Entrevista: Uma líder inovadora mudando realidades na França
Muitos nos perguntam quais os países mais lindos que visitamos ao longo do Projeto Walk and Talk, a França sem dúvida, foi um deles.
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 17h03.
Última atualização em 3 de maio de 2018 às 09h45.
Muitos nos perguntam quais os países mais lindos que visitamos ao longo do Projeto Walk and Talk, a França sem dúvida, foi um deles. A geografia do interior cria visuais incríveis: montanhas, pedras, castelos, rios, cachoeiras, cavernas, cidades medievais e muito verde forram as paisagens ao redor de Uzerche, cenário da nossa próxima história. Apesar desses atrativos não é só de turismo que vive a região. Espetáculos culturais, teatrais, musicais, de dança e arte recheiam de acontecimentos a agenda da cidade, que nos últimos anos vem se tornando cada vez mais conhecida por isso.
Para descobrir por que e como, essa efervescência artística e cultural estava acontecendo, conseguimos um entrevista com a Prefeita da cidade de Uzerche. Sophie Dessus nos recebeu em seu gabinete e contou que o foco de seu governo era tornar a cidade conhecida nacional e internacionalmente por acolher esses eventos. Seu trabalho trouxe bons resultados durante seu mandato. Sempre buscou maneiras de deixar a cidade atraente e estruturada para receber turistas e interessados em participar desse roteiro de arte e cultura.
De esculturas modernas espalhadas pela cidade em praças e jardins, à reforma de um antigo galpão que fomos visitar, Sophie estava construindo uma nova imagem para a cidade. O galpão se chama Papeterie, pois se trata de uma antiga fábrica de papel abandonada, e que se tornará um centro cultural, com espaço para espetáculos, oficinas, exposições, cursos e palestras. A prefeita conseguiu provar a importância do projeto da Papeterie e recebeu até mesmo verbas federais para concretização do que para ela e para a cidade era um grande sonho. O local também contará com hospedagem para os artistas que vem de longe para que possam se apresentar ou dar aulas, cursos, etc. Existe também todo o viés de sustentabilidade e um forte caráter ecológico com reflexões ambientais.
Sophie Dessus acredita que “quanto mais possibilidade de troca há entre os povos, mais a humanidade se enriquece e se desenvolve”. Ela é nascida em Paris, mas acabou mudando para a cidade há muitos anos, tem 4 filhos e seu primeiro casamento foi com um agricultor de Uzerche, (que era presidente da Associação de Agricultores Orgânicos). Atualmente ela é casada com um político, que é Diretor Geral deServiços de Corrèze. Antes de ser prefeita foi Conselheira Geral da cidade e reeleita diversas vezes.
Recentemente ganhou um importante Prêmio de Inovação do Ministério da Justiça francês por um outro projeto em que o presídio da região recebe presos de todo o país para trabalhar com arte. Através da dança, por exemplo, conhecem mais a si mesmos, trabalham disciplina, dedicação e dão mais valor às suas conquistas. Essa ação contribuiu para o processo de reabilitação no presídio, aumentando consideravelmente a taxa de inserção no mercado de trabalho, quando os detentos retornam à sociedade. Inclusive a Papeterie se relaciona com esse projeto recebendo ex-presidiários como mão de obra.
Na nossa conversa e em suas ações ficou claro que Sophie não se contentava com o cotidiano, ela mesma disse que “o interessante é ver o futuro para poder criar”. Sempre achou que os artistas ajudam a sociedade a evoluir, ainda que muitos não sejam compreendidos. Apesar dos vários feitos comentou que não tem talento para a política e sim uma grande força de vontade. Nos contou também que não vê problemas em ser mulher e assumir um cargo de liderança.
Faz duas semanas Sophie Dessus, (que também conquistou o cargo de Deputada Federal) foi reeleita prefeita de Uzerche, momento perfeito para divulgar essa história.
Soubemos também que recentemente a Papeterie foi concluída, com direito a museu de arte, contemporânea, boutiques de arte, etc. Se tornou um importante centro de desenvolvimento econômico e integração social. Outra notícia é que mais esculturas de artistas conceituados foram espalhadas pela cidade, que antes nem era conhecida no mapa, infelizmente era uma cidade suja, escura e abandonada.
Que esse exemplo sirva para inspirar aos que almejam qualquer tipo de liderança. Com visão no futuro, desenvolvendo a civilidade e a arte, é possível educar, entreter, divertir e evoluir.
Só por curiosidade, o significado original da palavra político vem de duas palavras vindas do grego “polis” (que significa “muitos” ou “cidade”) + “ético”. Ou seja, político deveria ser aquele que governa a cidade a partir da ética. Uma pena que a maioria dos nossos representantes talvez nem mesmo saibam a origem da palavra e muito menos a importância que seus cargos “políticos” deveriam representar.
Ps. Essa entrevista só foi possível graças à tradução de Cristina Sainte Marie, a quem agradecemos.
Por Danilo España
Se você gostou desse post, leia também:
- Os Círculos de Segurança de Simon Sinek - uma nova visão sob a liderança
- Liderança Holística – Acompanhando o mundo em transição
-Liderar ou chefiar: eis a questão
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Idealizadores do Walk and Talk, Luah Galvão e Danilo España, realizaram 3 projetos. O primeiro foi uma Volta ao Mundo por mais de 2 anos em que visitaram 28 países nos 5 continentes – para entender o que Motiva pessoas das mais variadas raças, credos e culturas. O segundo foi caminhar os 800 km do Caminho de Compostela na Espanha, entrevistando peregrinos sobre o sentido da Superação. E recentemente voltaram da Expedição Perú, onde o sentido da resiliência foi a grande busca do casal. Agora que estão de volta ao Brasil compartilham suas descobertas através de textos e histórias inspiradoras para esse e outros veículos de relevância, assim como em palestras e workshops por todo o Brasil.
Descubra mais sobre o projeto: www.walkandtalk.com.br. Conheça também a página no Facebook.
Muitos nos perguntam quais os países mais lindos que visitamos ao longo do Projeto Walk and Talk, a França sem dúvida, foi um deles. A geografia do interior cria visuais incríveis: montanhas, pedras, castelos, rios, cachoeiras, cavernas, cidades medievais e muito verde forram as paisagens ao redor de Uzerche, cenário da nossa próxima história. Apesar desses atrativos não é só de turismo que vive a região. Espetáculos culturais, teatrais, musicais, de dança e arte recheiam de acontecimentos a agenda da cidade, que nos últimos anos vem se tornando cada vez mais conhecida por isso.
Para descobrir por que e como, essa efervescência artística e cultural estava acontecendo, conseguimos um entrevista com a Prefeita da cidade de Uzerche. Sophie Dessus nos recebeu em seu gabinete e contou que o foco de seu governo era tornar a cidade conhecida nacional e internacionalmente por acolher esses eventos. Seu trabalho trouxe bons resultados durante seu mandato. Sempre buscou maneiras de deixar a cidade atraente e estruturada para receber turistas e interessados em participar desse roteiro de arte e cultura.
De esculturas modernas espalhadas pela cidade em praças e jardins, à reforma de um antigo galpão que fomos visitar, Sophie estava construindo uma nova imagem para a cidade. O galpão se chama Papeterie, pois se trata de uma antiga fábrica de papel abandonada, e que se tornará um centro cultural, com espaço para espetáculos, oficinas, exposições, cursos e palestras. A prefeita conseguiu provar a importância do projeto da Papeterie e recebeu até mesmo verbas federais para concretização do que para ela e para a cidade era um grande sonho. O local também contará com hospedagem para os artistas que vem de longe para que possam se apresentar ou dar aulas, cursos, etc. Existe também todo o viés de sustentabilidade e um forte caráter ecológico com reflexões ambientais.
Sophie Dessus acredita que “quanto mais possibilidade de troca há entre os povos, mais a humanidade se enriquece e se desenvolve”. Ela é nascida em Paris, mas acabou mudando para a cidade há muitos anos, tem 4 filhos e seu primeiro casamento foi com um agricultor de Uzerche, (que era presidente da Associação de Agricultores Orgânicos). Atualmente ela é casada com um político, que é Diretor Geral deServiços de Corrèze. Antes de ser prefeita foi Conselheira Geral da cidade e reeleita diversas vezes.
Recentemente ganhou um importante Prêmio de Inovação do Ministério da Justiça francês por um outro projeto em que o presídio da região recebe presos de todo o país para trabalhar com arte. Através da dança, por exemplo, conhecem mais a si mesmos, trabalham disciplina, dedicação e dão mais valor às suas conquistas. Essa ação contribuiu para o processo de reabilitação no presídio, aumentando consideravelmente a taxa de inserção no mercado de trabalho, quando os detentos retornam à sociedade. Inclusive a Papeterie se relaciona com esse projeto recebendo ex-presidiários como mão de obra.
Na nossa conversa e em suas ações ficou claro que Sophie não se contentava com o cotidiano, ela mesma disse que “o interessante é ver o futuro para poder criar”. Sempre achou que os artistas ajudam a sociedade a evoluir, ainda que muitos não sejam compreendidos. Apesar dos vários feitos comentou que não tem talento para a política e sim uma grande força de vontade. Nos contou também que não vê problemas em ser mulher e assumir um cargo de liderança.
Faz duas semanas Sophie Dessus, (que também conquistou o cargo de Deputada Federal) foi reeleita prefeita de Uzerche, momento perfeito para divulgar essa história.
Soubemos também que recentemente a Papeterie foi concluída, com direito a museu de arte, contemporânea, boutiques de arte, etc. Se tornou um importante centro de desenvolvimento econômico e integração social. Outra notícia é que mais esculturas de artistas conceituados foram espalhadas pela cidade, que antes nem era conhecida no mapa, infelizmente era uma cidade suja, escura e abandonada.
Que esse exemplo sirva para inspirar aos que almejam qualquer tipo de liderança. Com visão no futuro, desenvolvendo a civilidade e a arte, é possível educar, entreter, divertir e evoluir.
Só por curiosidade, o significado original da palavra político vem de duas palavras vindas do grego “polis” (que significa “muitos” ou “cidade”) + “ético”. Ou seja, político deveria ser aquele que governa a cidade a partir da ética. Uma pena que a maioria dos nossos representantes talvez nem mesmo saibam a origem da palavra e muito menos a importância que seus cargos “políticos” deveriam representar.
Ps. Essa entrevista só foi possível graças à tradução de Cristina Sainte Marie, a quem agradecemos.
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Descubra mais sobre o projeto: www.walkandtalk.com.br. Conheça também a página no Facebook.