Histórias de grandes desastres sempre serviram bem à literatura . Pragas e epidemias estão nesse rol de desastres que atraem o poder criativo de escritores ao redor do mundo. Seja pura ficção, seja baseada em fatos reais, as histórias do mundo sucumbindo a uma epidemia costumam servir de pano de fundo para discutir ideias maiores, como a fragilidade do tecido social, a solidariedade entre indivíduos em tempos conturbados e a tentativa de resposta para uma velha pergunta: na hora da crise, o ser humano se mostra essencialmente bom ou essencialmente mau?
Em época de quarentena por conta da pandemia do coronavírus , uma boa maneira de usar o tempo dentro de casa é tirar o atraso das leituras. Confira dez livros, dos já clássicos aos contemportâneos, que falam de epidemias e podem trazer algumas boas reflexões.
- 1. Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago
1 /10"Ensaio Sobre a Cegueira" (1995) é um dos livros mais famosos do escritor português José Saramago (1922-2010), prêmio Nobel da Literatura de 1998. O romance traz uma epidemia incomum: a doença deixa as pessoas cegas de repente, sem sintomas ou aviso prévio, no que chamam de "cegueira branca". Como uma sociedade pode se manter funcional quando vive sob um grande branco? O livro mostra como o governo trata com autoritarismo seus cidadãos e como, em pouco tempo, toda organização social entra em colapso, dando lugar a novas formas de leis e arranjos. O ponto alto da história é uma mulher que não fica cega, mas mesmo assim vai para a quarentena e não avisa ninguém de sua condição.(Companhia das Letras/Divulgação)
- 2. O Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez
2 /10O primeiro livro lembrado por todo fã do colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014) é "Cem Anos de Solidão", um clássico absoluto da literatura mundial. O segundo mais lembrado, provavelmente, é "O Amor nos Tempos do Cólera" (1985). O romance narra a história de Florentino e Firmina e o triângulo amoroso com Juvenal, em um caso que passa do meio século. Recolhido em Cartagena de Las Índias, Colômbia, após ganhar o Prêmio Nobel da Literatura, Márquez uniu a história real de seus pais com as histórias locais que ouviu de moradores, como a epidemia de cólera que assolou a localidade no século 19.(Record/Divulgação)
- 3. A Peste, de Albert Camus
3 /10"A Peste" (1947) é considerada a obra-primado francês Albert Camus (1913-1960). A história se passa em Oran, Argélia, quando os trabalhadores locais começam a enfrentar a peste bubônica. Ela começa branda, mas logo domina suas vidas. O que vem a seguir é o que Camus, existencialista, quer tanto abordar: natureza e destino da condição humana, maldade e solidariedade, tudo como uma metáfora da Segunda Guera Mundial, que havia acabado há menos de dois anos e deixara um rastro de destruição pelo mundo.(Record/Divulgação)
- 4. Guerra Mundial Z, de Max Brooks
4 /10O livro do escritor americano Max Brooks (1972) alcançou sucesso entre os fãs de literatura de ficção cientítica sobre zumbis e atingiu um público ainda maior quando virou filme, estrelado por Brad Pitt. O romance de 2006 narra como a humanidade quase se extingiu durante a Guerra Mundial Z, iniciada por uma contaminação zumbi. A narrativa se concentra em um homem que viaja o mundo coletando depoimentos dos sobreviventes da epidemia e da guerra e desvendando documentos que revelam as verdades por trás do conflito.(Rocco/Divulgação)
- 5. Um Ano de Milagres, de Geraldine Brooks
5 /10Em "Um Ano de Milagres", a escritora australiana Geraldine Brooks (1955) conta a história de uma remessa de tecidos infectados, vinda de Londres, que espalha a peste por uma aldeia isolada nas montanhas durante o século 17, precisamente no ano de 1666. A partir do ponto de vista da arrumadeira Anna Frith, o livro narra a peste que matou quase um quinto da população inglesa, se inspirando na história real do vilarejo de Evam.(Nova Fronteira/Divulgação)
- 6. Nêmesis, de Philip Roth
6 /10O romance de 2010 do americano Philip Roth (1933-2018) tem como pano de fundo a cidade natal do autor, Newark, em New Jersey. "Nêmesis" conta a história das consequências do surto de poliomielite que afetou a comunidade judaica do bairro de Weequahic e mudou a vida das crianças locais. Sem vacina à época, a doença trazia paralisia, mutilação e até morte. O protagonista é Bucky Cantor, professor de Educação Física que se sente culpado por não ter podido servir na Segunda Guerra Mundial e vê seus alunos sofrerem com o surto.(Companhia das Letras/Divulgação)
- 7. Black Hole, de Charles Burns
7 /10Esta graphic novel que mistura suspense e ficção científica do americano Charles Burns é uma das mais celebradas dos últimos tempos. A história se passa nos subúrbios de Seattle nos anos 70 e narra uma estranha praga transmitida sexualmente entre adolescentes. A praga, contudo, não parece ser originária do Planeta Terra.(Darkside/Divulgação)
- 8. O Enigma de Andrômeda, de Michael Crichton
8 /10Michael Crichton (1942-2008) ficou muito famoso quando seu livro "Jurassic Park" (1990) foi para o cinema sob direção de Steven Spielberg, mas suas qualidades literárias já eram plenamente celebradas desde "O Enigma de Andrômeda" (1969). Neste romance, a queda de um satélite espacial na Terra provoca a morte repentida das pessoas próximas ao local do impacto. Para investigar as mortes misteriosas, que podem se espalhar para outros pontos do planeta, o governo americano cria um projeto de pesquisa ultrassecreto, oProjeto Wild Fire.(Aleph/Divulgação)
- 9. Zone One, de Colson Whitehead
9 /10O celebrado romancista Colson Whitehead (1969) narra em "Zone One" (2011) uma história de horror em um mundo pós-apocalíptico: uma pandemia devastou o planeta, e agora a humanidade está dividida em duas partes: os não-infectados (vivos) e os infectados (mortos-vivos). É a partir de Buffalo, EUA, que os americanos tentam reconstruir a sociedade, diante do retrocesso dos casos de contaminação.(Anchor/Divulgação)
- 10. A Journal of the Plague Year, de Daniel Defoe
10 /10Daniel Defoe (1660-1731), a mente brilhante por trás de "Robinson Crusoe", escreveu em 1722 "A Journal of the Plague Year", relato que mistura realidade e ficção para falar da grande praga de 1665 que matou quase cem mil pessoas em Londres. O narrador de Defoe mostra a cidade horrizada, que descende ao medo, à histeria e ao isolamento.(Penguin/Divulgação)
Histórias de grandes desastres sempre serviram bem à literatura . Pragas e epidemias estão nesse rol de desastres que atraem o poder criativo de escritores ao redor do mundo. Seja pura ficção, seja baseada em fatos reais, as histórias do mundo sucumbindo a uma epidemia costumam servir de pano de fundo para discutir ideias maiores, como a fragilidade do tecido social, a solidariedade entre indivíduos em tempos conturbados e a tentativa de resposta para uma velha pergunta: na hora da crise, o ser humano se mostra essencialmente bom ou essencialmente mau?
Em época de quarentena por conta da pandemia do coronavírus , uma boa maneira de usar o tempo dentro de casa é tirar o atraso das leituras. Confira dez livros, dos já clássicos aos contemportâneos, que falam de epidemias e podem trazer algumas boas reflexões.
- 1. Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago
1 /10"Ensaio Sobre a Cegueira" (1995) é um dos livros mais famosos do escritor português José Saramago (1922-2010), prêmio Nobel da Literatura de 1998. O romance traz uma epidemia incomum: a doença deixa as pessoas cegas de repente, sem sintomas ou aviso prévio, no que chamam de "cegueira branca". Como uma sociedade pode se manter funcional quando vive sob um grande branco? O livro mostra como o governo trata com autoritarismo seus cidadãos e como, em pouco tempo, toda organização social entra em colapso, dando lugar a novas formas de leis e arranjos. O ponto alto da história é uma mulher que não fica cega, mas mesmo assim vai para a quarentena e não avisa ninguém de sua condição.(Companhia das Letras/Divulgação)
- 2. O Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez
2 /10O primeiro livro lembrado por todo fã do colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014) é "Cem Anos de Solidão", um clássico absoluto da literatura mundial. O segundo mais lembrado, provavelmente, é "O Amor nos Tempos do Cólera" (1985). O romance narra a história de Florentino e Firmina e o triângulo amoroso com Juvenal, em um caso que passa do meio século. Recolhido em Cartagena de Las Índias, Colômbia, após ganhar o Prêmio Nobel da Literatura, Márquez uniu a história real de seus pais com as histórias locais que ouviu de moradores, como a epidemia de cólera que assolou a localidade no século 19.(Record/Divulgação)
- 3. A Peste, de Albert Camus
3 /10"A Peste" (1947) é considerada a obra-primado francês Albert Camus (1913-1960). A história se passa em Oran, Argélia, quando os trabalhadores locais começam a enfrentar a peste bubônica. Ela começa branda, mas logo domina suas vidas. O que vem a seguir é o que Camus, existencialista, quer tanto abordar: natureza e destino da condição humana, maldade e solidariedade, tudo como uma metáfora da Segunda Guera Mundial, que havia acabado há menos de dois anos e deixara um rastro de destruição pelo mundo.(Record/Divulgação)
- 4. Guerra Mundial Z, de Max Brooks
4 /10O livro do escritor americano Max Brooks (1972) alcançou sucesso entre os fãs de literatura de ficção cientítica sobre zumbis e atingiu um público ainda maior quando virou filme, estrelado por Brad Pitt. O romance de 2006 narra como a humanidade quase se extingiu durante a Guerra Mundial Z, iniciada por uma contaminação zumbi. A narrativa se concentra em um homem que viaja o mundo coletando depoimentos dos sobreviventes da epidemia e da guerra e desvendando documentos que revelam as verdades por trás do conflito.(Rocco/Divulgação)
- 5. Um Ano de Milagres, de Geraldine Brooks
5 /10Em "Um Ano de Milagres", a escritora australiana Geraldine Brooks (1955) conta a história de uma remessa de tecidos infectados, vinda de Londres, que espalha a peste por uma aldeia isolada nas montanhas durante o século 17, precisamente no ano de 1666. A partir do ponto de vista da arrumadeira Anna Frith, o livro narra a peste que matou quase um quinto da população inglesa, se inspirando na história real do vilarejo de Evam.(Nova Fronteira/Divulgação)
- 6. Nêmesis, de Philip Roth
6 /10O romance de 2010 do americano Philip Roth (1933-2018) tem como pano de fundo a cidade natal do autor, Newark, em New Jersey. "Nêmesis" conta a história das consequências do surto de poliomielite que afetou a comunidade judaica do bairro de Weequahic e mudou a vida das crianças locais. Sem vacina à época, a doença trazia paralisia, mutilação e até morte. O protagonista é Bucky Cantor, professor de Educação Física que se sente culpado por não ter podido servir na Segunda Guerra Mundial e vê seus alunos sofrerem com o surto.(Companhia das Letras/Divulgação)
- 7. Black Hole, de Charles Burns
7 /10Esta graphic novel que mistura suspense e ficção científica do americano Charles Burns é uma das mais celebradas dos últimos tempos. A história se passa nos subúrbios de Seattle nos anos 70 e narra uma estranha praga transmitida sexualmente entre adolescentes. A praga, contudo, não parece ser originária do Planeta Terra.(Darkside/Divulgação)
- 8. O Enigma de Andrômeda, de Michael Crichton
8 /10Michael Crichton (1942-2008) ficou muito famoso quando seu livro "Jurassic Park" (1990) foi para o cinema sob direção de Steven Spielberg, mas suas qualidades literárias já eram plenamente celebradas desde "O Enigma de Andrômeda" (1969). Neste romance, a queda de um satélite espacial na Terra provoca a morte repentida das pessoas próximas ao local do impacto. Para investigar as mortes misteriosas, que podem se espalhar para outros pontos do planeta, o governo americano cria um projeto de pesquisa ultrassecreto, oProjeto Wild Fire.(Aleph/Divulgação)
- 9. Zone One, de Colson Whitehead
9 /10O celebrado romancista Colson Whitehead (1969) narra em "Zone One" (2011) uma história de horror em um mundo pós-apocalíptico: uma pandemia devastou o planeta, e agora a humanidade está dividida em duas partes: os não-infectados (vivos) e os infectados (mortos-vivos). É a partir de Buffalo, EUA, que os americanos tentam reconstruir a sociedade, diante do retrocesso dos casos de contaminação.(Anchor/Divulgação)
- 10. A Journal of the Plague Year, de Daniel Defoe
10 /10Daniel Defoe (1660-1731), a mente brilhante por trás de "Robinson Crusoe", escreveu em 1722 "A Journal of the Plague Year", relato que mistura realidade e ficção para falar da grande praga de 1665 que matou quase cem mil pessoas em Londres. O narrador de Defoe mostra a cidade horrizada, que descende ao medo, à histeria e ao isolamento.(Penguin/Divulgação)