SM: carro da Citroën com a Maserati. (Divulgação/Divulgação)
Colunista
Publicado em 26 de abril de 2025 às 07h42.
Qualquer lista que se preste a elencar os dez carros mais importantes da história deixando o Citroën Traction Avant de fora estará equivocada. Apresentado em abril e lançado em maio de 1934, foi o pioneiro em unir tração dianteira e carroceria monobloco e levar a combinação à larga escala. Por isso foi o carro da primeira falência da Citroën, naquele mesmo ano.
Reerguida pela Michelin, a Citroën decidiu fazer o SM, exibido no Salão de Genebra de 1970. Na década anterior, a marca havia começado a flertar com a ideia de um DS esportivo, e quando comprou a Maserati, em 1968, o projeto que resultaria no SM atendeu essa demanda por um grand tourer.
Equipado com um motor 2.7 V6 de 170 cv projetado pela marca italiana, o "Serié Maserati" (ou Sport Maserati, há várias leituras para a sigla SM) era capaz de chegar aos 220 km/h, velocidade máxima a que rivais da Mercedes, da Jaguar ou da Cadillac não chegavam. Em 1973, a introdução de injeção eletrônica eleva a potência para 180 cv e a máxima para 230 km/h.
Como no DS, sua suspensão era hidropneumática autonivelante, o que garantia extremo conforto aos ocupantes. Os freios não eram menos complexos, já que funcionavam a partir de uma bomba acionada por um motor a compressão. E havia os famosos seis faróis, com a luz interna de cada lado acompanhando o movimento da direção.
Seu desenho também era extravagante, sobretudo visto de trás. No total, longos 4,9 metros de comprimento, mas apenas duas crianças viajam confortavelmente no banco traseiro. Contudo, o SM não era apenas um exercício exibicionista de design e engenharia. Suas linhas compunham um coeficiente aerodinâmico de apenas 0,26, quando a média era de 0,35. Foi o carro que estreou a direção assistida (Diravi) na marca, e era extremamente estável em altas velocidades.
SM. (Divulgação/Divulgação)
Tanto requinte serviu aos presidentes Georges Pompidou e Jacques Chirac, que rodavam em um SM conversível e de quatro portas – que jamais fora produzido em série, assim como os especiais Mylord (conversível) e Opéra (quatro portas), criações do encarroçador Henri Chapron.
Mas não deu outra: quarenta anos depois da primeira falência veio a segunda bancarrota, dessa vez depositada no colo da Peugeot – que imediatamente após virar dona da Citroën despachou a deficitária Maserati para a De Tomaso e interrompeu a produção do caro e trabalhoso SM, que se reproduziu 12.290 vezes até 1975.