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Com Mustang GT manual e Dark Horse, Ford ensina como tratar um ícone no Brasil

Lançado em 1964, esportivo é exemplo de resistência à eletrificação e conexão com entusiastas

Ford Mustang Dark Horse: potência e legado.  (Divulgação/Divulgação)

Ford Mustang Dark Horse: potência e legado. (Divulgação/Divulgação)

Rodrigo Mora
Rodrigo Mora

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Publicado em 12 de julho de 2025 às 08h01.

Depois de vender as 200 unidades do Mustang GT manual reservadas ao mercado brasileiro em uma hora, a Ford agora prepara o lançamento da versão Dark Horse, cuja primeira apresentação pública foi na última sexta-feira (11), durante os treinos livres das 6 Horas de São Paulo, prova do Campeonato Mundial de Endurance (WEC). 

Visualmente, o modelo é marcado por elementos escurecidos nos faróis e na grade, pelas entradas de ar no capô e detalhes aerodinâmicos aprimorados em túnel de vento. Talvez o mais curioso seja o primeiro logo do Mustang em que o cavalo é visto de frente, com as narinas abertas.

Detalhes técnicos e preços serão revelados apenas no lançamento, daqui a algumas semanas. O motor é o mesmo 5.0 V8 do GT, mas no Dark Horse vem com 500 cv e 57,8 kgfm de torque; o câmbio é automático, de dez marchas.

Enquanto isso, a Chevrolet parece não saber o que fazer com o Camaro, arquirrival do Mustang, descontinuado em janeiro de 2024.

“Embora não estejamos anunciando um sucessor imediato hoje, fique tranquilo, este não é o fim da história do Camaro”, suavizou à época o então vice-presidente global da Chevrolet, Scott Bell. Desde então, nenhuma notícia oficial além dos rumores sobre um retorno como SUV ou sedã elétrico – justamente o que o público desse tipo de carro mais rejeita.

Quando a General Motors despertou para o mercado de pony cars lançando o Camaro, em 1966, a Ford já havia vendido cerca de 1 milhão de unidades do Mustang, revelado em 17 de abril de 1964 na World’s Fair, em Nova York. 

Nos anos seguintes, um respondia à provocação do outro com motores mais potentes e versões icônicas, como a GT500 do Mustang e a Z/28 do Camaro. Até que a crise do petróleo no alvorecer dos anos 1970 capou a virilidade de ambos.

Entraram no século XXI tomando rumos distintos. Aos 35 anos, o Camaro desistiu da briga e se aposentou. O Mustang seguiu em frente e em 2005 chegou à quinta geração; quatro anos depois, rompeu a barreira de nove milhões de unidades produzidas.

Após recorrer ao governo de Barack Obama para evitar a falência, a General Motors se reorganizou e relançou o Camaro, cuja quinta encarnação marcou a estreia oficial do modelo no Brasil, no fim de 2010 – quase oito anos antes do Mustang, portanto.

Quando finalmente adotou uma plataforma (emprestada da Cadillac) à altura do arquirrival, o Camaro desistiu novamente da briga. Naquele ano, foram 672 unidades do Ford ante 129 do Chevrolet.

Na sétima geração, o Mustang dá aulas de resistência à eletrificação e conexão com o entusiasta.

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