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Colunista
Publicado em 11 de janeiro de 2025 às 08h01.
Provavelmente a aposta mais certeira da Volkswagen foi comprar da Daimler-Benz, em 1964, a Auto Union, conglomerado composto em 1932 a partir das marcas Audi, Horch, Wanderer e DKW. Das três últimas nada se aproveitou, mas da união com a única sobrevivente das quatro argolas nasceram Passat (1973), Golf (1974) e Polo (1975).
Principais nomes da Volkswagen até hoje, a trinca protagonizou uma revolucionária transformação na linha de produtos daquela que já era uma das principais fabricantes de automóveis do mundo: motores refrigerados a ar, instalados na traseira e conectados às rodas de trás – a essência do Fusca e seus derivados – eram substituídos por propulsores refrigerados a água, acomodados na dianteira e ligados às rodas da frente, configuração mais moderna, e que se padronizava mundialmente.
Baseado estética e mecanicamente no Audi 50, o primeiro Polo – que em março completará 50 anos – media 3,5 metros e pesava 685 quilos, e seu motor de 900 cc e 40 cavalos sacramentava a proposta urbana do menor Volkswagen já produzido. “Desde a primeira geração, o Polo representa uma mobilidade acessível. Um carro para todos”, avalia Thomas Schäfer, CEO da marca.
É claro que um irmão mais velho sempre influencia o mais novo, mas seria injusto dizer que o Polo viveu na sombra do Golf. Com dois anos ganhou uma variante sedã, Derby, e com quatro uma configuração esportiva, GT, de 60 cv. Ao partir para a segunda geração, em 1981, já somava 1,1 milhão de unidades vendidas.
Foi nessa fase que o Polo começou a demonstrar seu caráter experimentalista, revelado principalmente na nova carroceria alongada – algo como uma perua compacta de duas portas –, que se juntava às formas de sedã e hatch. No topo da gama estava o GT G40, de 115 cv. Mais 2,7 milhões de unidades pra conta até 1994, quando a terceira geração foi revelada, em pleno Salão de Paris.
Aqui o Polo só desembarcou no fim de 1996, quase três anos depois do Golf e 22 após o Passat. Mas apenas na versão Classic, um sedã dotado de motor 1.8 de 97 cv. Durou até 2002, quando a quarta geração passou a ser produzida localmente, nas versões hatch e sedã. Este último foi o primeiro Volkswagen brasileiro a ser exportado para a Europa – o segundo seria o Fox, no ano seguinte.
A partir daí o Polo serviu à Volkswagen do Brasil como um embaixador de novas tecnologias. O próprio início de sua produção por aqui levou a uma modernização da fábrica da Anchieta, o que incluiu 400 robôs, solda a laser e pintura automatizada.
Em 2009, o hatch, inaugurou a era dos carros flex sem o reservatório de gasolina para partida a frio. Foi o ensaio para uma versão verdadeiramente “verde”, a Bluemotion, com direito a pneu com sílica, para gerar menos atrito com o piso, e apêndices aerodinâmicos a fim de melhorar o fluxo de ar – tudo para uma redução de 15% em consumo e emissões.
Vale destacar também o GTI, importado em 2007 apenas com carroceria três portas e equipado com o mesmo 1.8 20V turbo do Golf GTI, de 150 cv. É um dos neoclássicos mais cobiçados atualmente.
Um intervalo de pouco mais de dois anos marcou a descontinuação da quarta geração (que na Europa foi encerrada em 2009) e o retorno do Polo ao Brasil, em 2017, já na sexta fase. Que inaugurou por aqui a plataforma MQB-A0, uma estrutura alinhada com o melhor que a VW tinha lá fora, composta por cerca de 50% de aços de alta e ultra resistência.
Com mais de 20 milhões de unidades vendidas globalmente, o Polo completa 50 anos atravessando no Brasil seu melhor momento. Com 140.155 unidades emplacadas em 2024, foi o carro de passeio mais vendido do Brasil pelo segundo ano consecutivo; na América do Sul, onde vendeu 161.503 exemplares, lidera os emplacamentos totais, considerando todos os segmentos do mercado.
Como no início da carreira, apostando numa gama versátil o bastante para acomodar tanto um modelo espartano – no caso, a versão Track –, quanto um esportivo, o GTS.