Primeiros modelos do Vintage Chevrolet: aposta da GM (General Motors/Divulgação)
Colunista
Publicado em 4 de outubro de 2025 às 07h00.
Última atualização em 4 de outubro de 2025 às 20h25.
Enquanto os olhos do caro leitor percorrem as linhas desta coluna, dez colecionadores estão na estrada com seus Ford Model A rumo à Argentina. A missão é visitar a Autoclásica, principal reunião de carros antigos da América Latina, que vai de quinta (9) a domingo (12).
Outros três carros da linha atual – Bronco Sport, Maverick Tremor e F-150 Tremor – escoltam a caravana de “fordinhos” dos anos 1920 e 1930. A dinâmica consiste em oferecer aos donos dos modelos antigos a experiência de guiar os novos em uma jornada bem mais emocionante do que a volta no quarteirão dos testes convencionais.
O envolvimento da Ford em uma expedição de clássicos até um evento da mesma temática a mais de dois mil quilômetros de São Paulo (o ponto de partida) ocorre três dias depois de a General Motors ter revelado os primeiros produtos do programa Vintage, que aposta na restauração e no restomod, termo que se dá à combinação do desenho antigo com tecnologias atuais.
Anunciado no dia 23 de janeiro, às vésperas do aniversário de 100 anos da marca no Brasil, o Chevrolet Vintage foi concebido pela empresa, mas operado por três oficinas terceirizadas. Um Monza 500 EF 1990, um Omega CD 1994 (equipado com kit Irmscher, que eleva a cilindrada para 3.6 litros), um Opala 1979 com a roupagem esportiva SS e a S10 2004 que competiu no Rally dos Sertões já estão prontos. Faltam seis modelos.
Todos serão ofertados em leilão a ser realizado até o fim do ano. “A intenção não é criar uma nova unidade de negócio dentro da empresa, mas dependendo do resultado do leilão podemos dar sequência ao Vintage em 2026”, avisa Fabio Rua, vice-presidente da General Motors América do Sul. Em outras palavras, por ora o Chevrolet Vintage é apenas uma ação de marketing decorrente do centenário da empresa.
Ford e GM seguem os passos de Volkswagen e Jaguar Land Rover, que se atentaram para o bilionário mercado do antigomobilismo há mais tempo.
Na marca alemã, tudo começou em novembro de 2019, quando o acervo de exemplares históricos da empresa – composto por um Gol que nunca existiu (o BY), pela última Kombi produzida no mundo e até um jipe com base de Fusca criado para atender a uma licitação do Exército Brasileiro – foi oficialmente apresentado.
Hoje, a Garagem Volkswagen tem quase 2.000 m2 e aproximadamente 50 carros expostos, além de cerca de outros 50 reservados para futuras exibições. Tudo é mantido com a venda dos certificados que colecionadores encomendam para detalhar quando e como seus carros saíram da linha de produção décadas atrás.
O antigomobilismo tomou tal dimensão para a empresa que a Garagem Volkswagen tem sua própria página no Instagram e também um podcast. No próximo dia 25, a última etapa do Troféu Rally Clássico São Paulo será patrocinada pela marca.
Para a Jaguar Land Rover, o negócio está em sua Clínica de Restauração, desenvolvida desde 2021 dentro da própria fábrica da empresa, em Itatiaia (RJ).
Segundo a empresa, não há qualquer parte de um Land Rover que não possa ser restaurada ou recriada ali. Alguns fornecedores locais já chegaram a reproduzir peças (principalmente te acabamento) por impressão 3D, mas o fluxo principal de suprimentos é importado da Inglaterra. Cabines de pintura e estanqueidade, teste de rolos e pista de rodagem – recursos típicos de uma fábrica de veículos – também estão a serviço da clínica.