Para criar uma geração não violenta precisamos de igualdade
Hoje não faz sentido associar o pai exclusivamente a uma figura de provedor: 34,4 milhões de mulheres chefes de família precisam se virar sem essa ajuda
Guilherme Dearo
Publicado em 6 de agosto de 2020 às 15h46.
Última atualização em 6 de agosto de 2020 às 21h30.
Quando falamos em equidade de gênero falamos em igualdade. Igualdade entre homens e mulheres para serem quem são, exercerem sua profissão, ocuparem espaços de poder e também dividirem a responsabilidade dos filhos e da casa. Infelizmente essa ainda não é a realidade já que vivemos em uma sociedade em que o homem não chora, o homem deve ser o provedor, o homem não falha. O homem não sente. E se um homem não sente e falha, o que acontece? Abandono do lar, violência, vícios e suicídio. Forte? Mas a pura verdade. Por isso quando falamos em feminismo, não estamos apenas levantando as mulheres para atingir a sua potência, mas levantando os homens também para desconstruir esse conceito de masculinidade. Para um mundo mais justo, precisamos entender que mulheres e homens precisam perceber que os estereótipos de hoje são profundos e nocivos para sua vida e para a sociedade.
Vivemos em um país com 5,5 milhões de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento, segundo o último Censo Escolar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgado em 2013. Normalizamos famílias que foram abandonadas pelo pai. É socialmente aceito. Não é questionado. Agora se uma mulher abandona o lar é outra história. Quando falamos em igualdade falamos sim da possibilidade de homens terem uma relação conectada com seus filhos e essa igualdade também passa por uma licença-paternidade maior, para que o pai possa passar um tempo minimamente razoável para criar um vínculo com seu filho.
Hoje não faz sentido associar o pai exclusivamente a uma figura de provedor, até porque as 34,4 milhões de mulheres chefes de família (IGBE) precisam se virar sem essa ajuda. Pai é aquele que acompanha o filho no médico, que sabe de seus medos e sonhos, que se preocupa em formar uma pessoa sem preconceitos, mesmo que esse não seja o modelo que ele teve durante a infância. Na Islândia foi estabelecido a mesma licença de três meses para homens e mulheres, mais três meses que podem ser divididos entre o casal, e houve uma mudança enorme. Para além da licença. Uma mudança de comportamento em que empresas não veem a mulher como um problema por conta da maternidade e as pessoas consideram irresponsável o homem que não tira sua licença para estar com o filho. Claro que ter um filho é uma responsabilidade e isso inclui a esfera econômica, então mais uma vez a igualdade se faz necessária. Mulheres não podem ser prejudicadas em suas carreiras após voltarem da licença-maternidade. Homens precisam se dedicar às atividades ligadas à saúde e educação do filho, mesmo que em algum momento elas ocorram durante o expediente.
Se uma mulher é bem sucedida e mãe, frequentemente ela será julgada de acordo com sua dedicação a cada um dos papéis. Se um homem é bem sucedido, ser pai ou não é algo que não vem carregado de outras implicações. Por isso é tão importante que homens e mulheres se unam pelo direito de cuidarem de seus filhos com qualidade, sem abrir mão de suas carreiras, sem fazer jornadas extenuantes. Todos precisamos de uma rede de apoio, seja um parceiro, familiar, amigo, política pública ou empresarial, que ofereça a estrutura e segurança para quem tiver filhos.
Em casas com pais violentos ou ausentes, as crianças sofrem diversos impactos no seu desenvolvimento pessoal e cognitivo. Um levantamento feito pelo Ministério Público de São Paulo em 2016 aponta que dois em cada três menores infratores não têm o pai dentro de casa. A historiadora Mirian Botelho Sagin aponta em sua tese de doutorado que há uma forte correlação entre a violência familiar com o futuro de uma criança, com maior propensão à vida criminosa, envolvimento com abuso de substâncias nocivas, associação com automutilação, comportamento suicida e distúrbios como ansiedade, depressão e dificuldades em relacionamentos interpessoais e vocacionais. E por isso também o dia 7 de agosto também é uma data tão importante. Se comemora os 14 anos da criação da Lei Maria da Penha, um instrumento muito importante de combate à violencia doméstica e familiar contra a mulher. A lei foi nomeada por conta da trajetória de Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu diversas violências de seu marido, incluindo um tiro que a deixou paraplégica.
Agora por que trazer essa discussão em uma semana que se celebra os pais? Porque para construirmos um futuro com menos violência e mais igualdade precisamos começar a mudar a visão do homem e da mulher e seus papéis na sociedade. Porque é mudando hoje que garantimos um amanhã diferente. Não é uma guerra entre homens e mulheres e sim uma união. Afinal somos todos responsáveis por educar as crianças do nosso país. E em tempos pandêmicos é hora de reavaliar o papel de cada um na criação dos filhos. Precisamos de mais amor, mais união, mais justiça e menos violência.
Quando falamos em equidade de gênero falamos em igualdade. Igualdade entre homens e mulheres para serem quem são, exercerem sua profissão, ocuparem espaços de poder e também dividirem a responsabilidade dos filhos e da casa. Infelizmente essa ainda não é a realidade já que vivemos em uma sociedade em que o homem não chora, o homem deve ser o provedor, o homem não falha. O homem não sente. E se um homem não sente e falha, o que acontece? Abandono do lar, violência, vícios e suicídio. Forte? Mas a pura verdade. Por isso quando falamos em feminismo, não estamos apenas levantando as mulheres para atingir a sua potência, mas levantando os homens também para desconstruir esse conceito de masculinidade. Para um mundo mais justo, precisamos entender que mulheres e homens precisam perceber que os estereótipos de hoje são profundos e nocivos para sua vida e para a sociedade.
Vivemos em um país com 5,5 milhões de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento, segundo o último Censo Escolar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgado em 2013. Normalizamos famílias que foram abandonadas pelo pai. É socialmente aceito. Não é questionado. Agora se uma mulher abandona o lar é outra história. Quando falamos em igualdade falamos sim da possibilidade de homens terem uma relação conectada com seus filhos e essa igualdade também passa por uma licença-paternidade maior, para que o pai possa passar um tempo minimamente razoável para criar um vínculo com seu filho.
Hoje não faz sentido associar o pai exclusivamente a uma figura de provedor, até porque as 34,4 milhões de mulheres chefes de família (IGBE) precisam se virar sem essa ajuda. Pai é aquele que acompanha o filho no médico, que sabe de seus medos e sonhos, que se preocupa em formar uma pessoa sem preconceitos, mesmo que esse não seja o modelo que ele teve durante a infância. Na Islândia foi estabelecido a mesma licença de três meses para homens e mulheres, mais três meses que podem ser divididos entre o casal, e houve uma mudança enorme. Para além da licença. Uma mudança de comportamento em que empresas não veem a mulher como um problema por conta da maternidade e as pessoas consideram irresponsável o homem que não tira sua licença para estar com o filho. Claro que ter um filho é uma responsabilidade e isso inclui a esfera econômica, então mais uma vez a igualdade se faz necessária. Mulheres não podem ser prejudicadas em suas carreiras após voltarem da licença-maternidade. Homens precisam se dedicar às atividades ligadas à saúde e educação do filho, mesmo que em algum momento elas ocorram durante o expediente.
Se uma mulher é bem sucedida e mãe, frequentemente ela será julgada de acordo com sua dedicação a cada um dos papéis. Se um homem é bem sucedido, ser pai ou não é algo que não vem carregado de outras implicações. Por isso é tão importante que homens e mulheres se unam pelo direito de cuidarem de seus filhos com qualidade, sem abrir mão de suas carreiras, sem fazer jornadas extenuantes. Todos precisamos de uma rede de apoio, seja um parceiro, familiar, amigo, política pública ou empresarial, que ofereça a estrutura e segurança para quem tiver filhos.
Em casas com pais violentos ou ausentes, as crianças sofrem diversos impactos no seu desenvolvimento pessoal e cognitivo. Um levantamento feito pelo Ministério Público de São Paulo em 2016 aponta que dois em cada três menores infratores não têm o pai dentro de casa. A historiadora Mirian Botelho Sagin aponta em sua tese de doutorado que há uma forte correlação entre a violência familiar com o futuro de uma criança, com maior propensão à vida criminosa, envolvimento com abuso de substâncias nocivas, associação com automutilação, comportamento suicida e distúrbios como ansiedade, depressão e dificuldades em relacionamentos interpessoais e vocacionais. E por isso também o dia 7 de agosto também é uma data tão importante. Se comemora os 14 anos da criação da Lei Maria da Penha, um instrumento muito importante de combate à violencia doméstica e familiar contra a mulher. A lei foi nomeada por conta da trajetória de Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu diversas violências de seu marido, incluindo um tiro que a deixou paraplégica.
Agora por que trazer essa discussão em uma semana que se celebra os pais? Porque para construirmos um futuro com menos violência e mais igualdade precisamos começar a mudar a visão do homem e da mulher e seus papéis na sociedade. Porque é mudando hoje que garantimos um amanhã diferente. Não é uma guerra entre homens e mulheres e sim uma união. Afinal somos todos responsáveis por educar as crianças do nosso país. E em tempos pandêmicos é hora de reavaliar o papel de cada um na criação dos filhos. Precisamos de mais amor, mais união, mais justiça e menos violência.