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Ser mulher é desenvolver soft skills todo dia

Quando falamos de equidade de gênero, não estamos falando apenas em justiça social e direitos humanis. Estamos falando de segurança pública, estabilidade e crescimento econômico de um país. Já falei aqui sobre o custo econômico decorrente da discriminação de gênero, que empresas tendem a ter uma performance até 15% maior quando investem em diversidade de […]

(monkeybusinessimages/Thinkstock)
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Júlia Storch

Publicado em 5 de fevereiro de 2021 às 18h08.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2021 às 18h17.

Quando falamos de equidade de gênero, não estamos falando apenas em justiça social e direitos humanis. Estamos falando de segurança pública, estabilidade e crescimento econômico de um país. Já falei aqui sobre o custo econômico decorrente da discriminação de gênero, que empresas tendem a ter uma performance até 15% maior quando investem em diversidade de gênero (McKinsey), e que funcionários se sentem mais motivados e os conflitos se reduzem em 50% quando há diversidade no ambiente de trabalho (Harvard Business), mas hoje vamos abordar um assunto muito falado em um cenário de 14 milhões de desempregados no país (IBGE) que buscam formas de se destacar em uma entrevista: a importância das soft skills.

Enquanto as hard skills são as habilidades técnicas, que podem ser adquiridas por qualquer pessoa através de qualificação, as soft skills dependem de outros fatores. Claro que também é possível desenvolvê-las, mas muitas pessoas, e sobretudo as mulheres, naturalmente têm uma facilidade maior com essas habilidades diretamente ligadas à inteligência emocional.

Para toda regra existem exceções, mas quando falamos em características como empatia, boa comunicação, ser multitarefa, trabalhar sob pressão, ser resiliente, nós mulheres vivemos situações diárias que nos levam a ter essas habilidades.

Ter uma comunicação assertiva é essencial para evitar mal entendidos e o retrabalho. Um estudo realizado na Europa aponta que times de TI com mais mulheres, tendem a ter uma melhor comunicação. E quando falamos em comunicação, também precisamos citar a importância de práticas como a comunicação não violenta. Aquela figura de um chefe agressivo, que trata mal seus funcionários não é mais compatível com o mundo corporativo de hoje. Não é aceitável um ambiente de trabalho que é anuente com abusos, sejam psicológicos ou físicos. A figura de um líder de equipe, mais do que alguém que apenas esteja acima na hierarquia, é indispensável.

Essa sensibilidade e olhar empático em relação aos outros é muito mais natural entre as mulheres, enquanto os homens, que também são vítimas do machismo, herdam um viés histórico de serem estimulados a terem uma posição agressiva, a demonstrarem que são alfas, a reprimirem sentimentos. Mas hoje isso está mudando e são valorizadas características como criatividade, saber dar feedbacks e motivar a equipe, pela recompensa e não pelo medo.

Sobre ser multitarefa, não devemos dar glamour à jornada tripla, mas o fato de que sempre tivemos que nos desdobrar para dar conta de nossos empregos, do serviço doméstico e do cuidado com os filhos, em 10,4 horas a mais durante a semana (IBGE), fizeram as mulheres dominar a arte de dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo.

Há ainda um estudo que aponta que as mães são mais produtivas no trabalho do que as pessoas sem filhos, já que não render no trabalho implicaria em aumentar a jornada ou ter que trabalhar mais dias, e o tempo é precioso.

No caso da resiliência, talvez não seja um retrato fiel falar sobre nossa capacidade de retornar à forma original após um impacto, porque com as dificuldades e obstáculos que ser mulher implica, não podemos dizer que passamos por isso e voltamos ao que éramos. Ser mulher é se superar e ficar cada vez mais forte.

As soft skills não são valorizadas apenas no mercado de trabalho. São habilidades que vão ajudar em todos os aspectos de nossas vidas e, principalmente, nos darão conhecimento e segurança sobre quem somos, a consciência de onde queremos chegar e o que precisamos fazer para isso. E mais, para retratar um mundo plural, precisamos de lideranças plurais, com skills diferentes. Só assim conseguiremos solucionar os desafios e incertezas que estamos vivendo.

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Quando falamos de equidade de gênero, não estamos falando apenas em justiça social e direitos humanis. Estamos falando de segurança pública, estabilidade e crescimento econômico de um país. Já falei aqui sobre o custo econômico decorrente da discriminação de gênero, que empresas tendem a ter uma performance até 15% maior quando investem em diversidade de gênero (McKinsey), e que funcionários se sentem mais motivados e os conflitos se reduzem em 50% quando há diversidade no ambiente de trabalho (Harvard Business), mas hoje vamos abordar um assunto muito falado em um cenário de 14 milhões de desempregados no país (IBGE) que buscam formas de se destacar em uma entrevista: a importância das soft skills.

Enquanto as hard skills são as habilidades técnicas, que podem ser adquiridas por qualquer pessoa através de qualificação, as soft skills dependem de outros fatores. Claro que também é possível desenvolvê-las, mas muitas pessoas, e sobretudo as mulheres, naturalmente têm uma facilidade maior com essas habilidades diretamente ligadas à inteligência emocional.

Para toda regra existem exceções, mas quando falamos em características como empatia, boa comunicação, ser multitarefa, trabalhar sob pressão, ser resiliente, nós mulheres vivemos situações diárias que nos levam a ter essas habilidades.

Ter uma comunicação assertiva é essencial para evitar mal entendidos e o retrabalho. Um estudo realizado na Europa aponta que times de TI com mais mulheres, tendem a ter uma melhor comunicação. E quando falamos em comunicação, também precisamos citar a importância de práticas como a comunicação não violenta. Aquela figura de um chefe agressivo, que trata mal seus funcionários não é mais compatível com o mundo corporativo de hoje. Não é aceitável um ambiente de trabalho que é anuente com abusos, sejam psicológicos ou físicos. A figura de um líder de equipe, mais do que alguém que apenas esteja acima na hierarquia, é indispensável.

Essa sensibilidade e olhar empático em relação aos outros é muito mais natural entre as mulheres, enquanto os homens, que também são vítimas do machismo, herdam um viés histórico de serem estimulados a terem uma posição agressiva, a demonstrarem que são alfas, a reprimirem sentimentos. Mas hoje isso está mudando e são valorizadas características como criatividade, saber dar feedbacks e motivar a equipe, pela recompensa e não pelo medo.

Sobre ser multitarefa, não devemos dar glamour à jornada tripla, mas o fato de que sempre tivemos que nos desdobrar para dar conta de nossos empregos, do serviço doméstico e do cuidado com os filhos, em 10,4 horas a mais durante a semana (IBGE), fizeram as mulheres dominar a arte de dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo.

Há ainda um estudo que aponta que as mães são mais produtivas no trabalho do que as pessoas sem filhos, já que não render no trabalho implicaria em aumentar a jornada ou ter que trabalhar mais dias, e o tempo é precioso.

No caso da resiliência, talvez não seja um retrato fiel falar sobre nossa capacidade de retornar à forma original após um impacto, porque com as dificuldades e obstáculos que ser mulher implica, não podemos dizer que passamos por isso e voltamos ao que éramos. Ser mulher é se superar e ficar cada vez mais forte.

As soft skills não são valorizadas apenas no mercado de trabalho. São habilidades que vão ajudar em todos os aspectos de nossas vidas e, principalmente, nos darão conhecimento e segurança sobre quem somos, a consciência de onde queremos chegar e o que precisamos fazer para isso. E mais, para retratar um mundo plural, precisamos de lideranças plurais, com skills diferentes. Só assim conseguiremos solucionar os desafios e incertezas que estamos vivendo.

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