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Recorde de R$ 50 milhões e protótipo 'brasileiro' premiado: por que a F50 é a Ferrari da vez

Exemplar que foi de Ralph Lauren se torna o mais caro do mundo um dia após o do Carde conquistar reconhecimento internacional

Ferrari F50. (Divulgação/Divulgação)

Ferrari F50. (Divulgação/Divulgação)

Rodrigo Mora
Rodrigo Mora

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Publicado em 23 de agosto de 2025 às 07h13.

Foram necessários 30 anos, um exemplar com Ralph Lauren no currículo e o protótipo número dois restaurado e exposto em um dos principais banquetes automotivos do mundo para a Ferrari F50, enfim, ter sua dimensão reconhecida.

Revelada no Salão de Genebra de 1995, a F50 sabia desde o início que teria apenas 349 unidades produzidas – ou uma a menos do que o mercado demandaria, como dissera o então presidente da marca italiana, Luca di Montezemolo. 

Para os Estados Unidos seguiram 55, duas delas pintadas na cor Giallo Modena – e uma guardada desde nova na garagem de Lauren. Aos 85 anos, o estilista é um dos colecionadores mais prestigiados do mundo, dono de joias como Alfa Romeo 8C 2900 Mille Miglia, Bugatti Type 57SC Atlantic Coupe e Porsche RSK, entre outros. Ferrari 250 GTO, aquela que aparece três vezes no ranking dos clássicos mais caros do mundo? Ele tem. Mercedes-Benz 300 SL? Um cupê e um roadster. McLaren F1? Tem também.

Raramente vende seus carros, mas em 2003 vendeu sua F50, que havia rodado apenas 5.280 quilômetros. O casal de Virgínia (EUA) que a comprara curtiu um dos superesportivos mais importantes dos anos 1990 por mais 3.360 quilômetros antes coloca-lo à venda. Arrematada no sábado passado (16) no leilão da RM Sotheby’s na Monterey Car Week por US$ 9.245.000 (cerca de R$ 50 milhões), é agora a F50 mais cara do mundo.

Ferrari F50. (Divulgação/Divulgação)

Foi a segunda quebra de recorde de preço da F50 no ano. Em março, o exemplar número 154, fabricado em 1996, recebeu US$ 5.532.500 em um leilão também promovido pela RM Sotheby’s, em Miami. Descontadas as características de cada exemplar, o salto de US$ 3,7 milhões em cinco meses evidencia o quanto a elite do colecionismo de automóveis clássicos está desejando uma F50. 

Esta edição da Monterey Car Week provavelmente será lembrada como um marco na história da F50 – sobretudo para o antigomobilismo brasileiro.

No dia anterior ao leilão que estabeleceria um novo recorde de preço para o modelo, a F50 exposta no Carde – nada menos do que o segundo de três protótipos construídos antes da produção em série – foi premiada no The Quail: A Motorsports Gathering

com o troféu comemorativo aos 30 anos do modelo. Uma F50 GT1 ficou com o “Best of Show”, título dado aos os clássicos mais exclusivos, fiéis ao estado original e historicamente relevantes.

Com mais de 500 carros no acervo, o museu inaugurado em Campos de Jordão em novembro do ano passado também conquistou o “Lap of the Luxury” do Pebble Beach Concours d’Elegance – o apogeu e encerramento da Monterey Car Week – com seu Isotta Fraschini Tipo 8A SS Guida Interna Sport 1928. 

Ferrari F50. (Divulgação/Divulgação)

F40 x F50 

Revelada em julho de 1987 para celebrar os 40 anos da Ferrari enquanto construtora de carros de rua, a F40 foi o último modelo lançado pela marca antes da morte de Enzo Ferrari, em 14 de agosto de 1988. Equipada com um V8 biturbo de 2,9 litros e 478 cv, teve 1.311 unidades produzidas até 1992.

Sua sucessora chegou muito mais avançada tecnologicamente. Nenhuma outra Ferrari havia emprestado tanto da filosofia da Fórmula 1 quanto a F50. O chassi era todo em fibra de carbono, enquanto a caixa de câmbio levava liga de magnésio, mesmo material aplicado nas rodas. Até o tanque, emborrachado e com design aeronáutico, era sofisticado. Foi o último carro de rua da Ferrari com câmbio manual e motor V12 central, um 4.7 de 527 cv. E, mesmo mais rara, nunca fora tão venerada quanto a antecessora.

Até agora.