mais “baixas” e outras que acabam parando no lixo literalmente, até porque nosso estoque não tem capacidade ilimitada de armazenagem. Graças à esse processo natural de seleção não enlouquecemos ou exaurimos nossas capacidades.

Além disso nossa memória ainda é doutora de outro processo do qual não temos gerência alguma. Ela é capaz de cortar, editar e acrescentar dados às informações armazenadas, alterando até mesmo fatos super importantes.

Pesquisas feitas por Frederic Bartlett, professor da Universidade de Cambridge, relatam que todas as histórias que armazenamos em nossa memória “não só perdem fatos reais ao longo do tempo, como são acrescidas de informações inventadas. Com o passar do tempo mantemos o formato geral das histórias, mas descartamos alguns detalhes que alteram outros. Nossa memória tem a tendência de simplificar histórias e aplainá-las”. | Fonte: Subliminar – Leonard Mlodinow

Essa passagem acima me chamou muita atenção e explica um pouco como vamos perdendo os detalhes de quaisquer vivências e experiências passadas. Conhecer como funciona nossa memória é de grande serventia, ainda mais quando o conhecimento é levado ao nosso universo de trabalho.

Nem todos os acordos ou reuniões importantes geram contratos efetivos, e com o passar do tempo, muitas coisas acordadas começam a migrar para a instância do “dito pelo não dito”. O tempo faz com que as entrelinhas ganhem estrelato e mudem alguns pilares discutidos e acertados entre as partes. Mesmo em reuniões mais simples a coisa deriva para o mesmo caminho. São tantas informações que cada um de nós carrega diariamente que nossa mente tria apenas aquilo que nos diz respeito e nos interessa, muita coisa vai diretamente para nossas prateleiras mais baixas ou para o lixo.

Para driblar as lacunas do nosso depósito central e garantir a retenção das informações principais em quaisquer relações, vale a pena pensar no quanto a manufatura de atas de reunião ou até emails com o resumo do conteúdo discutido e validado por todas as partes, podem servir como documentos que conferem autenticidade aos pontos discutidos.

Fuja do artifício das anotações pessoais, que contam com uma opinião unilateral e não terão valor legal quando precisarem ser usadas. Vale a pena confeccionar um documento, mesmo que de “gaveta”, com a anuência de todos os interessados e partícipes nos negócios.

Nunca se sabe a hora que nossa mente pode esquecer fatos importantes, trocar infos ou acrescer detalhes por livre e espontânea vontade, então o que está escrito e documentado garante qualquer relação. Para não sermos autores ou vítimas de tais lapsos de memória, a simples criação de processos que nos ajudem a guardar aquilo que tecnicamente deveria estar intacto pelo tempo e pelo vento nos garante o adeus ao dito pelo não dito …

Por Luah Galvão

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Idealizadores do Walk and Talk, Luah Galvão e Danilo España, realizaram 3 projetos. O primeiro foi uma Volta ao Mundo por mais de 2 anos em que visitaram 28 países nos 5 continentes – para entender o que Motiva pessoas das mais variadas raças, credos e culturas. O segundo foi caminhar os 800 km do Caminho de Compostela na Espanha, entrevistando peregrinos sobre o sentido da Superação. E recentemente voltaram da Expedição Perú, onde o sentido da resiliência foi a grande busca do casal. Agora que estão de volta ao Brasil compartilham suas descobertas através de textos e histórias inspiradoras para esse e outros veículos de relevância, assim como em palestras e workshops por todo o Brasil.
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